ELMAR BONES
O jornalista Merval Pereira é uma espécie de oráculo para a Rede Globo e seus repetidores pelo Brasil afora.
Membro do Conselho Editorial do Grupo Globo, ele atua como editorialista, colunista, comentarista nos principais veículos da rede.
O que ele diz e escreve unifica o discurso em torno dos fatos mais importantes, principalmente nas questões de poder.
É só ler a coluna dele no Globo para saber como vão se posicionar os repórteres, comentaristas, animadores de programa, comunicadores em geral que atuam dentro ou alinhados ao sistema Globo pelo país afora.
O caso do impeachment da presidente Dilma Rousseff é um exemplo.
Ele é o mentor da interpretação dominante na rede, de que o impeachment contra Dilma Rousseff nada tem de golpe e que está praticamente consumado.
Em sua coluna de hoje, com o título “Não vai ter golpe”, ele diz que essa idéia de golpe é “uma construção do lulopetismo” e que “não há mais dúvidas de que existem motivos de sobra para o impedimento da presidente”.
Ele não enumera nenhum dos “motivos de sobra” e diz que “além das pedaladas, há no pedido da Ordem dos Advogados, outras razões: as tentativas de obstrução da Justiça e a denúncia de Delcídio Amaral de que Dilma “fez pressão no judiciário para soltar empreiteiros presos”.
Merval não ignora que o pedido protocolado pela Ordem dos Advogados foi desdenhado por Eduardo Cunha, não entrou em pauta e, portanto, não está em julgamento.
E que o pedido tramitando na Câmara tem como base da acusação as ditas “pedaladas fiscais”, que muitos juristas e até ministros do Supremo não consideram suficientes para tipificar o crime de responsabilidade, indispensável para o impeachment.
Merval não ignora também que uma delação de réu confesso, como a de Delcídio Amaral, que não foi sequer investigada, não pode ser base para afastamento de um presidente da República.
Ele não ignora nada disso. Mas, embora seja da Academia Brasileira de Letras, o papel de Merval Pereira na Rede Globo não é o de um jornalista ou intelectual. É o de um ideólogo, a serviço de um projeto ideológico, onde importam os fins, não os meios. Por isso ele já vislumbra um “Temer empossado”.
Oráculo da Globo manda dizer que Dilma já caiu
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