Helen Lopes
Em dezembro, a Câmara realizou uma audiência pública para marcar os 200 anos. Os vereadores saíram zonzos com tantas reclamações. Na tribuna, freqüentadores se revezavam para denunciar o descaso dos próprios usuários e do poder público. Insegurança, sujeira, tráfico de drogas, falta de drenagem, som alto e depredação do patrimônio histórico são alguns dos problemas enfrentados.
Para piorar a situação são no mínimo nove secretarias interagindo dentro do parque. Administração, limpeza e preservação são por conta do Meio Ambiente, mas para trocar uma lâmpada precisa chamar a Smov. Já a limpeza dos banheiros é com o DMLU.
A Secretaria de Esportes dirige o Ramiro Souto e a da Cultura, o Araújo Vianna. Os guardas municipais cuidam do parque, mas quem comanda é a Secretaria de Segurança. Tem ainda a pasta de Indústria e Comércio regulando os vendedores e permissionários. E para atender aos sem-teto, deve-se dirigir à Fasc. Sem falar na prostituição homossexual e no tráfico de drogas: aí é com a Brigada Militar.
Na avaliação do conselheiro do parque Roberto Jakubasko, são poucos funcionários para dar conta da limpeza. Onze servidores fazem a manutenção diária, auxiliados por 13 albergados do sistema prisional. O lixo orgânico recolhido vira adubo. “Por isso os montes de folhas espalhados nos gramados”, explica a administradora Sonia Roland.
Ela admite que alguns recantos necessitam mais cuidado, como o Alpino, que virou depósito de lixo. “Tivemos que soldar a grade para as pessoas não entrarem e, agora, a cada limpeza, é preciso abrir novamente” , conta a funcionária que trabalha há 13 anos na Redenção e que em novembro assumiu a gerência.
Para o secretário de Meio Ambiente, Beto Moesch, o que falta é conscientização: “Apenas em 2007, foram instaladas mais de 50 lixeiras”. O capataz do parque Elvando Lopes aponta que a grama plantada não tem tempo de crescer pois é pisoteada no mesmo dia da reposição. “Pensamos em colocar avisos, mas não sei se funcionaria”.
Câmeras não impedem vandalismo
Desde o ano passado, o parque conta com quatro agentes municipais 12 horas por dia. No balanço da Secretaria de Segurança, o programa está evitando assaltos e pequenos delitos, como depredação do patrimônio. Mas nem as duas câmeras instaladas nas proximidades do Monumento Expedicionário impediram a pichação da obra ou o roubo do chapéu da estátua de Santos Dumont.
O usuário Clark Camargo, que mora há 27 anos na região, diz que não vê os guardas municipais. “Estou aqui todos os dias e o policiamento é insuficiente”.
Outra queixa é o som alto dos eventos e do Café do Lago. Maria da Graça. vice-presidente da Associação dos Moradores do Bairro Farroupilha, luta há mais de 18 contra o barulho no parque. “Conseguimos a proibição total para os sábados e aos domingos somente a partir das 10h”, comemora. A crítica agora é contra o Café do Lago: “A música vai até altas horas. O bar deve existir, mas em harmonia com o entorno”, entende a moradora.
Briga pela contrapartida
A principal reivindicação do Conselho de Usuários é a obrigatoriedade de contrapartida para realização de eventos no parque. “Quem faz alguma coisa aqui, precisa contribuir para a preservação”, entende Jacubasko. Opinião compartilhada pelo secretário municipal do Ambiente, Beto Moesch, que desde que assumiu a pasta, reduziu pela metade os eventos no parque. Mas a tarefa não é fácil. Algumas autorizações chegavam direto do Paço Municipal. “Estamos mudando essa pratica e todas as atividades dão contrapartida”, garante.
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