Higino Barros
O símbolo do Cpers/ Sindicato, usado nas eleições para a entidade e realizadas nessa terça e quarta feira, 27 e 28 de junho, é um sino empunhado por mãos unidas, representando a unidade da categoria. Essa união, no entanto, tem sido apenas simbólica. Na prática, os professores gaúchos chegam ao pleito com seus representantes divididos, fragmentados e enfraquecidos diante do inimigo comum, o governo estadual.
Será vencedor a chapa que fizer acima de 35% dos votos do primeiro turno. Caso nenhuma chapa alcance esse número será realizado segundo turno, em data a ser definida. Quem ganhar as eleições para o triênio 2017-2020 terá uma tarefa hercúlea. Apaziguar as disputas internas políticas entre as correntes que administram a entidade, continuar o enfrentamento ao governo Sartori e sinalizar mudanças há muito aguardadas pelo corpo docente da rede estadual de ensino.
A entidade classista dos professores é o maior sindicato gaúcho. Estão aptos a votar cerca de 85 mil associados. O mais numeroso, o que mais arrecada (R$ 1.967.375,87, de janeiro a novembro de 2016) e o mais conhecido pela sociedade gaúcha. Nos últimos anos, agregou a esses atributos o que mais faz greve, o que mais é atacado pelos governo estaduais e o que é mais demonizado pelos veículos de Comunicação do Estado.
Não há dúvida que a situação dos professores, do quadro de funcionários e por conseguinte, dos alunos e pais dos estudantes, foi se agravando com a conquista do governo do Estado por partidos de política liberais. Neles, o funcionalismo público, e em especial o magistério, passou a ser visto como peça secundária nas prioridades de gestão.
O governo Temer, comprometido com uma pauta privatizante, agravou ainda mais a situação para os professores. Assim, o cenário é desafiador para todos, eleitores e eleitos. Com muitas divergências entre si, mas unidos em uma causa comum: tornar o professorado e o ensino público gaúcho vanguarda e protagonista da história, como foi em passado não tão distante.
Quem concorre
Quatro chapas concorrem à diretoria central para o triênio 2017- 2020. Há também eleição para as diretorias dos 42 Núcleos do Cpers. Para a diretoria central disputam:
Chapa 1, “A categoria em primeiro lugar- Unida para a Vitória-Oposição”, tendo à frente a professora Rejane Silva de Oliveira.
Chapa 2, “Cpers unido e forte”, liderada pela professora Helenir Aguiar Schürer , que concorre à reeleição.
Chapa 4, “Construção pela Base- por um Cpers organizado pela base e de luta pelo socialismo”, encabeçada pelo professor Lucas Cortozi Berton.
Chapa 5, “Lutar sempre”, liderada pela professora Tânia Mara Magalhães Freitas.
A chapa 1, é fruto de acordo entre o bloco MLS/DL/CEDS e bloco CS/MAIS/Alicerce/MES e tem vínculos com a CSP- Conlutas. Postula ser o grupo mais opocisionista na eleição.
A chapa 2 é formada por blocos ligados à CUT e CTB e embora alegue não ter vínculo partidário, grande parte de seus representantes são ligados ao PT. As chapas 4 e 5 têm protagonismo menor no pleito e alegam não ter vinculação com nenhum partido político.
Greve, um capítulo à parte
As greves do Cpers são um capítulo à parte na existência da população gaúcha que se serve do ensino público estadual. O sindicato comandou paralisações históricas no Rio Grande do Sul. Que se confundem com a trajetória da resistência à ditadura e com o processo de redemocratização do País. Mas que acima de tudo obtiveram e garantiram direitos e conquistas para a categoria, fruto de mobilizações, de pressão no Governo e na Assembleia Legislativa
Na atualidade, essas paralisações não produzem o resultado pretendido, desgasta a categoria frente à opinião pública, divide colegas de profissão, mas é visto como a única saída possível, por seus dirigentes, no enfrentamento a sucessivos governos estaduais. As greves, em geral, são realizadas por cerca de 10% do quadro do magistério, de um total de 90 mil professores e funcionários.
