Carla Ruas
Os funcionários da Varig apresentaram nesta quinta-feira (22/12) na Assembléia Legislativa o Plano de Recuperação Judicial da companhia, aprovado pelos credores em assembléia, no dia 19 deste mês. A idéia é salvar a empresa, a partir de uma reestruturação das áreas de operação, financeira e de gestão. “A nova estratégia venceu com 86% dos votos dos credores”, conta Paulo Rabelo de Castro, consultor econômico da Associação dos Trabalhadores do Grupo Varig, formada para a recuperação da empresa.
A proposta é reorganizar a dívida de R$ 8 bilhões da companhia, com o pagamento realizado em parcelas e somente depois de três anos de carência. Desta maneira, a empresa fica com um perfil financeiro e operacional atrativo para novos investidores.
O novo quadro societário terá controle sobre a Varig através da implantação do Fundo de Investimento e Participação – Controle (FIP). Este fundo terá o aporte de todas as ações devedoras, tendo como administrador um banco comercial de primeira linha. “Em 60 dias a empresa inicia o processo de leilão entre os interessados”, afirma Marcio Marsillac, vice-presidente da Associação de Pilotos da Varig, APIVAR.
Marsillac conta que o atual presidente da companhia, Marcelo Bottini, permanece na direção durante o processo de transformação da Varig. “Ele será o gestor interino, durante a constituição dos FIP e condução do processo gerencial da empresa até a designação de um administrador pelo processo do FIP – controle”.
A recuperação projetada de Margem Operacional é de 3,7% em 2006 e 8,6% em 2010. Neste ano, a empresa fechou no vermelho, com –4,6%. “Isto ocorreu por uma má gestão de Omar Carneiro da Cunha, que estava na presidência da Varig”, acredita Marsillac. Cunha foi demitido em novembro, quando foi anunciado o prejuízo deste ano, que contabiliza R$ 778,130 milhões. Posteriormente, a Fundação Rubem Berta foi afastada da gestão administrativa da Varig pela Justiça.
Para Marsillac, apesar de quatro anos em crise, os funcionários estão em clima de esperança: “Demos o primeiro passo em direção à recuperação, com um plano aprovado pela grande maioria dos credores, agora temos que tirar as idéias do papel e colocar em prática”.
Assistiram à apresentação do deputado estadual Vieira da Cunha (PDT), coordenador da Comissão de Representação Externa da Varig e a deputada federal Yeda Crusius (PSDB), coordenadora do grupo parlamentar misto em defesa da Varig.
Para Vieira da Cunha, ocorreram avanços importantes nos últimos dias para o fortalecimento da companhia. “A assembléia de credores foi um passo essencial, e logo ocorrerá um encontro de contas entre a empresa e o governo federal.”
Tramita na Justiça um recurso para o pagamento de quase R$ 4 bilhões da União à Varig, provenientes de perdas decorrentes de planos econômicos. Caso esta dívida seja reconhecida pelo governo, ela mudaria o perfil do endividamento da empresa aérea. “A bancada do estado do Rio Grande do Sul e a bancada federal sairá em busca do apoio político das autoridades federais para que isto ocorra o quanto antes”, afirma o deputado. Durante a assembléia ficou definido que as comissões políticas irão marcar uma reunião com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para tratar do assunto.
“Ou este plano dá certo ou a companhia vai fechar, seja pela justiça brasileira ou americana”, afirma Marsillac. Empresas de leasing norte-americanas solicitaram para a Corte de Nova Iorque a falência da companhia brasileira nos Estados Unidos. O motivo é o atraso no aluguel de aeronaves. A Varig conseguiu adiar a decisão, mas para a próxima reunião com a corte, no dia 12, a casa tem que estar “em ordem”.
Também estavam presentes nesta reunião os deputados Jair Soares (PP), Estilac Xavier (PT) e Manoel Maria (PTB), assim como o secretário do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais do RS, Luís Roberto de Andrade Ponte, e o vice-presidente do Banrisul, Urbano Schmitt. A deputada federal Luciana Genro (PSOL-RS) também participou da reunião.
Deixe um comentário