A Corte de Roma, na Itália, vai retomar, nesta quarta-feira (29), o julgamento dos três militares brasileiros acusados de matar o ítalo-argentino Lorenzo Vinãs Gigli, durante os anos da Operação Condor. O crime ocorreu em junho de 1980, quando a vítima tentava cruzar a fronteira da Argentina com o Brasil.
Vinãs sofria perseguição política e tinha a intenção de chegar ao Rio de Janeiro e, então, partir para a Itália, mas acabou sequestrado. O quarto acusado, ex-delegado Marco Aurélio da Silva, morreu em julho do ano passado.
Os militares foram processados à revelia, na Itália. São eles os coronéis João Osvaldo Leivas Job, Carlos Alberto Ponzi e Áttila Rohrsetzer.
A audiência será às 10h e serão chamados para depor o brasileiro Jair Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, de Porto Alegre, a viúva de Viñas, Claudia Olga Allegrini, e a militante Montonera Silvia Tolchinsky, sequestrada na cidade de Las Cuevas, na fronteira da Argentina com o Chile.
Sumiço
Lorenzo Vinãs era militante da organização Motoneros, que lutava contra a ditadura na Argentina. Ele chegou a ser preso em 1974. Junto com a mulher, decidiu ir para a Itália. Em junho de 1980, o ítalo-argentino saiu de ônibus de Buenos Aires, com destino ao Rio de Janeiro, para, depois, partir para a Europa. No entanto, durante a travessia, na fronteira com o Brasil, ele sumiu, na cidade gaúcha de Uruguaiana.
De acordo com a denúncia do Ministério Público italiano, na época que Binãs foi sequestrado, Leivas Job era secretário de Segurança do Rio Grande do Sul, Ponzi chefiava a agência do SNI em Porto Alegre, Rohrsetzer era o diretor da Divisão Central de Informações (DCI) do Rio Grande do Sul e Silva, delegado de polícia, exercia o cargo de diretor do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) gaúcho.
Atualmente, Rohrsetzer mora em Florianópolis e os também coronéis Leivas Job e Ponzi vivem em Porto Alegre. Marco Aurélio da Silva, até sua morte, morava em uma praia do litoral gaúcho.
A Operação Condor era uma rede de repressão política e troca de prisioneiros. Era formada pelos serviços de inteligência das ditaduras da Argentina, Brasil, Paraguai, Bolívia e Uruguai. A operação existiu durante as décadas de 1970 e 1980.
Na Itália o réu pode ser processado à revelia, mas o processo pode ser aberto só se as vítimas, ou os acusados, tiverem dupla cidadania, uma delas sendo italiana. O processo “Condor” visa julgar 33 ex-militares e políticos latino-americanos por crimes contra 22 vítimas. Por motivos burocráticos, em fevereiro do ano passado os juízes decidiram que, para os brasileiros, seria feito um julgamento paralelo.
As investigações começaram em 1998 com a denúncia de parentes de vítimas ítalo latino-americanas. Em 2005, o Ministério Público Giancarlo Capaldo apresentou uma primeira lista de indiciados – um total de 140 militares e políticos de toda a América Latina. Para reunir os documentos, foi necessária a colaboração dos países de residência dos réus. Por este motivo entre os acusados estão bolivianos, chilenos, peruanos, uruguaios e brasileiros, mas não há nenhum argentino, já que o país não enviou a documentação.
Itália julga militares brasileiros acusados de assassinato na ditadura
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