As razões para que os representantes dos professores lancem mão à greve são mais do que justas e algumas históricas. Todas as chapas que disputam as atuais eleições coincidem nas suas justificativas. Consideram a greve um recurso legítimo e legal para a obtenção de suas reivindicações e lutas. Ao longo do tempo tem sido essa a opção mais constante e a história tem demonstrado que mesmo não tendo a eficácia do passado, ela ainda é o recurso de maior repercussão junto ao governantes e à sociedade.
ENTREVISTA
O que representam as chapas e o que pensam seus candidatos
Para saber o que representam as principais chapas à eleições do Cpers/Sindicato, o JÁ Porto Alegre, enviou um questionário a seus líderes. A representante da Chapa 5 não foi ouvida por concentrar sua campanha nas eleições dos Núcleos. A professora Neida Oliveira, liderança da chapa 3 que optou por disputar apenas os Núcleos mais históricos, foi ouvida por sua representatividade no sindicato.
Respostas da professora Rejane de Oliveira- Chapa 1

O que caracteriza a chapa 1? Por quais forças ela é formada?
A Chapa 1 A Categoria em 1º Lugar! Unida para Lutar – Oposição é resultado de um esforço de unidade entre CSP CONLUTAS, INTERSINDICAL e outras organizações. Estamos juntos para fazer a luta contra qualquer governo que ataque a categoria, com autonomia e independência em relação a governos e partidos, que é como todo sindicato deve ser. Nossa chapa é formada por reconhecidos lutadores do CPERS, que já estiveram, em outras oportunidades, na Direção Central do Sindicato. Temos experiência em armar a luta, fazer o combate e derrotar os governos. Somos a chapa de oposição à atual Direção Central.
Houve conversações com os componentes de outros grupos de oposição para a formação de uma frente para disputar a eleição do Cpers. Foram conversações demoradas, mas enfim concluídas em acordo. O bloco da CS, no entanto, ficou de fora dele. Como avalia o fato?
A CS optou por disputar as eleições em alguns núcleos do CPERS e não estar na Direção Central. Em vários desses núcleos, contamos com o apoio das companheiras e companheiros da CS. Estaremos, cada vez mais, buscando a unidade de toda a categoria.
Qual a avaliação que a chapa 1 faz da atual direção do Cpers?
Os três anos da gestão atual do CPERS foram catastróficos para a categoria. Tivemos uma Direção fraca, que não disputou a versão do CPERS junto à sociedade, que não fez uma luta adequada contra o Governo Sartori. A Direção ainda freou a luta quando, na Assembleia Geral do dia 11 de setembro de 2015, nos impediu de seguir em greve e combater o Governo Sartori. Foi a primeira vez na história do CPERS que uma Assembleia teve seu resultado desrespeitado por uma Direção. Foram três anos de perda de direitos, salários congelados e parcelados mês a mês, 13º parcelado, Plano de Carreira ameaçado, aumento na alíquota de contribuição do IPE. Os trabalhadores em educação sofreram: contas atrasadas, desrespeito com a nossa profissão, perseguição política a educadores dentro de sala de aula. A Direção Central não teve capacidade de combater esses ataques. Isso colocou a categoria em um cenário muito difícil. A conjuntura do RS e do Brasil pede sindicatos combativos, que armem a luta e protejam seus colegas das retiradas de direitos que estamos passando. É urgente que o CPERS volta a ser o Sindicato de luta que já foi, que faça a frente e a retaguarda na luta dos trabalhadores. Nós, da Chapa 1, estamos prontos para essa tarefa de reconstruir o CPERS e devolvê-lo para as mãos da categoria.
Quais as metas e projetos da chapa para o Cpers?
