Maior crise, a da informação

Em 2001, um cálculo do Tribunal de Contas da União estimou em 45 bilhões o prejuízo pelo “apagão de FHC”.
O ex-ministro Delfim Netto chegou a detalhar a conta e constatou que cada brasileiro, além dos transtornos que teve,  pagou 320 reais .pela imprevidência do governo.
O susto levou à construção de grandes hidrelétricas e a um grande programa de investimentos em usinas térmicas a gás, biomassa, carvão, óleo, eólicas.
Essas providências deram dez anos de situação confortável em termos de energia no país. Tanto que se apregoou: apagão nunca mais.
Dez anos depois, o governo foi surpreendido por uma estiagem que esvaziou os reservatórios e levou os primeiros sinais da crise às populações do Sul/Sudeste.
Desde 2012 a situação no verão é crítica. O abastecimento tem sido garantido pelo funcionamento das térmicas, operando no limite, com altissimo custo.
Principalmente no Rio Grande do Sul, ponta do sistema nacional, que depende das hidrelétricas da Bacia do Iguaçu, no Paraná.
Em seu balanço de 2012, a usina  de Barra Grande (da Baesa) registrou vazões abaixo da média histórica do Rio Pelotas de fevereiro até dezembro. Registraram-se os níveis mais baixos em 82 anos nos meses de abril e maio.
Em fevereiro de 2013, o sistema elétrico brasileiro entrou em pânico com o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, e o  ministério da Energia colocou todas as térmicas em prontidão.
Até a usina térmica de Uruguaiana, que é privada, desativada há cinco anos por falta de combustível, foi reativada às pressas.
Um acordo binacional teve que ser firmado para que o gás comprado pela Petrobrás em Trinidad Tobago e transportado em navio em estado líquido pudesse ser regaseificado em território argentino, no terminal de Bahia Blanca e bombeado pelo gasoduto argentino até Uruguaiana.
O custo dessa energia de emergência é alto. Dez vezes mais do que a energia mais barata, de origem hidráulica.
Também entraram em ação, a altíssimo custo financeiro e ambiental,  velhas térmicas a carvão, que já deviam estar desativadas. Uma delas tem 60 anos.
E assim tem sido nos três ultimos verões. Mas os brasileiros que se informam pelas corporações de mídia acham que a crise da energia começou agora.
Assim como a crise da água em São Paulo, Rio e Minas.
Sim, foram publicadas notícias e artigos, pontuais, que sumiram na poeira do instantaneísmo que assola as redações. Nada perto da importância que deveriam merecer.
Quero dizer: a imprevidência dos governos, qualquer deles, tem muito a ver com o jornalismo que se pratica nas grandes corporações midiáticas, sedentas por manchetes e sensacionalismo, para mover sua máquina de vendas.
Equipes reduzidas, carga de trabalho alta, instantaneidade, superficialidade.
Nesse ambiente, o mandamento clássico do jornalismo – “informar o que acontece” – vai sendo cada vez mais substituído pelo bordão do Chacrinha: “Vim para confundir, não para explicar”.
Com a população mal informada, puderam os políticos e os governos ir evitando providências que gerariam desgaste (racionamento, por exemplo) mas que seriam importantes, para que não se chegasse ao ponto em que chegamos, de calamidade nacional.
Agora, só resta aguardar que o professor Delfim Netto faça o cálculo para saber quanto vai nos custar o “apagão de 2015”.

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Comentários

2 respostas para “Maior crise, a da informação”

  1. Avatar de Diogo Terra
    Diogo Terra

    É bem por aí.

  2. Avatar de Ferreira
    Ferreira

    tchê, faltou dizer que:
    – a reclassificação de usinas como de a Belo Monte para “fio dágua” atendendo discursos demagógicos da então ministra Marina Silva, prejudicou muito a produção em kW das novas usinas hidro, então planejadas.
    – querendo ou não, os políticos não tem coragem de tocar no assunto, mas a discussão sobre a construção de novas usinas atômicas no Brasil já esta atrasada. Não existe outra solução.
    e não acho que o quadro seja dessa cor
    mas merece muita atenção.
    a†é

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