Irã: os filhos da revolução vão às ruas

Por Paula Bianca Bianchi
A tensão continua em Teerã. Após alguns conflitos à tarde, concentrados no centro e dispersados pela polícia, as famílias se refugiam em suas casas. As que podem assistem ao noticiário internacional através de satélites clandestinos, instalados na altura do chão para não serem detectados pelas brigadas do governo.
Em um país de 70 milhões de habitantes em que 60% das pessoas tem menos de 30 anos, quem puxa os protestos são as mulheres, acompanhadas dos setores urbanos e estudantes – 60% da população feminina freqüenta a faculdade.
Conforme uma estudante iraquiana que preferiu não se identificar, celulares e máquinas fotográficas estão sendo recolhidos e a população evita o centro da cidade. Ela conta que um grande manifestação está planejada para amanhã a partir do mausoléu de Khomeini.
A internet também está sob controle, principalmente após a divulgação do vídeo que mostra a jovem Neda Agha-Soltande, 27 anos, sendo baleada. A conexão sofre oscilações e cortes constantes e redes sociais como Facebook e Twitter estão sobre vigilância – cerca de 18 milhões de iranianos usam a internet.

Neda_Irã
Neda Agha-Soltan estava nas imediações de um protesto quando foi morta com um tiro no peito

É através delas que chegam a maior parte das informações sobre o país, uma vez que o governo proibiu a permanência de jornalistas e agências de notícias.
Protestos semelhantes aos dos últimos sete dias já vitimaram cerca de 20 pessoas desde a divulgação do resultado das eleições, realizadas no dia 16 de junho. Reformistas afirmam que o pleito foi fraudado para reeleger o atual presidente Mahmoud Ahmadinejad e evitar a vitória do ex-primeiro-ministro Mir Hossein Mousavi.
Estas são as maiores manifestações registradas no país desde 1979 quando a população derrubou o xá Reza Pahlevi e instaurou a Revolução Islâmica. Ironicamente, são os filhos dos filhos desses manifestantes que hoje voltam às ruas para pedir por uma nova forma de governo.

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