Lara preside a Fundação Gaia e divulga a obra do pai (Foto: Tânia Meinerz/JÁ)
Patrícia Benvenuti
O ambientalista gaúcho José Lutzenberger será homenageado em Manaus (AM) nesta sexta-feira 26 de maio com o lançamento dos livros Sinfonia Inacabada, da jornalista Lilian Dreyer, e Lutzenberger e a Paisagem, do fotógrafo, agrônomo e paisagista Paulo Backes. A filha do ecologista, Lara Lutzenberger, que é presidente da Fundação Gaia, estará na cerimônia, no Hotel Tropical Manaus.
Um painel vai apresentar a trajetória do agrônomo, mostrando como ele se tornou respeitado no mundo inteiro. A proposta é divulgar os conhecimentos de Lutz em todo país. “Queremos levar à população esses livros e a história do meu pai”, explica Lara.
De acordo com ela, o maior legado do ecologista está na relação única com o meio ambiente. “O mais importante foi o trabalho de conscientização e educação que ele fez com os homens e o contato com a natureza”, acredita.
Sinfonia Inacabada é resultado de uma idéia da jornalista e escritora Lilian Dreyer e de quatro anos de trabalho. “Eu conhecia o Lutzenberger há muito tempo, tive o prazer de trabalhar com ele. Sugeri um livro de memórias e ele aceitou”, conta a autora. Um ano depois de iniciado o trabalho, Lutz morreu, e o livro de memórias acabou se tornando uma biografia.
Lilian revela que narrar uma vida como a do ilustre cientista porto-alegrense foi seu maior desafio, quando escreveu a biografia. “É difícil resumir e mostrar a vida interessante dele. O Lutzenberger era uma pessoa ímpar, é impressionante a coerência entre sua personalidade e o que ele pregava. Ele realmente vivia o que pregava”, assegura.
A publicação, da Vidicom Edições, foi possível graças à lei federal de incentivo à cultura. Apesar das 518 páginas, a escritora garante que, “se todas as histórias interessantes que ele viveu fossem contadas, o livro teria três volumes”. Mais do que imortalizar no papel a vivência do ecologista, Lilian destaca a experiência proporcionada pelas muitas horas de dedicação ao projeto. “Mergulhar assim foi uma transformação pessoal”.
Lutzenberger e a Paisagem (editora Paisagem do Sul) mostra o trabalho paisagístico do ambientalista. Suas realizações na área não tiveram a mesma repercussão das lutas ambientais, mas foram importantes o suficiente para o fotógrafo Paulo Backes reunir todas em um livro que mescla texto com belas imagens.
“Minha principal motivação foi difundir o pensamento paisagístico de Lutzenberger”, afirma o autor. “É importante que as pessoas saibam que ele tinha ideais diferenciados sobre o assunto, a crença em uma interação entre os fatores naturais, como o solo e as rochas, e os biológicos, como o homem e a fauna. E ele sabia respeitar tudo isso”, completa.
A convivência com quem ele chama de “mestre do conhecimento” foi uma lição, especialmente quando observava Lutz lidando com elementos do meio ambiente. A obra, de 208 páginas, dá enfoque a paisagens admiradas pelo ambientalista – como o Pampa.
Também há espaço para trabalhos do ecologista, como o Rincão Gaia, feito sobre uma antiga jazida de basalto. A seleção privilegiou o retrato do trabalho do ambientalista em lugares “machucados” pelo homem. “É o caso do parque da Riocell [hoje da Aracruz]. Ele queria sempre ‘consertar’ a natureza”, observa Backes.
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