Expositores lutam para renovar interesse por antigüidades

Feira ainda é referência para colecionadores (Foto: Helen Lopes / JÁ)

Helen Lopes

Em 19 de março de 1978, um grupo de 23 expositores inaugurou a primeira feira de antiguidades a céu aberto do Brasil. Menos de um mês depois das primeiras reuniões, 66 bancas ocupavam a segunda quadra da José Bonifácio, no bairro Bom Fim.

“A aceitação foi excelente! Só não avançamos mais porque os militares não permitiram”, lembra Fábio Coutinho, que esteve à frente da comissão organizadora, ao lado dos jornalistas Armando Burd, Ligia Nunes, e Célia Ribeiro.

A inspiração veio dos mercados de rua europeus e, especialmente de San Telmo, em Buenos Aires. O “Mercado das Pulgas” tornou-se rapidamente ponto de referência para arquitetos e decoradores, atraídos pelos artigos raros e de grande valor histórico.

Passados 30 anos, os expositores lamentam que a clientela esteja mais interessada nas mercadorias vendidas nas demais quadras. “Hoje a maioria das antiguidades está nos shoppings”, avalia Coutinho.

Foi em 1982 que a feira precisou abrir espaço para o artesanato em busca da renovação do público. Atualmente, além das 70 bancas consideradas precursoras – que mantém o foco em artigos saídos do fundo do baú –, o brique tem outros 180 artesãos, 40 artistas plásticos e 10 bancas de gastronomia. São eles que ocupam as quadras entre a Santana e a Osvaldo Aranha.

“Está muito difícil obter artigos raros, até mesmo no interior”, reconhece Rosalvo Macedo, abraçado à um gramofone. Os fornecedores desapareceram e com eles, as mercadorias de grande beleza e relevância histórica.

Rodeado por brinquedos de plástico, José Farias, 76 anos, culpa a Internet e o vídeo game pelo desinteresse da garotada em moedas e selos. “Tive que diversificar”, conforma-se.

Reinventando a velharia

Rosalvo está no brique há 30 anos (Foto: Helen Lopes / JÁ)

A paixão pelos selos cultivada desde a infância de José Farias conquistou seu filho, Ernani. O rapaz também herdou o gosto por expor peças antigas na José Bonifácio. Titular da comissão deliberativa da feira de antiguidades, Ernani vai apelar à tecnologia para proporcionar mais facilidades aos clientes. “Acho que iremos fechar com o Banrisul para instalar cartões magnéticos”, adianta.

Desde o ano passado, as barracas de artesanato entre a Santana e a Osvaldo Aranha aceitam cartão. Outro diferencial importante foi o desenvolvimento de uma identidade visual, com logomarca e padronização das barracas.

O antiquário não participou das modificações porque na época não havia uma associação. Agora, sob o comando do herdeiro de José Farias, a velha guarda espera ansiosa os resultados das inovações.

Ponto de encontro

Há quem não se importe com a falta das máquinas de cartão de crédito, a exibição de uma logomarca comum nem com mercadorias menos nobres. O colecionador de cuias Armando Grafulha é sentimental. “Venho desde o início e fiz muitos amigos. Gosto desse contato camarada”.

Já Beatriz Alves, que procurava um castiçal para a sala de jantar, destaca o ambiente democrático. “É o que dá identidade ao brique”.


Existe uma peça exposta a mais de 11 anos que não está à venda: é a caixa fotográfica do último lambe-lambe da capital. Freitas (foto) aprendeu a profissão com o pai, que foi o primeiro fotógrafo ambulante de Porto Alegre. (Foto: Helen Lopes / JÁ)

Redenção foi a escolha certa

Fábio Coutinho foi um dos idealizadores (Foto: Helen Lopes / JÁ)

Trinta anos atrás, o jovem estudante de arquitetura Fábio Coutinho nem imaginava que a feira que ajudava a projetar seria considerada um símbolo de Porto Alegre. O então estagiário do Margs sabia, porém, que a escolha do local seria decisiva para o sucesso da iniciativa já que duas tentativas anteriores da Prefeitura foram frustradas.

Fábio defendeu a posição estratégica da Redenção. “O parque está bem no centro e tem muitos acessos”, argumentou na época. Hoje, aos 58 anos, ele conclui: “O brique se tornou esse sucesso por sua localização!”.

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