Fotos gaúchas em calendário da Alemanha

HIGINO BARROS
O poeta pernambucano Ascêncio Ferreira tem um poema sobre os gaúchos que diz assim:
Riscando os cavalos!
Tinindo as esporas!
Através das coxilhas!
Sai de meus pagos em louca arrancada!
— Para quê?
— Pra nada!
Pois esse nada e esse lugar nenhum, projetado pelo poeta nordestino de maneira irônica e crítica, de certa forma é transformado e absorvido no imaginário geográfico e afetivo dos habitantes do Rio do Grande do Sul.
Pelo menos na concepção visual dos fotógrafos gaúchos que participam do calendário organizado pelo Canela Instituto de Fotografia e Artes Visuais, impresso e distribuído na Alemanha pela gráfica alemã Uscha Printmedia, do Unterleider Medien Gruppe. Na maioria das fotografias do calendário predomina a visão do espaço infinito e o céu como moldura e limite do homem que habita os campos de cá.
A versão assinada pelo Instituto e pela Uscha será distribuída para todos os clientes da gráfica, entre eles Siemens, Governo da Alemanha, Lufthansa, Deutsche Bank, entre outros. A exposição do material em Porto Alegre tem parceria com a Câmara Brasil- Alemanha.
As fotos foram selecionadas por uma curadoria binacional e serão expostas na Bolsa de Arte, de 31 de janeiro a 17 de fevereiro. A curadoria brasileira foi realizada por Eduardo Veras, Paula Ramos e Manuel da Costa.
Elemento fundamental
Segundo a curadora Paula Ramos, a paisagem é um elemento fundamental para compreender um povo, uma região. Assim ela considera natural que a maioria dos fotógrafos tenha encaminhado fotos com esse recorte.  “Isso está articulado à compreensão dos fotógrafos acerca do tipo de imagem que nos representa mais. De fato, a imagem canônica do Rio Grande do Sul está associada ao interior, ao Pampa, às lides gaúchas”, diz.
Já Eduardo Veras destaca as afinidades no conjunto examinado. Mas ressalta, acima de tudo, a qualidade do material, seja do ponto de vista mais técnico, de domínio fotográfico; seja do ponto de vista mais estético, de construção das imagens.
“As fotografias tinham em sua maioria, quase totalidade, um alto grau de realização. Em comum ainda, o fato de serem em preto e branco e de procurarem, por diferentes caminhos, evocar alguma ideia de Rio de Grande do Sul”, observa Veras.
Alguns fotógrafos tiveram mais de uma imagem selecionada. Paula Ramos considera que a partir da pré-seleção feita pela curadoria local a curadoria alemã equilibrou a escolha final entre os temas da paisagem e do gaúcho “em sua imagem telúrica, em sua relação amorosa com a terra e com o trabalho”.
Objetivo principal
O projeto de fazer um calendário bilíngue com a paisagem gaúcha, com uma curadoria local primeiro e outra complementar na Alemanha, surgiu do Instituto de Fotografia e Artes Visuais de Canela. Segundo o fotógrafo Fernando Bueno, o objetivo principal do instituto é divulgar a fotografia brasileira e o projeto da instituição no exterior.
“A gráfica alemã existe há mais de 90 anos e tem uma grande tradição em calendários de parede.  O do ano passado foi sobre a Etiópia. Seu representante no Brasil mora em Canela e levamos dois anos em conversações. Como aqui é um dos destinos de maior imigração de alemães, houve um interesse natural deles de conhecer o Rio Grande do Sul. Havia uma quantidade grande de material enviado, foi necessário uma curadoria local que selecionou 25 fotos. Era para ser 13 no calendário, mas acabaram ficando 16”, explica Fernando Bueno.
Os fotógrafos são: Clovis Dariano, Dudu Contursi, Edy Koltz, Eneida Serrano, Fernando Bueno, Fabio Del Re, Gilberto Perin, Leonardo Savaris, Leopoldo Plentz, Luis Abreu, Luis Carlos Felizardo, Paulo Backes, Martins Streibel, Tadeu Vilani e Zé Paiva.
SERVIÇO
Exposição Fotográfica: Brasilien: O Rio Grande do Sul na Alemanha
Local: Bolsa de Arte (Rua Visconde do Rio Branco- 365)
Data: de 31 de janeiro a 17 de fevereiro
 

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