Líder do governo na Câmara de Vereadores, Claudio Janta (SDD) garantiu que nem a EPTC , nem outro órgão da Prefeitura vai retirar os carrinheiros e catadores, que a partir de amanhã serão ilegais, das ruas. Nesta sexta-feira começa a vigora a lei Lei nº 10.531, que preve a retirada do carroceiros (já ocorrida), carrinheiros e catadores de lixo reciclável nas ruas de Porto Alegre.
Durante a tarde centenas de catadores estiveram na Câmara de Vereadores pressionando parlamentares a prorrogar até 2022 o tempo de permissão para que o trabalho continue legal.
Além da permanência nas ruas os catadores querem um contrato legal com a Prefeitura: a coleta solidaria, que seria realizada pelos catadores e cooperativas envolvidos na coleta seletiva e nas unidades de triagem. “Tem que fazer a contratação dos catadores, essa é a forma de incluir, formando contrato com as nossas cooperativas”, afirmou o presidente do Movimento Nacional dos Catadores de materiais recicláveis (MNCR) , Alex Cardoso, que esteve presente na Câmara.
Carrinhos ficaram do lado de fora da Câmara
As galerias estavam cheias. Do lado de fora, na Av. Loureiro da Silva, uma tropa de choque da Brigada Militar fazia prontidão. No pátio da câmara alguns carrinhos com seus donos aguardavam o desfecho.
Uma delas era Kelly Souza, 30 anos. Há três anos catadora, a moradora do Lami, recolhe latas e plásticos para reciclagem junto com o marido. Desse jeito os dois sustentam o filho Fábio de três anos. Ela cursou até a sétima série do Ensino Fundamental, seu marido até a quarta série. Sem estudos ela não vê chances de outro serviço mas gostaria de ter outro trabalho. “Seu não fizer isso vou ficar em casa cuidando meu filho” explica Kelly que desconhece o Programa Somos Todos Porto Alegre, criado para a inclusão produtiva de pessoas que trabalham na reciclagem de resíduos sólidos.
O Programa Todos Somos Porto Alegre surgiu em 2012, e foi implementado nos anos seguintes com o intuito de emancipar os carroceiros, catadores e carrinheiros buscando dar melhor condições de trabalho para os mesmos. De lá pra cá disse já ter beneficiado 1700 pessoas
Diferente de Kelly, seu Aldair, 60 anos, não quer sair das ruas. No ramo há 25, desde 1993 em Porto Alegre, o morador da Vila dos Papeleiros, natural de Montenegro trabalha e sustenta a família. “Dá pra tirar uns dois mil, as vezes mais” garante o catador que afirma recolher o lixo apenas da zona onde mora em restaurantes e condomínios. “Enquanto tiver saúde não irei parar” finalizou.
Enquanto corre na Câmara o projeto do vereador Marcelo Sgarbossa (PT), a Prefeitura deve enviar um projeto de regularização ou também de prorrogação do prazo de circulação para os catadores.

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