Jovens querem universidade popular

Carla Ruas

Centenas de jovens da periferia de Porto Alegre e do interior do Estado realizaram manifestações pela democratização da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) nesta quinta-feira, 8 de junho.

A principal bandeira do grupo é a ampliação das vagas da UFRGS e a reserva de quotas para indígenas, quilombolas, negros e pobres.

O ato foi organizado pelo grupo Levante Popular da Juventude, formado no final do ano passado por estudantes de escolas públicas e cursinhos populares, além de integrantes da periferia e de movimentos sociais.

Uma das líderes, Cláudia Comatti afirma que a organização nasceu para defender os direitos dos jovens, como o acesso à educação superior, “que é muito restrito no país”.

A maioria dos integrantes da manifestação veio de ônibus de São Leopoldo, Lajeado, Santa Cruz do Sul, Caxias do Sul, Três Passos e Santo Ângelo. Também participaram jovens dos bairros Restinga, Lomba do Pinheiro e Morro da Cruz.

Pela manhã, o grupo denominado mobilizou cerca de 300 pessoas em uma passeata no Campus do Vale da UFRGS. Os integrantes carregavam faixas e gritavam palavras de ordem como “Universidade! / Pública e Popular!”.

Lá, eles participaram de oficinas de agroecologia, saúde, resistência popular e ações afirmativas, promovidas por estudantes da UFRGS e entidades. Os manifestantes ainda assistiram a uma aula aberta sobre a história da universidade brasileira.

À tarde, os manifestantes se deslocaram de ônibus até o Campus Central da Universidade para entregar uma carta de reivindicações à reitoria. O vice-reitor, Pedro Cezar Dutra Fonseca, recebeu o documento no lugar de José Carlos Hennemann, que está em Brasília. Mas a Reitoria não quis se pronunciar sobre a manifestação.

O documento defende melhorias na educação básica e políticas de acesso e permanência na Universidade. Além disso, pede a valorização da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e o passe livre para estudantes e trabalhadores desempregados.

“Também queremos quotas para os excluídos e uma ampliação das vagas da UFRGS, com unidades no interior do Estado”, afirma a organizadora, Cláudia Comatti. Ela lembra que apenas 9% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos estão na universidade.

Este é o motivo pelo qual Rafael dos Santos, 17 anos, se deslocou do município de Pontão (RS) para participar do dia de manifestações. Ele terminou o ensino médio no ano passado e não conseguiu ingressar na universidade.

Sonha cursar Agronomia.Erida Figueira, 16, diz que gostaria de freqüentar a universidade, mas que não tem como pagar uma particular. Neste ano, teve que interromper o colégio no 3° ano do ensino médio porque não tinha como pagar o material escolar. “Estou trabalhando e depois volto com dinheiro para os livros”.

Segundo o Censo da Educação Superior, realizado pelo Ministério da Educação em 2003, 71,8% das vagas que são oferecidas no ensino superior vêm de instituições privadas. Erida, que estudava na Escola Estadual Paulo Freire, em Caxias do Sul, acredita que deveria existir universidade pública para todos.

“É um direito nosso”, diz. Ela já fez cursos profissionalizantes como de mecânica, computação e de moda, mas só ficará satisfeita quando for uma universitária.

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