Moacyr Scliar retrata o Brasil político dos anos 30

Por Liège Copstein
Moacyr Scliar, autor da mais portoalegrense das literaturas universais, é hoje um imortal da Academia, prolífico escritor responsável por mais de 80 livros em vários gêneros: romance, conto, ensaio, crônica, ficção infanto-juvenil.
Publicado em mais de vinte países. Premiado, incensado, suas histórias ambientadas no bairro do Bom Fim e vizinhanças falam ao coração de qualquer um, em qualquer lugar do mundo. Mas o romance que Scliar está lançando nesta Feira do Livro é daqueles em que ele sai do gheto.
É a história de Valdo, rapaz idealista e apaixonado. A ideia de que a desigualdade fosse uma injustiça e de que houvesse pessoas lutando pelo fim da opressão social muda sua vida e o leva a deixar a estância onde vive rumo ao Rio de Janeiro, onde pretende entrar para o Partido Comunista.
Lá, acredita, o lendário líder do Partido, Astrogildo Pereira, haverá de recebê-lo de braços abertos para conduzi-lo em pessoa às fileiras da militância, onde finalmente sua vida ganhará sentido.
Mas, Astrogildo não está no Rio. Foi a Moscou, sem data para voltar. E Valdo não tem dinheiro. Em vez de lutar para libertar a classe oprimida, torna-se ele próprio um assalariado, operário da construção.
Para piorar as coisas, ele trabalha na obra que culminará num imenso ícone da alienação: o Cristo Redentor. Com o cenário efervescente do Brasil dos anos 30, Eu Vos Abraço, Milhões, da editora Companhia das Letras, parece trazer como personagem principal mais um dos incríveis visionários característicos da obra de Scliar.

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