Moradores da Cidade Baixa se mobilizam para tirar o carnaval do bairro em 2019

Quem pulou o carnaval na Cidade Baixa esse ano, possivelmente, desfrutou da última vez que tal evento aconteceu no bairro. Porque se depender dos moradores da região, os festejos de Momo em 2018 foi a prova contundente que a folia não pode ser mais realizada no local, devido aos transtornos e prejuízos causados.
Eles vão pressionar as autoridades de todas as maneiras para que em 2019 a festa seja realizada em local bem distante do bairro.
A repercussão nos veículos de comunicação e nas redes sociais contra a bagunça na Cidade Baixa foi grande na Quarta-Feira de Cinzas.
O cenário pela avenida Lima e Silva e ruas da República e Sofia Veloso na manhã do pós Carnaval era um só: muita sujeira e detritos pela via pública e forte cheiro de urina.
Em praticamente todos os edifícios e casas da região havia pessoas lavando as calçadas e limpando com desinfetantes as frentes das construções.
Foram recolhidas no local, segundo o DMLU, 300 toneladas de lixo na última noite de carnaval.
O grande problema na visão dos integrantes da Associação Comunitária dos Moradores da Cidade Baixa é o evento ser realizado nas ruas internas do bairro.
O presidente da entidade, Zilton Tadeu, argumenta que, após a apresentação dos blocos, uma parte considerável do público não se dispersa. As apresentações ocorrem das 15hrs às 21hrs.
Problemas agravados
Os transtornos para os moradores ocorreram até em dia que não havia apresentação de bloco.
Na noite da segunda-feira de Carnaval, as ruas Lima e Silva e República foram tomadas por um público que impediu o tráfego de carros por vários momentos e perturbou o sono dos moradores, sem que a Brigada Militar ou a EPTC intervissem para a normalidade. No dia seguinte havia grande quantidade de lixo nas ruas e como não havia nenhuma infraestrutura para receber o público, os problemas se agravaram.
Quando foi negociado um acordo para o carnaval na Cidade Baixa, com participação do Ministério Público, Prefeitura, Brigada Militar e representantes dos blocos e da associação dos Moradores, concluído no início de janeiro, o tenente coronel Eduardo Amorim, comandante do 9º Batalhão da BM, responsável pelo policiamento da área central de Porto Alegre, defendeu a retirada do carnaval da região. Foi voto vencido.
Ele sugeriu que os blocos fizessem um percurso que saía do Largo Zumbi dos Palmares, seguia pela avenida Loureiro e Silva e a dispersão seria no Parque da Redenção. Os representantes dos blocos alegaram que nem todos os blocos se movimentam e que a maioria tem uma ligação histórica com o bairro. Os moradores também se posicionaram contra o carnaval, mas, por fim, cederam, satisfeitos em parte com a diminuição de dias do evento, que passou de 14 programados para oito.
Festa popular
A moradora na rua da República, Maria do Rocio Teixeira, foi uma das pessoas que se sentiu prejudicada com a movimentação no bairro e desabafou nas redes sociais: “Mas realmente este Carnaval foi demais! Extrapolou todas as medidas e acabou com a paciência e a tolerância de muita gente… a Cidade Baixa, o bairro onde moro a 40 anos, se transformou na “latrina” da cidade… num lixão a céu aberto! O desrespeito e o descaso do Poder Público (que por sorte estava festejando além mar!!) e da própria população da cidade chegaram a níveis inexplicáveis! O barulho, a “horda” que invadiu o bairro estão demais. A polícia circulava calmamente na segunda-feira, sem enxergar o que acontecia ao seu redor… O Zaffari, que só fecha quando é imprescindível, ontem estava cerrado! Não pude descer na frente do meu prédio, às 10 horas da noite, porque um carro com um som daqueles que estacionam na beira da praia, simplesmente trancou a entrada”, escreveu a moradora.
“O carnaval em si não tem problema, afinal é uma festa popular. O problema são os danos que ele ocasiona. Estão fora de controle”, diz Armando Albuquerque, 68 anos, morador no bairro há 26. Ele levou dois netos, crianças, cedo para ver a folia na terça-feira e antes do anoitecer se retirou. “Com a noite muda completamente o ambiente”, explica.
A Associação dos Moradores do Bairro juntou depoimentos, vídeos, fotos e todo tipo de documentação para levar na reunião que vai haver em março, com os representantes da Prefeitura e demais entidades para defender sua posição. Julga assim que é muito difícil que não seja atendida.
A entidade, em sua apresentação, faz um diagnóstico severo da Cidade Baixa, agravado com os festejos do carnaval:
“Hoje há uma acelerada degradação da qualidade de vida de nosso bairro, com o aumento da violência, do barulho, da sujeira nas calçadas e do trânsito caótico nas ruas. Há bem pouco tempo um aprazível e tradicional bairro residencial de Porto Alegre, a Cidade Baixa transformou-se num “território sem lei”, conforme constatou um grande jornal da cidade recentemente. Brigas entre frequentadores de bares e casas noturnas, tiroteios em plena rua, assaltos à mão armada, mortes, tráfico e consumo de drogas a céu aberto, furtos de veículos, lixo nas ruas, engarrafamentos, buzinas a qualquer hora, passeio público transformado em estacionamento, tudo isso passou a fazer parte do quotidiano do bairro. As pessoas não têm mais sossego, nem segurança. São cada vez mais frequentes os relatos de moradores que só conseguem dormir à base de tranquilizantes. Os efeitos disso sobre a saúde, todos sabem, são devastadores”.
 

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