Nós temos um projeto para o CPERS: retomar os direitos que perdemos com o Governo Sartori e alcançarmos outras vitórias para categoria e para a educação no RS. Além de garantir nossos salários pagos integralmente a cada final do mês – e lutar pelo reajuste -, iremos, com muita coragem, resgatar a luta histórica pelo Piso Nacional. É um desrespeito os educadores do RS terem o salário mais baixo do Brasil! Queremos que os funcionários de escola sejam valorizados e que tenham direito ao Piso, que os contratados sejam respeitados, com a garantia do seu emprego, com os direitos na CLT, assim como queremos a valorização dos aposentados e a aposentadoria especial para as especialistas. A defesa dos direitos da categoria passa por garantir que nosso Plano de Carreira não seja modificado. Queremos o IPE público, mas que atenda às necessidades da nossa categoria. Hoje o IPE está sucateado, não tem atendimento médico, as consultas têm cobrança extra para nos atender. A categoria precisa voltar a ser protagonista de uma educação 100% pública e de qualidade, com escolas que tenham mais recursos para receberem bem nossos alunos e para que eles possam ter acesso a melhor educação: a que forma verdadeiros cidadãos, com pensamentos críticos, com liberdade, com capacidade de crescerem em um mundo mais justo e com oportunidades para todos!
Algo mais ?
Gostaria de dizer às nossas colegas de Sindicato que estamos para escolhermos entre dois caminhos para o CPERS: viver a situação que estamos vivendo hoje e ficar como está ou viver um outro momento, de força, coragem e vitórias. Vocês conhecem a Chapa 1 A Categoria em 1º Lugar! Unida para Lutar – Oposição de outras gestões em que estivemos juntos e conseguimos barrar os ataques dos governos. Contamos com o apoio de vocês para que, a partir desta eleição, estejamos à frente do CPERS, colocando nosso Sindicato nos trilhos da luta e da coragem de enfrentar os governos que atacam nossos direitos.
Respostas da professora Helenir Aguiar Schürer- Chapa 2

A senhora é candidata à reeleição. Quais são os blocos e grupos que compõem a chapa encabeçada pela senhora?
A nossa chapa é composta por diversas forças dentro do Sindicato, além de educadoras e educadores que não pertencem a uma ou outra força. São independentes e se somam à construção pois acreditam no nosso trabalho.
Qual é o balanço que a senhora faz da sua gestão?
O balanço da nossa gestão já foi avaliado positivamente no IX Congresso Estadual do CPERS, em junho de 2016. Na ocasião, mais de 68% dos 2 mil congressistas aprovaram a condução da luta sindical pela direção central. Apesar da conjuntura estadual e nacional mais difícil das últimas décadas, caminhamos juntos com a categoria e fizemos história. Voltamos a encher a gigantinho com a maior assembleia em 20 anos. Também fizemos a maior greve em 25 anos e realizamos ações inéditas, como a ocupação do Centro Administrativo Fernando Ferrari, que resultou na garantia do difícil acesso (que beneficia 69% dos educadores) e o bloqueio do acesso à Assembleia Legislativa.
Também cumprimos o compromisso de dar protagonismo à categoria e valorizar o elemento pedagógico, criando um departamento exclusivo para tratar de temas educacionais. Como resultado, foram realizadas duas grandes mostras pedagógicas com as melhores práticas da escola pública gaúcha, incluindo rodadas regionais e a oportunidade de apresentar os projetos fora do país.
Retomamos instâncias de diálogo abandonadas em gestões anteriores, como os encontros regionais e estaduais de aposentados e funcionários. Criamos espaços novos para a construção d políticas de gênero, diversidade, juventude e etnias.
Para os nossos funcionários a grande vitória foi a aprovação do PL 155, que incluiu todos no plano de carreira, uma luta que já durava dez anos. Também é importante destacar a transparência e o zelo com os recursos dos associados. Quando assumimos o CPERS, o sindicato devia quase R$ 400 mil no cheque especial. Hoje as contas estão saneadas. Por fim, fomos protagonistas do Movimento Unificado dos Servidores, uma articulação inédita entre todos o funcionalismo do RS, colocando mais de 50 mil na rua e fortalecendo a resistência frente aos ataques do Governo Sartori.
3) Representantes das chapas 1 e 3 fazem críticas à gestão da senhora. Num documento elaborado por representantes de ambas chapas, eles afirmam:” atual direção da entidade (CUT e CTB) é responsável por um brutal retrocesso na história de lutas do CPERS, pelo abandono do classismo e da defesa da democracia operária, e que vem a cada dia enfraquecendo a categoria e facilitando os violentos ataques do Governo aos direitos dos trabalhadores”. Como responder a estas críticas?
Talvez essa crítica seja reflexo da maior assembleia dos últimos anos, coisa que não conseguiram fazer. Ou de uma greve consistente e com avanços, como foi a nossa greve, a maior dos últimos 25 anos. Ou de propostas e ações reais, como a ocupação do CAFF, o fechamento da AL e a unificação dos servidores. Você acha que essas ações demonstram fragilidade ou escancaram a incapacidade de diálogo e organização da direção anterior? Se era tão fácil, por que não conseguiram fazer? Não podemos esquecer que no governo anterior, assim que assumimos em 2014, nós tivemos condições de abrir uma mesa de negociação e aprovar um projeto que os funcionários esperavam há dez anos.
Já o atual governo não aceita diálogo e parece dormir pensando em como retirar direitos. É um momento de resistência, não apenas da nossa, mas de todas as categorias. E estamos resistindo, apesar do boicote da oposição. Desde novembro, por exemplo, estamos todas as terças-feiras, sob chuva, sol e bombas, em vigília na Praça da Matriz. Dizer que esta é uma gestão desmobilizada é um total desrespeito a todos os funcionários, aposentados, professores e especialistas que seguraram até agora o pacote de maldades de Sartori. A categoria merece respeito.
Quais são os planos da Chapa 2 para o novo triênio da direção do Cpers?
Manter a seriedade com as finanças do Sindicato, continuar a resistência contra os ataques do governo estadual e federal, fortalecer a luta pelo cumprimento da lei do piso, continuar investindo muito na questão pedagógica, na defesa intransigente dos planos de carreira, do IPE público e de qualidade, e continuar levando o sindicato com a seriedade e comprometimento que temos levado até agora.
Nesta eleição também percebemos a importância de uma grande campanha de sindicalização, pois diversos núcleos registraram uma diminuição no número de sócios. Núcleos geridos pela oposição, que são céleres em criticar a direção central, mas fizeram muito pouco naquilo que é a essência de um sindicato.
Algo mais?
Nunca foi tão importante participar. Independente da chapa apoiada, a melhor forma de mostrar para o governo a força da nossa organização é realizar a maior eleição da história do Sindicato. Por fim, queremos pedir um voto de confiança para a Chapa 2, nos núcleos e na direção central.
Respostas da professora Neida Oliveira – Chapa 3

Porque a chapa 3 não disputa a direção central e só apenas as dos núcleos, nas eleições do CPERS?
Desde 2013, ainda durante o último ano de gestão que participávamos, concluímos um debate que durante esta última década de atuação no CPERS, a nossa corrente vinha fazendo. Este debate leva em consideração as condições de vida dos profissionais da educação (falta de perspectiva profissional), cansaço e envelhecimento da vanguarda, burocratização dos quadros políticos do movimento sindical em geral (estruturas sindicais favoráveis à acomodação nos aparelhos, levando a disputa pelos cargos e à projeção política que os mesmos proporcionam as últimas consequências.
Tudo isso somado ao refluxo das lutas e a perda das referências classistas por parte das novas gerações, fez com que o nosso sindicato fosse perdendo força e deixasse de ser visto pela base como um instrumento de luta democrático e capaz de defender a educação pública e os educadores de forma eficaz.
Assim, passamos a defender um programa para revolucionar a estrutura administrativa e política do sindicato! Ele pode ser consultado em documento que colocamos à disposição dos interessados.
Houve negociações com outros blocos de oposição à atual diretoria, mas não houve acordo. O que aconteceu?
Participamos de poucas reuniões, mas por opção da nossa própria corrente. As nossas razões para não participar se deram, em primeiro lugar, porque não conseguimos criar durante todo o período desta atual gestão nenhum canal de debate político saudável para atuar unitariamente como oposição.
Depois, também porque não tinha sentido fazer reuniões única e exclusivamente para debater a divisão de cargos. Ora, se defendemos um programa totalmente oposto ao de construir acordos de cúpula para dirigir o aparelho, que razão teríamos para tanto?
Se os blocos tivessem firmado um acordo, não seria maior a possibilidade de derrotar a atual direção?
