Helen Lopes
O cercamento do Instituto de Educação General Flores da Cunha está prestes a sair do papel. O diretor da instituição, Paulo Satori, já recebeu a notícia da liberação de recursos estaduais para a obra, orçada em R$ 274 mil. “A licitação deve sair em até 120 dias”, comemora Sartori.
No dia 14 de abril o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (Compahc) aprovou a colocação de grade no entorno do prédio, construído na década de 30. A intervenção depende da anuência do poder municipal porque o IE está na área do Parque Farroupilha, tombado pelo patrimônio histórico.
“A segurança das pessoas é mais importante. Além disso, a cerca será simples e não vai agredir o bem público”, argumenta a presidente do Conselho, engenheira Rita Chang, ao lembrar que a decisão ainda passará pelo prefeito José Fogaça.
Antes de autorizar o projeto, o Compahc solicitou à Secretaria de Obras Públicas do Estado (SOPS) alterações para minimizar os danos às pedras portuguesas que formam o logotipo do IE, em frente à escola. Os arquitetos modificaram o traçado da grade, que será instalada a três metros da escadaria frontal, o que reduzirá o pátio externo.
As grades terão 2,5 metros de altura e pilaretes de concreto, com iluminação voltada para a escola, serão colocados a cada 4 metros. “A cerca não deve influenciar no estilo arquitetônico do prédio, além disso, a iluminação irá valorizar a edificação e trazer mais segurança ao local”, argumenta a arquiteta Lisandra Weiler, da Secretaria de Obras.
Debate se arrasta desde 1999
A discussão sobre o cercamento do IE se arrasta desde 1999, quando direção e Conselho de Pais e Mestres (CPM), apresentaram ao poder público o projeto Eu Abraço o Instituto de Educação. Aprovada na época, a iniciativa não vingou.
A comunidade escolar acredita que a barreira física impedirá a ação dos vândalos que deterioram o prédio histórico. Roubos de fios de cobre, janelas quebradas e pichações nas paredes são comuns.
A esperança é que cerca também diminua o número de assaltos aos estudantes e o tráfico de drogas próximo à escola. “Os alunos são abordados na entrada, no recreio e na saída do colégio”, afirmou o presidente do CPM, João Marcondes, em audiência na Câmara Municipal, em 8 de abril.
O representante do Conselho de Usuários do Parque Farroupilha, Roberto Jakubasko, teme que o cercamento do IE abra precedente para o fechamento do parque. “Daqui a pouco, vão querer cercar tudo. O que falta é policiamento, porque quando o aluno estiver na parada de ônibus, por exemplo, vai estar à mercê dos assaltantes”, contesta.
O diretor Paulo Sartori, responsável pelos mais de 2,5 mil estudantes matriculados na instituição, admite que a grade não resolverá o problema por completo. “Mas ajudará na proteção das crianças e adolescentes”.
Há dois meses à frente da 3ª companhia de policiamento da capital, responsável pela vigilância na área do IE, o Major Aroldo Medina concorda. “A cerca não vai mudar o quadro do IE, que é mais amplo e profundo do que parece”, defendeu durante reunião com moradores do bairro.
Essa reportagem é um dos destaques da edição 382 do jornal JÁ Bom Fim/Moinhos. A publicação é quinzenal e circula gratuitamente nos 10 bairros da área central de Porto Alegre.
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