Matheus Chaparini
Palhaços, bambolês, gaitas e malabares. Um cortejo pela Rua dos Andradas reunindo diversos artistas abriu hoje o 1º Festival dos Artistas de Rua de Porto Alegre (FARPA). “Venham todos, que o festival vai começar! E lembrem-se: a rua é livre, e não precisa pedir autorização por email!”, bradava um dos artistas, convocando o público.
O evento vai até a próxima segunda-feira (24) e traz mais de dez espetáculos, além de oficinas, workshops e jogos competitivos. As apresentações acontecem nesta sexta-feira na Praça da Alfândega, sábado no Gasômetro e domingo na Redenção. As oficinas serão realizadas no Centro Cenotécnico (Avenida Voluntários da Pátria,1370).
A programação completa pode ser conferida aqui:
O evento foi produzido de forma independente por artistas de rua de Porto Alegre, São Leopoldo, Canoas e Pelotas. “É uma união dos artistas em prol da arte de rua e para discutir questões que envolvem o nosso trabalho, como o uso do espaço público e as leis de manifestações artísticas de rua”, explica Dominique Martins, uma das organizadoras, que trabalha com circo há mais de dez anos. Seu filho Antuan, de sete anos, faz arte de rua desde os três. “Quando ele era pequeno, chorava se não participasse das apresentações”, comenta a mãe enquanto o menino e seus bambolês recebem os aplausos do público.
O financiamento do festival e a remuneração dos artistas vêm da forma tradicional da arte de rua: as contribuições espontâneas do público. “Um ponto fundamental é a valorização do chapéu, como um ingresso tão merecedor quanto nos teatros, circos, cinemas e outros lugares. E é um ingresso mais democrático e inclusivo”, defende Dominique. A ideia é fazer pelo menos mais uma edição até o final do ano. Para as próximas edições, a organização pretende buscar patrocínios, para viabilizar a vinda dos artistas de outros lugares.
Festa de lançamento acontece hoje à noite
Hoje à noite acontece a festa de lançamento, a Farpa de Rua, às 19h, no Largo dos Açorianos. O evento conta com as apresentações da Turucutá, Monodub, Trio Macumba, entre outros. Estarão sendo vendidos lanches veganos e cerveja artesanal. Outra atração do festival é a mostra competitiva de Semáforo Freestyle, que acontece hoje, das 16h às 18h, na esquina das avenidas Setembrina e Osvaldo Aranha, próximo à redenção. As inscrições acontecem na hora e a cada sinal vermelho um artista vai para o “palco”, se apresenta e passa o seu chapéu. No final, quem tiver arrecadado mais contribuições, fica com o chapéu de todos.
Cortejo ganhou apoio da população
A movimentação agradou quem estava passando e de quem trabalha pelas ruas do centro. No começo, o público estava tímido. Mas ao fim da caminhada, começou o primeiro espetáculo do festival, Música para três pulmões, de Philipe Philippsen e o público formou uma grande roda para assistir as versões na gaita que vão de Anitta a Freddie Mercury.
Vera Rodrigues trabalha com vendas de cursos profissionalizantes na Rua da Praia, ela defendeu a iniciativa dos artistas. “Sou favorável, eles estão aqui fazendo seu trabalho honestamente para toda população, e quem pode contribui. Se eu posso comprar um cd direto do artista por R$ 10, por que eu vou comprar em uma loja, um cd de gravadora por R$ 40?”
Júlio César da Silva é funcionário do DMLU e aproveitou o intervalo de almoço para acompanhar o percurso do cortejo. “Eu já conhecia esse pessoal. Eles estão sempre na redenção, essa gurizada trabalha bastante.”
Artesãos reclamam de falta de diálogo
Alguns artesãos que expõe diariamente seu trabalho na Praça da Alfândega ficaram incomodados, pois o crescimento da roda, se espalhando pelo calçadão, atrapalhou os expositores. Uma artesã foi conversar com a organização do evento, pois uma colega sua teve de se mudar de local. “Não quero desmerecer o trabalho deles. Mas nós também somos artistas de rua, estamos aqui todos os dias. Acho que faltou diálogo, um movimento que não conversa com quem está ao redor acaba ficando inconsistente” comentou a artesã que preferiu não se identificar.
Festival de Artistas de Rua movimenta final de semana na Capital
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