Talvez sim! E este foi o sentimento criado na vanguarda valorosa que tem por longos anos sustentado as mobilizações do CPERS. Mas esta nunca foi a lógica das composições construídas com a participação da Construção Socialista. Quando defendemos uma chapa para disputar eleições num sindicato temos que apresentar um programa e uma unidade política capazes de ganhar a confiança da base, mas também com capacidade para se constituir como uma verdadeira direção.
Qual a visão que a chapa 3 tem sobre a atual direção do Cpers?
A atual diretoria do CPERS constituiu uma hegemonia política, no campo partidário e sindical e isto tem lavado a uma constante confusão na condução do Sindicato. Primeiro porque defende um projeto político e sindical que está em questionamento no seio da classe trabalhadora, pois durante todos estes anos de defesa de um projeto de conciliação de classes sustentados não só pelos seu partidos, mas também pelas principais organizações sindicais, não conseguiram mais galgar a confiança da classe trabalhadora. Diante desta realidade para manter a defesa desta política, fecham os espaços democráticos do Sindicato e transformam todos os que pensam diferente e que tentam construir novas ferramentas de lutas e políticas em seus verdadeiros inimigos. Na maioria das vezes conseguem ser mais condescendentes com os que estão do outro lado da trincheira do que com os seus aliados de classe.
Quem se mantém brigando pela hegemonia está fadado ao fracasso, pois somente com a pluralidade é possível construir síntese.
De qualquer maneira, qualquer uma das composições que vencer a eleição terá, nas Diretorias eleitas pelas chapas 3: UNID@S Pra Lutar, uma oposição consequente.
O que tem de ser feito no Cpers?
As mudanças precisam acontecer pela base organizada, os núcleos devem assumir o seu papel protagonista de ser o espaço radicalmente democrático e de organização das lutas. Não podem continuar sendo sufocados e reféns do campo que ganhar a diretoria central. Neste sentido, entendemos que o conjunto das chapas 3, que se organizaram para defender um programa de questionamento aos grupos que não medem as consequências para controlar o aparelho do CPERS, terão um papel fundamental nos próximos anos.
Algo mais?
Sim, estou otimista com o futuro do CPERS. Os jovens educadores que estão se conectando com a história de luta do nosso Sindicato – temos vários deles integrando as chapas dos núcleos- junto com a velha guarda farão a revolução necessária. Os grupos que colocam os seus projetos pessoais, ou das suas correntes acima da luta da classe trabalhadora, não sobreviverão para sempre.
Por fim, se é verdade que a conjuntura política está difícil, também é verdade que o 8 de março ocorrido em mais de 50 países e tendo as mulheres como protagonistas, o 15 de março, a greve geral do 28 de abril e o Ocupa Brasília , no dia 24 de maio, nos animam. A nossa corrente está jogada para construir a mais ampla unidade de ação com todos os que querem derrubar Temer e impedir as reformas dos patrões.
Respostas do professor Lucas Berton- Chapa 4

Como a chapa 4 avalia as eleições no CPERS e as demais chapas e candidaturas
Todas as outras chapas (1, 2 e 5) já estiveram na direção do CPERS. Antes de 2008 estiveram, inclusive, em direções conjuntas. Estas gestões apenas aprofundaram o afastamento do CPERS da categoria e a burocratização sindical. O sindicalismo que defendem são variantes do sindicalismo da CUT. Houve falta de transparência nas finanças em todas elas. Em função de não poderem jogar luz sobre os verdadeiros problemas que afligem a categoria e o funcionamento do nosso sindicato, reproduzem muitas das práticas das eleições gerais, as quais deveríamos extirpar do nosso meio. O nível do debate acaba se rebaixando para picuinhas, como pode ser visto nas redes sociais. A propaganda eleitoral destas chapas seguem as mesmas táticas de marketing eleitoral, o que esvaziam o conteúdo do debate. Nós, da chapa 4, temos nos pautado pelo debate de programa, de método e de teoria, procurando manter o alto nível político e respondendo as outras chapas na medida em que vemos distorções grosseiras e a degeneração das discussões. Nosso papel nestas eleições é apresentar outro caminho, embasado em outro programa. Levantamos questionamentos sobre novas formas de organizar as assembleias gerais, a prestação de contas, a luta contra a burocratização sindical e outros temas, mas ficamos sem respostas.
