Eleições de 1950: Vargas previu que seu governo não chegaria ao fim

Em julho de 1950, já em plena campanha para a eleição que, em outubro, marcaria sua volta à presidência da República, Getúlio Vargas deu uma entrevista premonitória à Folha de São Paulo.
Temia ser morto e sabia que seu governo não chegaria ao fim.
Eleito com votação consagradora, não teve trégua e foi levado ao suicídio em 24 de agosto de 1954, menos de quatro meses antes do fim do governo. Eis um trecho:
Conheço o meu povo e tenho confiança nele. Tenho plena certeza de que serei eleito, mas sei também que, pela segunda vez, não chegarei ao fim do meu governo. Até onde resistirei? Uma coisa, porém, eu lhes digo: não poderei tolerar humilhações.
Tenho 67 anos e pouco me resta de vida. Quero consagrar esse tempo ao serviço do povo e do Brasil. Quero, ao morrer, deixar um nome digno e respeitado. Não me interessa levar para o túmulo uma renegada memória.
 Procurarei, por isso mesmo, desmanchar alguns erros  da minha administração e empenhar-me-ei a fundo em fazer um governo eminentemente nacionalista.
O Brasil não conquistou ainda a sua independência econômica. Tudo farei  nesse sentido. Cuidarei de valorizar o café, de resolver o problema da eletricidade e, sobretudo, de atacar a exploração das forças internacionais. Eles poderão, ainda, arrancar-me alguma coisa, mas com muita dificuldade. Por isso mesmo serei combatido sem tréguas.
Os grupos internacionais não me atacarão de frente porque se arriscariam a ferir os sentimentos de honra e civismo do nosso povo.
Usarão outra tática. Unir-se-ão com os descontentes daqui de dentro, os eternos inimigos do povo humilde, os que não desejam a valorização do homem assalariado, nem as leis trabalhistas, menos ainda a legislação sobre lucros extraordinários.
Subvencionarão brasileiros inescrupulosos, seduzirão ingênuos inocentes. E, em nome de um falso idealismo e de uma falsa moralidade, dizendo atacar sórdido ambiente corrupto que eles mesmos de longa data vem criando, procurarão, atingindo minha pessoa e o meu governo, evitar a libertação nacional (…) Terei de lutar, se não me matarem”.
(Transcrito do Livro “Finanças Públicas”, do professor Orion Herter Cabral).

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