Meu canto é tri legal

Filme conta a trajetória de formação de Porto Alegre, desde seus primórdios, há 234 anos, até os dias atuais (Fotos Divulgação)

Naira Hofmeister
A senhora ao meu lado chorou, e não deve ter sido a única. As belas imagens aéreas que Jaime Lerner captou de um helicóptero, mostram uma Porto Alegre desconhecida dos nossos olhos. Os coqueiros da Osvaldo Aranha, a extensão da Borges de Medeiros, os tons esverdeados dos parques em meio à selva de pedras da urbanização. Diferentes perspectivas pictóricas unidas a pontos de vista também distintos sobre a cidade.
Porto Alegre, meu Canto no Mundo já inicia com uma grande sacada dos diretores: a partir de um texto de Saint Hilaire sobre a tomada da cidade pelos Farroupilhas, Cícero Aragon e Jaime Lerner montaram imagens de um Gre-Nal. A eterna dicotomia da cidade está viva desde sua gênese. Gremistas e Colorados, Chimangos e Maragatos, Farroupilhas e Imperialistas, Petistas e Anti-Petistas. A cidade se divide: os ânimos sempre acirrados.

Cenas de documentários e fotos antigas da gênese da cidade …

Outro ponto positivo do documentário foi o resgate histórico, que fugiu ao clichê, que fatalmente, seria chato. Não há referências demasiadas à high-society, mas não esquece de Eva Sopher e a essência do Theatro São Pedro, palco de antológicas apresentações, como a do compositor Villa-Lobos. Nas palavras do mesmo Saint Hilaire, Porto Alegre mostra-se uma cidade provinciana, com grande importância dada à convivência social, cultivada até hoje.
Ao contrário, os marcos da história porto-alegrense são no Areal da Baronesa, onde Giba-Giba conta que, no espaço de duas quadras, existiam cinco escolas de samba. Ou no Bom Fim e no Rio Branco, onde conviviam as mais variadas culturas – germânica, negra, judaica. A cultura porto-alegrense para Sandra Pesavento e Sérgio da Costa Franco, passa obrigatoriamente pelo Beco do Mijo, e outros lugarejos não exatamente nobres.
Finalmente, Luiz Fernando Verissimo recorda a cidade que não existe: a Rua da Praia, as praças da Matriz e da Alfândega e outros lugares de cidade que qualquer porto-alegrense conhece, mas não estão no mapa, pois, oficialmente levam outros nomes.

… são intercaladas com recostruções de fatos históricos.

Além dos depoimentos , o elenco ficcional da trama é encabeçado por Roberto Birindelli e Luiz Paulo Vasconcelos e a bela trilha sonora, composta originalmente para a obra, é assinada por Daniel Sá, a partir de músicas de uma turma bem conhecida das ruas do porto: Renato Borguetti, Nenhum de Nós,  Vitor Ramil, Frank Solari, Neto Fagundes, Hique Gomes, Radio Esmeralda, Bebeto Alves e Arthur de Faria.
As locuções do documentário também são feitas por um time de peso, formado por Lauro Quadros, Lasier Martins, Haroldo de Souza, Luis Carlos Reck, Mari Mesari e Pedro Ernesto, entre outros.
Bairrismo ou não, o fato é que filme levantou o público das poltronas ao seu final (se bem que, embalados pela cervejinha servida antes da sessão, mal subiram os créditos, a fila no banheiro já virava a esquina).
Na noite dessa sexta-feira, 24, o público terá outra oportunidade de assistir Porto Alegre, Meu canto no Mundo, dessa vez no Largo Glênio Peres, a partir das 20h, com entrada franca. A exibição marca os cinco anos do projeto RodaCineRGE, de cinema itinerante, que realiza sessões públicas por todo o estado, sempre ao ar livre e com entrada franca.
É bom aproveitar, pois o filme deve ter problemas para ser distribuído – mas, provavelmente ganhará sessões, ao menos na Sala P. F. Gastal – já que a verba está tão curta que a cópia que circula por enquanto, ainda é digital.
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