Eleições 1989: Ulysses Guimarães, o senhor Diretas, foi abandonado na estrada

Em 1989, a primeira eleição direta para presidente após o golpe de Estado de 1964 se deu num clima de euforia, principalmente entre os que lutaram contra a ditadura militar.
Os dois maiores partidos, PMDB e PFL, que somavam mais de 350 parlamentares no Congresso Nacional se uniram numa chapa, quer tinha à frente o nome mais emblemático da oposição ao regime militar: o deputado Ulysses Guimarães, apelidado Senhor Diretas por sua luta pela volta do voto popular, presidente do Congresso que fez a Constituição democrática de 1988.
Além disso, pela maioria que tinham os dois partidos da aliança, Ulysses tinha o maior tempo no horário eleitoral no rádio e na TV, iniciado no dia 15 de setembro, sem a censura. Juntos, ele e seu vice, Aureliano Chaves, somavam 38 minutos na televisão, diariamente.
Só ele, Ulysses tinha 22 minutos diários mais do que o dobro dos dez minutos reservados ao ex-governador de Alagoas e candidato pelo PRN (em coligação com PTR, PST e PSC), Fernando Collor de Mello, o caçador dos “marajás” que viria a ocupar a Presidência da República.
A decepção dos peemedebistas históricos com o resultado da votação no primeiro turno foi tremenda: Ulysses recebeu pouco mais de 4% dos votos.
Ele terminou em sétimo lugar, na última colocação dos principais candidatos, entre as 22 chapas que participaram da disputa.
A derrocada foi atribuida ao fracasso do Plano Cruzado, que tentou conter a inflação galopante, e o desgaste do governo de José Sarney, que assumiu a Presidência após a morte de Tancredo Neves, eleito presidente pelo Colégio Eleitoral em 1985.
Na verdade, a candidatura de Ulysses foi minada por vários fatores: ascensão de Collor apoiado ostensivamente pela mídia, a divisão dos votos oposicionistas com a entrada em cena de personagens como o carismático líder trabalhista Leonel Brizola (PDT),que retornara do exílio, e o ex-prefeito e senador por São Paulo Mário Covas (PSDB).
Também viu a entrada de uma nova estrela no cenário político, o metalúrgico Luíz Inácio da Silva, o Lula, oriundo do novo sindicalismo brasileiro e candidato de uma “Frente Brasil Popular” (PT, PCdoB e PSB);.
Foi Lula quem acabou chegando ao segundo turno, superando Brizola, para enfrentar Collor.
A propaganda de cada um dos três candidatos — Lula, Brizola e Covas — também teve disponível apenas a metade do tempo ocupado por Ulisses no rádio e na TV: dez minutos. O mesmo espaço receberam Paulo Maluf (PDS), Afif Domingos (PL-PDC) e Affonso Camargo (PTB).
Ex-governador de Minas Gerais e vice do último general presidente, João Figueiredo (1979-1985), Aureliano Chaves, o candidato a presidente pelo PFL, amargou um desempenho ainda pior do que o de Ulysses. Ele não alcançou 1% dos votos e foi o nono colocado.
No dia 15 de novembro de 1989, na primeira eleição para presidente desde 1960, quando os brasileiros escolheram Jânio Quadros, o tempo ocupado pelos candidatos na propaganda eleitoral gratuita não foi determinante.
O inesquecível jingle de Ulysses (Bote fé no velhinho/o velhinho é demais/Bote fé no velhinho/que ele sabe o que faz…), criticado por muitos, ficou na memória de uma geração e marcou a sua última e melancólica campanha.
Ulysses Guimarães morreu três anos depois num acidente, quando o helicóptero em que viajava caiu no mar perto de Angra dos Reis, seis dias depois de ele ter completado 76 anos. Seu corpo nunca foi encontrado..

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