Um grupo de alunos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) foi surpreendido por um homem que invadiu o recinto e anunciou o crime: “Seguinte, silêncio, não quero ninguém reagindo que isso aqui é um assalto”, avisou segundos antes de sacar um revolver preto da cintura e apontar para cerca de 20 jovens que assistiam ao trabalho de um grupo de colegas.
Eram 22h15min de 02/09, segunda-feira. O crime aconteceu na sala 312, no terceiro andar do prédio do curso de Jornalismo da instituição. As vítimas foram obrigadas a depositar dinheiro, celulares e notebooks em uma mochila que o assaltante deixou em cima de uma mesa. O estrago poderia ter sido pior. A turma estava com a metade dos alunos, pois naquele instante acontecia uma palestra no auditório da universidade. A professora e jornalista Roberta Manica, que conduzia a turma, tentou acalmar os ânimos, mas houve momentos de tensão quando um estudante tentou se negar a entregar um notebook.
Assim que roubou tudo o que podia, o bandido saiu da sala deixando instruções às vítimas e uma pontinha de racismo: “esperem 30 minutos, liguem pra polícia e digam que foram dois ‘negão’ que assaltaram vocês”. A professora Roberta Manica, que ficou com o celular, ligou para a PUCRS em consenso com os alunos. A resposta da instituição foi um segurança 10 minutos depois, achando que a história era brincadeira.
Segundo os depoimentos, o homem teria 1,70m, pele parda, vestia um moletom cinza e carregava um revolver preto calibre 38. O aluno que discutiu com o assaltante por causa do notebook jura que a arma era de brinquedo.
O fato é que o homem já perambulava livremente pelos corredores da universidade momentos antes do crime acontecer e levantava suspeitas de alunos: “Era um cara bem diferente do que estamos acostumados a ver na Famecos. Ele estava desde o inicio da aula no corredor andando de um lado pro outro”, explica uma estudante em sua página do Facebook. Ela conta que ficou desconfiada e tentou alertar a secretaria da instituição, mas desistiu devido a brincadeiras dos colegas. Se alguém abordava o sujeito ele dizia que estava “esperando o irmão”.
A faculdade de comunicação social (Famecos), assim como diversas outras unidades da PUCRS, mantém acesso livre para transeuntes, o que facilitou a ação do assaltante. Seguranças não costumam circular dentro dos prédios e documentos de identificação só são exigidos para acessar os laboratórios. Este acesso acontece por meio de um cartão magnético, onde consta apenas o nome e matrícula do aluno, sem foto. Tanto que é comum colegas emprestarem seus cartões para terceiros, mesmo que exista punição quando a prática é flagrada.
Até às 1h30min do dia 03/09 a PUCRS ainda não havia se manifestado oficialmente ou dado qualquer tipo de suporte aos estudantes, que foram aconselhados a registrar boletins de ocorrência em qualquer delegacia. O site da instituição marista era um mar de tranquilidade.
O clima na universidade foi de surpresa, medo e indignação. Alunos e professores custam a acreditar no fato. Um grupo convoca manifestações nas redes sociais exigindo mais segurança e em poucas horas reúne mais de 500 membros. No meio deste tumulto de reações e sentimentos um estudante de 22 anos que presenciou o crime e pediu para não ser identificado desabafa: “A gente não sabe o que esperar, e acha que na sala de aula está seguro. Só que não está. Tenho medo de voltar pra aula”.
(Texto: Tiago Lobo. Foto: câmeras de segurança da PUC))
Estudantes da PUCRS assaltados na sala de aula
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