Em que a chapa 4 se difere das outras que se apresentam como oposição? Ela está vinculada a algum bloco político ou central sindical?
A nossa oposição apresenta outro programa em todas as questões centrais que envolvem a organização e a política a ser seguida pelo CPERS. Nos pautamos pelo classismo. Defendemos um sindicato desatrelado do Estado, organizado pela base, com democracia direta, tendo política para todos os seus setores (com destaque aqueles mais precarizados, como os educadores contratados) e um especial respeito às decisões de assembleia. Não queremos tolerar sócios que ocupam cargos na alta cúpula da secretaria de educação, tal como fazem todas as outras chapas. Não participamos de conchavos no Conselho Geral para defender uma política “unificada” nas assembleias, nem defendemos o Plano Nacional de Educação (PNE), que foi elaborado pelo governo Dilma a mando do Banco Mundial e é a matriz de todos os planos de desmonte da educação pública (“Reformas do Ensino Médio”, PL44, OSs na escola pública e destruição dos planos de carreiras). Todas as chapas desta eleição defendem a CNTE, que é o braço educacional da CUT. Nossa chapa não está vinculada a nenhum bloco político de partidos institucionalizados e nenhuma central sindical. Isso não significa que sejamos contra a organização política (partidos) e as centrais sindicais, mas os que existem não nos representam, pois acabam reproduzindo os mesmos desvios do PT e da CUT, de uma forma ou outra.
O modelo de enfrentamento aos governos estaduais, baseado em greves com baixa adesão da categoria, se esgotou ou ainda é válido?
As greves são um método de luta privilegiado. Tudo o que conquistamos de benefício aos trabalhadores foram arrancados dos governos e dos patrões com muitas greves, sangue e suor. Reconhecemos que há um desgaste das greves do magistério estadual; não pelas greves em si, mas pelo uso equivocado, demagógico e burocrático de sucessivas direções do CPERS, reféns voluntários da burocratização sindical. O afastamento do CPERS das suas bases levou à deflagração de greves mecânicas, de cima pra baixo, desprovida de compreensão e adesão. Achamos que as greves ainda são válidas, mas precisam passar por uma radical reformulação e levar em consideração os seguintes critérios: antes de deflagrarmos uma greve é necessário uma grande mobilização, analisar o ânimo dos trabalhadores, a correlação de forças, que a base compreenda, domine e ajude a construir as palavras de ordens e as reivindicações; que tenhamos possibilidade real de enfrentar os governos, para colocá-los contra a parede, tencionando-os realmente. É preciso envolver as comunidades escolares, numa perspectiva de greves para além da questão salarial, utilizando redes e mídias sociais. A luta grevista deve ser precedida e vinculada a uma luta ideológica. As greves burocráticas, que não levam em conta a realidade, apenas desgastam a ideia de greve e ajudam o governo a ganhar terreno.
Quais os planos e projetos da chapa 4 para a gestão do Cpers?
Nossa proposta para o CPERS resume-se da seguinte forma: organização por local de trabalho, soberania das bases, desatrelamento do Estado, combate à burocratização sindical, política de formação teórica e sindical, democratização das instâncias do sindicato (assembleias gerais, de núcleo, do conselho fiscal, dos meios de comunicação – jornal, site, redes sociais), retomada da política de debates pedagógicos e educacionais para apresentarmos nossas propostas de educação à sociedade, defesa dos direitos dos trabalhadores (plano de carreira, concurso público, direito ao trabalho), bem como uma política de isonomia aos educadores contratados, luta sem quartel aos governos que servem ao grande capital e que querem destruir a educação pública.
Algo mais?
Somos uma chapa formada por educadores do chão da escola, sem liberação sindical, que nunca estiveram na direção do CPERS. Queremos combater o afastamento do CPERS da sua base, propor um novo programa e uma mudança radical na forma de organizar o nosso sindicato. Fazemos campanha nas nossas horas livres do trabalho e não contamos com o apoio milionário dos partidos institucionalizados e das centrais sindicais. Compreendemos que o CPERS é nosso e devemos toma-lo pela base. Queremos mostrar um caminho alternativo para os educadores e a necessidade.
CPERS: quatro chapas disputam comando do maior sindicato gaúcho
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