Desemprego não deve cair até 2019, diz especialista

A taxa atual de desemprego, que está em 11,3% na Região Metropolitana de Porto Alegre, deve se manter estável nos próximos dois anos. É a previsão de Lúcia dos Santos Garcia, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e coordenadora nacional da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). “É um quadro persistente de alta no número de desemprego. Nas atuais condições políticas instáveis e de recessão econômica não há como haver reversão no desemprego em menos de dois anos”, diz Lúcia.
Ela explica que a elevação do desemprego começa no final de 2014, após as eleições. Foi gerado um clima de instabilidade logo no começo do governo Dilma que travou a economia. “O impacto no emprego foi forte, principalmente na indústria e construção, uma das bases da nossa força de trabalho. Agora, vivemos uma segunda onda de desemprego, um ciclo que atinge em cheio os trabalhadores do setor de serviços e comércio. Torna-se um ciclo vicioso, quase sem condições de retração em curto período”, fala.
O quadro faz cair a renda nacional, causando outros problemas. “O desemprego impacta na autoestima do trabalhador, além de tudo”, lamenta a pesquisadora. “Somente uma estabilidade política e retomada de crescimento econômico, recuperação não apenas de postos perdidos, mas a criação de novos postos de trabalho e uma guinada conjunta entre o poder público e privado, que não vemos hoje, pode nos levar a um patamar melhor”, explica Lucia.
Reformas impactarão negativamente na Região Metropolitana
Lúcia aponta que o atual cenário é preocupante na região metropolitana da Capital Gaúcha, onde a remuneração é historicamente baixa e nos dois últimos anos caiu 14%.
“Ao olharmos os gráficos desde 1992, quando a pesquisa de desemprego foi instituída em Porto Alegre pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), percebe-se que perdemos ocupação com muita facilidade nas crises e recuperamos ocupação com enorme dificuldade na expansão. Nós temos um grave problema, há grande número de servidores públicos e é muito difícil gerar novos empregos na região metropolitana”.
Para a economista, outro fator também é preocupante no cenário do mercado de trabalho da Região, o rendimento está enclausurado a um mesmo nível nestas últimas décadas. “Nosso patamar de renda é o mesmo desde 1993. Somos uma região de remuneração extremamente baixa”. Em função dessas características, dificuldade em gerar emprego e baixa remuneração, Lúcia entende que não há perspectiva de melhora brevemente. “Só vemos surgir postos de trabalho em situações de baixa renda, como trabalhadores autônomos e empregos domésticos”.
Lúcia também lembra que as reformas propostas pelo governo Temer terão forte impacto na Região Metropolitana de Porto Alegre. “Temos aqui forte presença de servidores públicos, por exemplo, que serão afetados na reforma previdenciária. E na trabalhista, as pessoas estão demorando a perceber a perversidade que existe. Há um processo de enfraquecimento dos sindicatos, com um possível corte da contribuição sindical. Junto a isso, há uma valorização do acordo direto de trabalho entre empregado e empregador. Num momento de crise, os empresários estarão com todas as cartas. Sindicatos enfraquecidos não conseguirão negociar melhores salários e melhores condições aos trabalhadores, que sem garantia na Lei certamente perderão”.

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