Intervenção artística provoca o público da Redenção

Mostra intrigou quem passeava na Redenção (Fotos: Naira Hofmeister)

Naira Hofmeister
Num belo dia de sol, os cachorros correm alegremente atrás de suas bolinhas, as crianças rolam na grama, os casais namoram nos bancos da praça e os pais tomam o chimarrão. Nada mais típico dos porto-alegrenses num domingo de maio. Foi nesse tradicional espaço familiar que a artista plástica Miriam Tolpolar resolveu intervir com litografias que fazem parte da sua exposição Meus Mortos, Meus Vivos.
Sobre os vinte e seis tocos de madeira do canteiro central do Parque Farroupilha, Miriam instalou tecidos brancos nos quais estão impressas fotografias de parentes. A temática da memória é recorrente na obra da artista e estava inclusa em sua pesquisa de mestrado no Instituo de Artes da UFRGS. A grande idéia do trabalho, contudo, era democratizar a arte, levando a instalação para o espaço público. “Não queria nada que lembrasse uma galeria ou que tivesse vínculo com espaços institucionais”.
Por isso a opção por não identificar as obras, nem sequer referir o nome da artista. Quem passou pelo local entre sexta-feira, 26, e domingo, 28, simplesmente se deparava com um monte de toquinhos cobertos pelo tecido impresso. “Teve gente ontem que disse que era macumba para os cachorros”, riu Erli Neuhauss, que sentou-se confortavelmente entre as obras de Miriam, ao lado do marido, Sérgio Damico, que também se perguntava sobre a origem daquela intrigante exposição.
Assim como Sérgio e Erli, muitos outros freqüentadores do parque queriam saber o que aquilo significava. “De repente o propósito é justamente despertar a pergunta, fazer as pessoas conversarem, como estamos fazendo agora”, supôs alguém que passava. Outros acreditavam que era uma homenagem aos mortos da ditadura, alguns apenas identificavam como uma bela obra, outros, não pareceram gostar muito.
O propósito da artista, no entanto, se cumpriu. Provocar a aceitação com naturalidade da intervenção artística no espaço não convencional é uma das intenções de Miriam Tolpolar, que parece ter saído feliz nesse domingo da Redenção. “As pessoas não estranham quando tem um grupo de teatro ou um músico se apresentando na rua”.

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