Cleber Dioni
Lair Ferst, um dos indiciados pela Polícia Federal na Operação Rodin, foi uma das duas testemunhas que assinou no dia 28 de julho de 2006 o contrato de locação de um imóvel na avenida Farrapos que serviu de comitê eleitoral da então candidata pelo PSDB Yeda Crusius, cujo valor foi de R$ 5 mil mensais. Essa foi uma das informações dadas ontem pelo presidente da CPI do Detran, deputado Fabiano Pereira (PT), sobre a análise parcial dos documentos bancários de alguns dos indicados pela Polícia Federal, que tiveram o sigilo quebrado pela Justiça.
Pereira disse que essas informações provam que Ferst participou ativamente da campanha da atual governadora. “Ele não era um simples militante”, disse. Os deputados que integram a Comissão identificaram ainda a compra de imóveis em Porto Alegre e Gramado por empresas ligadas a Lair Ferst cuja soma chegaria a R$ 2,8 milhões. E também grandes movimentações financeiras em outros países de pessoas e empresas envolvidas.
Queda de braço
O motivo que levou o parlamentar a divulgar os dados é a queda de braço que os deputados disputam hoje para a prorrogação ou não da CPI do Detran. Os integrantes realizam reunião pela manhã para definir se irão adotar um novo cronograma para os próximos depoimentos ou encaminhar à votação em plenário da Assembléia a proposta de estender o Inquérito Parlamentar.
Fabiano Pereira, seu vice na CPI, Paulo Azeredo (PDT) e os demais parlamentares da oposição querem estender a Comissão por mais 60 dias, até dia 5 de agosto, prazo limite de funcionamento do Inquérito Parlamentar.
Os deputados da base governista querem realizar sete sessões extraordinárias, além das que são feitas às segundas-feiras, para evitar a prorrogação dos trabalhos, cujo prazo de conclusão termina no dia 6 de junho. O calendário dos depoimentos seria estendido para os dias 20, 21, 23, 27, 28, 29 e 30 deste mês. Seriam ouvidas quatro testemunhas por dia, em média, totalizando 29, mais uma acareação entre Silvestre Selhorst, Luiz Carlos Pellegrini e Francisco de Oliveira Fraga, ambos indiciados na Operação Rodin.
“Contemplamos todos os depoimentos já aprovados. Além disso, as convocações obedecem critérios de compatibilidade entre os depoentes, de modo a impedir que testemunhas dispostas em fatos afins possam saber antecipadamente dos depoimentos das outras”, explica o relator Adilson Troca (PSDB).
Carlos Rosa fala hoje à tarde
Estão previstos três depoimentos hoje, de Carlos Dahlem da Rosa, da Carlos Rosa Advogados Associados, Ipojucan Seffrin Custódio e Mario Jaime Gomes de Lima. Para Fabiano Pereira, “Carlos Rosa irá ajudar a montar o quebra-cabeça sobre os envolvimentos e as decisões tomadas à época”.
Na próxima segunda-feira estão previstas as oitivas de Lair Ferst, Elci Terezinha Ferst e Rosana Ferst. O deputado Gilmar Sossella (PDT) convidou o deputado federal Enio Bacci (PDT) para prestar depoimento à CPI. Bacci foi o primeiro titular da pasta da Segurança no atual governo do Estado.
Se aprovada a nova agenda, ele falaria somente no dia 30. Já o depoimento do superintendente da Polícia Federal, delegado Ildo Gasparetto, aconteceria no dia 26.
Fenaseg vai prestar esclarecimentos
Na última sessão, dia 12, foi aprovado o requerimento que solicita a convocação do presidente da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), João Elisio Ferraz de Campos. Para Azeredo, é um depoimento indispensável para a compreensão dos repasses financeiros da Fenaseg ao Detran/RS. “A Fenaseg como foi dito na CPI, seria o caixa-rápido do Detran, ma poderosa fonte de recursos que não são contabilizados pela autarquia”, justificou.
Azeredo lembrou as denúncias recebidas pela CPI sobre a utilização indevida dos recursos da Fenaseg com o envio de notas frias e, ainda, para pagamento de outras despesas orçamentárias próprias da autarquia, como o aluguel de três automóveis Vectras por R$ 9 mil mensais cada um e o pagamento do estande na Expointer por R$ 190 mil.
Em visita ao Detran, na semana passada, Azeredo foi informado da solicitação da vinda dos recursos da Fenaseg para o caixa da autarquia. Em 2008, até março, os recursos eram de R$ 1,163 milhões.
A frota do Estado é de 3,5 milhões, e todos esses veículos recolhem as taxas do seguro obrigatório DPVAT e SNG. Por lei federal, 1% desse valor arrecadado fica retido na Fenaseg para aplicação, segundo contrato estabelecido com essa federação, em projetos que visam o reaparelhamento das delegacias de combate ao crime de trânsito e em campanhas contra acidentes. Ao ano, então, os recursos oriundos da Federação ficam em torno de R$ 6 milhões a R$ 8 milhões e, como os valores não são contabilizados pelo Detran, não se sabe onde esses valores são aplicados.
Para a liberação destes recursos, basta a aprovação de um projeto pelo presidente do Detran, que valida e autoriza à Fenaseg o repasse de recursos direto para a conta do contratado, por isso não passa pela contabilidade da autarquia.
Ainda repercute depoimento do ex-secretário de Segurança
Para o relator da comissão, deputado Adilson Troca (PSDB), o depoimento à Comissão por mais de sete horas do deputado federal José Otávio Germano (PP), ex-secretário da Segurança Pública no governo Rigotto, não trouxe muitos esclarecimentos.
“Até por ter sido um depoimento diferente dos outros. Ele não era um indiciado, veio como ex-secretário e disse que desconhecia os fatos relatados porque o Detran tinha vida própria e os responsáveis eram os diretores da autarquia na época”, declarou.
“Ele disse também que não usou nenhum dinheiro de campanha de empresa terceirizada e que poderia garantir a isenção de duas pessoas: dele e do ex-governador Germano Rigotto”.
Para o deputado Fabiano Pereira (PT), o depoimento deixou dúvidas, principalmente sobre a participação de Germano na celebração do contrato do Detran com a Fatec e a sua relação com o advogado Carlos Rosa. “São questões que precisam ser aprofundadas”. Pereira ressaltou que não vê impossibilidade de a CPI ter acesso às informações bancárias e fiscais de José Otávio Germano para comprovar a inocência do ex-secretário.
Lair Ferst foi avalista de comitê de Yeda
Escrito por
em
Adquira nossas publicações
texto asjjsa akskalsa
Deixe um comentário