O ex-presidente João Goulart morreu de causa natural, segundo o laudo divulgado nesta segunda feira.
Goulart morreu em 1976 na Argentina e sua família suspeitava que ele tivesse sido assassinado por agentes do regime militar.
“Podemos concluir que os dados clínicos, as circunstâncias relatadas pela esposa [de Jango], são compatíveis com morte natural”, disse o perito Jefferson Evangelista Correa, da Polícia Federal.
Segundo o especialista, também não é possível descartar que a morte tenha decorrido de “um envenenamento tendo em vista as mudanças físicas e químicas que o corpo inumado sofre ao longo de 37 anos influenciado pelas condições em que ele esteja inumado”.
O perito disse que “na verdade, o laudo é inconclusivo quanto à causa da morte, se natural ou violenta. (…) Não é possível confirmar uma causa de morte natural para Jango. Não há como confirmarmos a morte por infarto do miocárdio.”
O corpo de João Goulart foi exumado no dia 14 de novembro de 2013, em São Borja, no interior do Rio Grande do Sul, onde o ex-presidente estava enterrado.
Amostras dos restos mortais de Jango foram coletadas em Brasília e analisadas em laboratórios do Brasil, Portugal e Espanha.
Peritos argentinos, cubanos, uruguaios e representantes da Cruz Vermelha e do Ministério Público Federal também acompanharam as análises.
A exumação ocorreu após decisão da CNV (Comissão Nacional da Verdade) e do MPF-RS (Ministério Público Federal do Rio a Grande do Sul).
O procedimento visava esclarecer as causas da morte do ex-presidente que ficou no poder entre 1961 e 1964, quando foi deposto por um golpe militar.
Comissão da Verdade investiga violações cometidas na
A ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Ideli Salvatti, disse que o laudo, porém, não é a única base para o processo de investigação sobre a morte de João Goulart que está sendo conduzido no Brasil e na Argentina.
“Ao concluirmos esse trabalho pericial, estamos concluindo uma parte de um processo investigativo”, disse Ideli.
Após o golpe, Jango e sua família foram para o exílio no Uruguai e na Argentina, onde o ex-presidente morreu, supostamente de ataque do coração, em 1976.
A família do ex-presidente acredita que ele possa ter sido envenenado, vítima de um assassinato político como parte da chamada “Operação Condor” (uma aliança entre as ditaduras do Cone Sul nos anos 1970 para perseguir os opositores dos regimes militares da região).
A suspeita é de que agentes a serviço do regime militar tenham trocado as cápsulas de seus remédios por alguma substância que tenha causado sua morte.
Em meio à ditadura brasileira, o corpo de Jango foi enterrado sem ter passado por autópsia.
Na semana passada, o MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro) informou ter encontrado dois relatórios na casa do ex-coronel do Exército Paulo Malhães que comprovariam a existência da Operação Condor.
Em depoimento, Malhães, que depois foi assassinado durante um assalto, admitiu ter participado de sequestro de militantes de esquerda argentinos em território brasileiro.
Esta foi a primeira vez que documentos oficiais das Forças Armadas brasileiras confirmam as operações conjuntas entre ditaduras latino-americanas.
Laudo sobre a morte de Jango não é conclusivo
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