Jornalista vai à Justiça contra ofensas de simpatizantes do MBL

A jornalista Vitória Famer tem recebido uma série de ofensas nas redes sociais depois de ter produzido matéria para a Rádio Guaíba, na quarta-feira, 21, sobre a detenção de duas pessoas, uma delas ligada ao Movimento Brasil Livre (MBL). Eles se envolveram em discussões e brigas com servidores municipais que protestavam em frente à Prefeitura de Porto Alegre.
“Ainda estou recebendo ataques e, por isso, falei com advogado para ver a possibilidade de acionar a Justiça”, disse nesta manhã desta segunda-feira, 26.
Famer foi a única repórter a comparecer à 17ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, para onde foram levados, pela Guarda Municipal, Arthur do Val, integrante do MBL e responsável pelo canal MamãeFalei, no YouTube, e Marcio Gonçalves Strzalkowski, que seria um dos dois seguranças do youtuber. A outra pessoa que estava acompanhando Márcio era Rafinha BK. Ambos afirmam que já trabalharam como seguranças, mas negam que estivessem na manifestação como tal e que fossem ligados ao MBL.
Confira a íntegra da matéria feita por Vitória Famer aqui.
Ao relatar a presença de duas funcionárias da Prefeitura e de pessoas ligadas ao MBL na delegacia, a jornalista passou a sofrer ataques de simpatizantes do movimento, inclusive do deputado estadual Marcel van Hattem (PP).
Por que gente da prefeitura veio?”, questionou a repórter em seu twitter.
O deputado Van Hattem respondeu, acusando Vitória de ser uma ‘militante de extrema esquerda’ e ‘tendenciosa’.
Assista ao teu próprio vídeo tentando se distanciar da tua tradicional postura militante de extrema esquerda para ver se não foi tendencioso”, escreveu o parlamentar à jornalista.
Logo depois, Famer começou a sofrer ataques pela Internet e resolveu procurar advogado que a orientasse da possibilidade de acionar a Justiça.
Van Hattem, que também é jornalista, está hoje na Holanda para defender sua dissertação de mestrado na Universidade de Amsterdam, segundo sua assessoria. Título de seu trabalho é Jornalismo: mídia e globalização. O parlamentar retorna à capital gaúcha somente na quarta-feira, dia 28. Sua assessoria informou ainda que seria emitida uma nota à Rádio Guaíba, que pertence ao grupo Record, mas iria consultar o deputado ainda hoje antes de torná-la pública.
Na sexta-feira, dia 23, o diretor da Rádio Guaíba, Nando Gross, também trocou farpas, pelo twitter, com o parlamentar do Partido Progressista.
Alguns trechos:
“Deputado, vi o vídeo agora. Uma covardia, o Arthur não deixava a repórter falar e ainda chamou dois marmanjos para ajudar na intimidação”, escreveu Gross.
É incitacao ao odio voce dizer que eu incitei ao odio, o que n eh verdade. Estas incitando esquerdistas a me atacarem, mas eh teu direito”, respondeu o deputado.
Ok, o senhor é um parlamentar e sabe o que faz. Eu continuo achando estranho tudo isso. Incitação ao ódio nunca me parece algo saudável, mas”, continuou o jornalista.
Repito: foi no mínimo um tweet precipitado e errado da reportagem. E minha reação se deu a isso – até porque não foi a primeira vez”, twittou Marcel van Hattem.
A postagem da jornalista Vitória Famer no Facebook:
Ao receber a informação de que Arthur do Val, integrante do MBL e youtuber do canal MamãeFalei, havia sido encaminhado para a 17ª Delegacia de Polícia após confrontos com sindicalistas que protestavam em frente à prefeitura de Porto Alegre, fiz o meu trabalho como sempre faço: fui apurar todos os lados da história para levar aos ouvintes da Rádio Guaíba a melhor informação possível. E para fazer isso, só me deslocando para a delegacia para ouvir os detidos.
Apurei que havia dois seguranças profissionais (o Rafael Silva Oliveira, mais conhecido como Rafinha BK, e o Marcio Gonçalves Strzalkowski, agressor confesso do professor Geovani Ramos Machado), além de assessores de um deputado estadual, dando apoio ao Arthur do Val.
Por simplesmente exercer a profissão que amo me tornei alvo de covardes ataques virtuais. Tentaram me intimidar com edições manipuladas, mas que teve um efeito revés: provocaram uma corrente de solidariedade e carinho que me emocionaram. Reafirmaram a certeza das escolhas que fiz ao me tornar jornalista, que, como diria George Orwell, é publicar aquilo que alguém não quer que se publique.
É isso que seguirei fazendo com dedicação e respeito a todos.
Um abraço.
Vitória.
P.S.: Àqueles que viram o vídeo calunioso e difamatório – do qual já contatei advogados para apurar quais medidas serão tomadas – transcrevo o trecho da entrevista que o MBL NÃO colocou nos seus vídeos, cujo conteúdo integral disponibilizo abaixo. A minha matéria, curiosamente, também não foi parar no vídeo.
Trecho da entrevista:
VITÓRIA FAMER: Os sindicalistas afirmaram também que vocês seriam integrantes do MBL. Vocês são integrantes do MBL?
MARCIO GONÇALVES STRZALKOWSKI: Eu e o Rafinha não somos integrantes do MBL. Hoje, justamente por darmos apoio ao Arthur (do Val), o pessoal veio aqui para dar um apoio para a gente.
VITÓRIA: Pessoal quem?
MARCIO: Pessoal aqui do MBL.
VITÓRIA: Do deputado Van Hattem?
MARCIO: Isso, do Marcel Van Hattem.

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