Feira do Livro é a esperança de editoras ao final de um ano difícil

ANA CAROLINA PINHEIRO
A 64ª. Feira do Livro de Porto Alegre que começa neste fim de semana alimenta a expectativa das editoras gaúchas de salvar um ano dos mais difíceis dos últimos tempos.
A redução das verbas para programas de leituras, o fechamento de livrarias e a inadimplência elevada este ano atingiram em cheio os produtores de livros.
É o caso da Editora Projeto, que trabalha com livros infantis, infanto-juvenis e de educação e está desde 2014 com o mesmo catálogo, investindo apenas na divulgação dos livros que já tem.
Segundo a editora Annete Baldi, o último livro editado com o padrão comercial da Projeto foi o Futurações, do autor Caio Riter, em abril de 2014.
Depois disso, publicou o “Inventário de Gente”, de Hermes Bernardi Júnior, falecido em 2015, como uma homenagem ao autor e lançará na programação da Feira o título “Escola Projeto 30 anos: Livro, música e arte fazendo parte”.
O livro contou com uma campanha de financiamento coletivo na plataforma Catarse.
Entre as principais dificuldades encontradas no mercado editorial no Rio Grande do Sul, Annete destaca a limitação dos pontos de venda:
“Nos últimos anos tivemos muitas livrarias que fecharam, livrarias importantes como a Sapere Aude e a Palavraria, que tinham trabalhos de leitura com o público e um acervo superbacana. Hoje, as grandes livrarias têm dedicado cada vez menos espaços à boa literatura: hoje na Cultura tem muita coisa ruim na gôndola, coisa ultra comercial. Mudou o acervo da livraria”.
Outro fator levantado por Annete é a falta de pagamento das grandes livrarias: “nós paramos de vender diretamente para a Cultura e para a Saraiva porque elas deixaram de pagar. Não faço mais venda direta, só através da distribuidora de São Paulo”.
A falta de pagamento por parte das grandes livrarias foi um dos elementos citados por Clô Barcellos, editora da Libretos. “Esse ano, a gente espera ter um impacto de vendas ainda maior durante a Feira, tendo em vista que as grandes redes não estão pagando as editoras”, explica Clô.
O enfraquecimento dos programas de leitura, seja em âmbito municipal, estadual ou federal também fez com que muitas editoras puxassem o freio na publicação de novos títulos. “Os programas de leitura davam uma injeção de dinheiro para as editoras, e eu espero que isso volte a acontecer”, afirma Annete.
Para a editora da Projeto, que tem no trabalho feito nas escolas o seu carro-chefe, caso o investimento por parte dos governos em projetos de leitura e na compra de livros se mantenha baixo, a tendência é que as editoras diminuam ainda mais a produção: “Eu estou há três anos sem lançamentos e estou sobrevivendo. Não vou ficar investindo em lançamento. Eu quero investir, mas ainda não me sinto fortalecida”.
Nesse cenário, a Feira do Livro surge como uma oportunidade para que o editor se aproxime do leitor e as vendas cresçam. Para Clô Barcellos, as vendas chegam a crescer pelo menos 100% quando comparadas aos outros meses do ano. “A venda na Feira pode vir a representar uma boa parte do faturamento líquido da editora, pois na venda direta as margens são maiores”, afirma.
Segundo Annete, a Feira do Livro de Porto Alegre é o momento mais aguardado pelo mercado do livro: “A Feira exige um investimento grande, com aluguel da barraca, funcionários extras. Mesmo assim, a venda direta para o consumidor aquece, e é um mês positivo em termos de receita. Temos a expectativa de vender ao menos R$20 mil em títulos”.
Enquanto os lançamentos e as sessões de autógrafos da programação ajudam a dar visibilidade aos novos títulos, as promoções e os balaios de saldo dão vazão ao estoque. “Para editoras, a Feira – além de divulgar os lançamentos -, é um importante momento para a venda de saldos, livros que já não geram tanto interesse para as livrarias e que acabam ficando parados no depósito ao longo do ano”, explica Clô. “Especialmente em épocas de crise, a Feira aquece as vendas porque os consumidores esperam por oportunidades como essa para comprar produtos com desconto”, completa.
A programação das editoras pode ser conferida abaixo:
Editora Libretos:
 
Uma fresta no sótão
Lisana Bertussi
6/11 – 15h30 – Tânia Carvalho entrevista a autora – Salão de Bridge do Clube do Comércio
17h30 – Praça Central de Autógrafos
 
Palavras com som
Gonçalo Ferraz
6/11 – 18h30 – Sarau de Poesias – Salão de Bridge do Clube do Comércio
19h30 – Praça Central de Autógrafos
 
Neoliberalismo – Desmonte do Estado Social
Plauto Faraco de Azevedo
7/11 – 17h – Encontro com o autor e o desembargador Jayme Weingartner Neto – Salão de Bridge do Clube do Comércio
18h30 – Praça Central de Autógrafos
 
Nada será como antes – 2013
Alexandre Haubrich
9/11 – 16h30 – Evento/debate – Biblioteca do Clube do Comércio
17h30 – Praça Central de Autógrafos
 
A reinventora de histórias
Márcia Mocellin e Suzel Neubarth
10/11 – 15h45 – autora e ilustradora reinventam histórias com as crianças – Biblioteca Moacyr Scliar (térreo do Memorial do Rio Grande do Sul)
16h30 – Praça Central de Autógrafos
 
Poemas – Obra Inédita (francês e português)
Eduardo Guimaraens – organização Maria Etelvina Guimaraens
10/11 – 18h – Participação da cantora lírica Nelly Baudalf – Salão Mourisco (Biblioteca Pública do Estado)
 
Fim da Linha – O crime do bonde
Rafael Guimaraens
14/11 – 17h – Encontro com o autor – Salão de Bridge do Clube do Comércio
18h30 – Praça Central de Autógrafos
 
Editora Projeto
 
Autógrafos:
 
Escola Projeto 30 anos: livro, música e arte fazendo parte
Texto de Roger Lerina com depoimentos de muita gente
7/11 – 19h – Memorial do Rio Grande do Sul
 
Autor no Palco:
 
Marta Lagarta – 5/11 – das 15h30 às 16h30
Anna Claudia Ramos –  8/11 – das 10h30 às 11h30
Caio Riter – 9/11 – das 9h às 10h
Gláucia de Souza – 9/11 – das10h30 às 11h30
Alexandre Brito – 12/11  – das 10h30 às 11h30
Dilan Camargo – 14/11 – das 9h às 10h
 

Adquira nossas publicações

texto asjjsa akskalsa

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *