Eles querem público


O primeiro videoclipe da Pública despertarou interesse das gravadoras do centro do país (Foto: Divulgação/JÁ)

Naira Hofmeister

Em atividade desde 2001 no circuito alternativo de Porto Alegre, a Banda Pública começa a ensaiar os passos para a fama, com o lançamento do primeiro álbum, “Polaris”, pelo selo Mondo 77, de São Paulo.

A história começa no Bom Fim, entre as ruas Fernandes Vieira e a Tomaz Flores, onde moram o guitarrista Pedro Metz e o pianista João Amaro, fundadores da Pública. Ao longo da trajetória da banda, se incorporaram o guitarrista, Guri Assis Brasil, o baterista Cachaça e, finalmente, o baixista Guilherme Almeida, que entrou para a turma em 2005.

“A banda sempre teve um compromisso de trabalhar sério, de ter uma carreira de músico, mais objetivamente de músico da Pública”, ressalta Metz. Com as metas traçadas, eles começaram a investir na profissionalização: em março de 2005 gravaram um EP, ou Extended Play, um disco que não é tão curto como um Single, que tem entre duas ou quatro músicas, e nem não longo para ser um álbum de fato.

Desse trabalho, surgiu o primeiro videoclipe da Pública, “Bicicleta”, lançado logo em seguida. Com as veiculações na MTV e em programas da TV local, não demorou até despertarem o interesse das gravadoras do centro do país: o lançamento do segundo clipe da Pública, num show na casa noturna Ox, no início de julho, marcou a assinatura do contrato com a Mondo 77. “Eles tinham adorado nosso som e o clipe, mas queriam nos ver no palco para bater o martelo”, lembra Guri.

Um pé no Bom Fim, outro na Indústria Cultural


Na Lancheria do Parque, eles dizem que sua meta é São Paulo
(Foto: Naira Hofmeister/JÁ)

Agora, entre um e outro sanduíche na Lancheria do Parque, eles sonham com o futuro. “São Paulo é uma meta, com certeza”, acredita Guri. Pedro Metz complementa. “O mercado do Sul também é difícil, mesmo porque não somos uma banda que tenha uma peculiaridade, uma semelhança com as coisas que foram feitas no rock gaúcho, então é natural que a gente procure as grandes cidades”.

Eles querem seguir caminho semelhante à dos amigos da Cachorro Grande, que, junto com a residência em São Paulo, conquistaram também uma gravadora e muitos fãs Brasil afora. “Ficar famosos? Nunca pensamos nisso, mas é uma conseqüência, no momento em que tivermos um hit que comece a tocar na rádio”. A faixa Long Plays já circula na Internet e é a aposta de Guri para estourar.

A inserção na “Indústria Cultural” traz junto a preocupação com o visual da banda. “Depois da MTV, a imagem é algo fundamental”, acredita Metz. Mas ele faz questão de sublinhar que a inquietação estética não se sobrepõe à criação musical. “Conversamos muito sobre roupas, cabelos, temos estilos semelhantes, mas é muito mais pela convivência e preferências musicais do que algo forçado”.

Além do mais, Pedro considera que esse pode ser um dos caminhos para a banda ficar mais conhecida: “Se interessar apenas pela imagem é muito vazio e nossas músicas não são difíceis de assimilar. É uma porta de entrada”, resume.

Arte de garagem


“Nossas melodias são impensáveis sem um piano”, diz Metz. (Foto: Divulgação/JÁ)

Ainda transitando no circuito independente, a Pública se destaca pela preocupação artística, que existe desde a gênese do conjunto. “Já começamos com músicas próprias, nunca fizemos cover, nosso trabalho é bastante autoral”, define Pedro Metz, que compõe a maioria das letras da banda.

A melodia é dividida entre Metz, Guri e Amaro e a harmonia é composta em conjunto. No CD, as gravações de Amaro foram feitas no piano de cauda da Ospa, substituído no palco por um Teclado Fender Rhode de 88 teclas, vedete dos músicos.

“Tu tem que ter diferenciais e esse é um dos nossos. Nossas melodias são impensáveis sem um piano, pois é um instrumento muito rico. Nosso teclado tá estouradão mas o som continua excelente”, diz, orgulhoso, Metz.

O preciosismo musical é, na opinião de Metz, o que os distingue das demais bandas locais. “As melodias chamam bastante atenção, são bonitas e transitam entre arranjos caóticos e outros mais certinhos”.

A característica, aliás, foi responsável por um período de rejeição da Pública na cena local. “No começo a banda era mal vista no underground, porque as melodias são bonitas e as letras falam de amor”, recorda Pedro. Com o passar do tempo, veio o amadurecimento e a consolidação do estilo. “Hoje, muitos músicos freqüentam nossos shows”, agradece Guri.

Na hora das apresentações, eles gostam de brincar com o público, instigar e modificar as composições. “Às vezes mudamos uma parte da música, inserimos ou tiramos elementos ou criamos um final diferente, instrumental, por exemplo”, revela Guri.

O som da Pública é claramente influenciado pelo rock contemporâneo, e segundo os guris, principalmente aquele produzido na Inglaterra por bandas como Supergrass, Radiohead e Stone Roses. Mesmo muito próximos do rock’n roll moderninho, os acordes não negam os fundadores da escola: The Beatles e The Rolling Stones encabeçam a lista de bandas presentes nas composições da Pública, ao lado de David Bowie, The Smiths, e Television.

“Cada componente traz uma característica especial para a banda: o Cachaça que sempre ouviu muito Stone Roses, Led Zeppelin, trouxe uma coisa mais indie pra banda. O Guilherme estudou jazz e o Amaro cursou regência na UFRGS”, exemplifica Guri.

Quem não conhece o som feito pelos cinco rapazes do Bom Fim, pode baixar o single com as músicas, Long Play, Precipício e Polaris nos sites: www.tramavirtual.com.br/publica e www.purevolume.com/publica.

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