Tânia Meinerz
Qual o ouvido que não despertou ao captar a sonoridade da voz grave ou das cordas buliçosas do violão do professor Darcy?
Foi assim quando o vi pela primeira vez, lá por 2005, sob a gradação da luz do antigo bar São Jorge e o Dragão, que ficava na rua Sofia Veloso, em Porto Alegre.
Ele era convidado das Rodas de Violão, abertas para quem quisesse cantar, tocar ou simplesmente se entregar à audição prazerosa.
Havia ainda outro atrativo: tal como uma lenda viva, os jovens queriam escutar seus relatos sobre a parceria com Lupicínio Rodrigues e outras graças da vida seresteira.
Quando nos apresentaram, ele usou do galanteio próprio com as moças.
Quem diria que anos depois eu iria fotografá-lo!
Imagens do olhar melancólico, o cigarro na boca, anotações em partituras marcadas pelo tempo e o instrumento preferido – todas valeram para retratar o boêmio no livro “Darcy Alves – Vida nas cordas do violão“, escrito por Paulo César Teixeira, que tão bem conta as histórias da vida do músico.
A sessão de fotos para ilustrar a obra é minha evocação preferida dos dias junto ao professor.
Em noitinha de julho de 2010, nos encontramos na casa de uma amiga especial. Levei acessórios de iluminação, ergui o fundo escuro e começamos a brincadeira. Um tantinho de vaidade e muito riso ajudaram no resultado.
Três cenas, em sequência, abrem a biografia e também estampam a parede principal do Bar Parangolé, espaço fiel para as últimas apresentações do nosso querido violonista.
Hoje, dia de despedida, estou a imaginar um chorinho com a flauta do Plauto Cruz e o pandeiro do Valtinho, com a canja do Sabiá no sax e Rafael no bandoneon.
Foram mais de 80 anos de boa música! Obrigada, professor, por nos embalar nas suas cantorias.
* O “professor” Darcy Alves faleceu no dia 19 de março, vítima de complicações por um AVC sofrido em 2013 que o afastou da vida boêmia. Ele completaria 83 no próximo sábado, 21.
Retratos do professor
Abaixo, publicamos outros cliques da fotógrafa Tânia Meinerz ao longo dos anos em que conviveu com o músico Darcy Alves.
Darcy Alves, o vozeirão e as mãos silenciam
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