Movimento pede nova discussão sobre Cais Mauá

Um movimento integrado por mais de uma dezena de entidades, empresas e moradores de Porto Alegre está pedindo que a prefeitura inicie um debate sobre o futuro do Cais Mauá, no Centro Histórico da Capital.
“Queremos dar uma cachoalhada na opinião pública, que parece meio apartada dessa situação”, explica uma das articuladoras do grupo, a jornalista Katia Suman.
Na noite de sexta-feira (13), os ativistas organizaram um “ato festivo” em frente ao pórtico de entrada do Cais, na avenida Sepúlveda, entre a Secretaria da Fazenda e o prédio da antiga Alfândega do Estado.
Durante o evento, mais de 2 mil assinaturas foram recolhidas para a causa.
Também enquanto durou a concentração, o pórtico de entrada – feito em ferro francês, o mesmo utilizado na construção da Torre Eiffel, em Paris – ficou fechado por um grupo de pelo menos 20 seguranças privados, que se somaram aos brigadianos e guardas portuários.
A entrada de pessoas era controlada e só passavam pela barreira carros credenciados ou passageiros do Catamarã, que funcionou até às 21h30.

Pelo menos 20 seguranças privados montavam guarda | Tânia Meinerz/JÁ
Pelo menos 20 seguranças privados montavam guarda | Tânia Meinerz/JÁ

Artistas se engajam na causa
Entre as apresentações artísticas da noite – financiada pelos participantes que contribuíram com o chapéu que passava de mão em mão – figuravam nomes conhecidos do circuito cultural porto-alegrense que estão engajados na causa.
“Desde que me conheço por gente acompanho a discussão sobre a cidade  e sua orla. Primeiro veio o muro, para ceifar o rio. Agora querem colocar um biombo de cimento para ser uma separação definitiva”, criticou o músico Nelson Coelho de Castro, que fez questão de sublinhar que participava como cidadão do evento.
“Chega de a cidade se resignar, se acostumar com a frieza e a feiura”, completou.
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Nelson Coelho de Castro foi como cidadão, mas deu uma palhinha | Tânia Meinerz/JÁ

Ele dividiu o microfone improvisado sobre os paralelepípedos com gente como Marcio Petracco, Bibiana Petek, Yanto Laitano, Deluce Deluce, Carlos Carneiro, e Paz com Dj Marcus Felix.
Frank Jorge, que levou sua guitarra para o incomum protesto, disse estar lá para garantir que seus filhos (com 24, 15 e 10, respectivamente) possam usufruir do espaço mais do que ele. “Há capitais, no Brasil mesmo, onde a relação entre a população e a porção de água que a margeia são muito mais intensas – como em Belém do Pará”, exemplificou.
Espigões e estacionamento incomodam
O movimento se articula para frear a chamada revitalização do espaço, que estava desativado desde 2005 (mas já ocioso como porto havia mais de 50 anos) e foi concedido a um consórcio liderado por um grupo espanhol.
Embora os empreendedores justifiquem que a intervenção será positiva para a cidade – que poderá frequentar novamente o espaço transformado em área de lazer, com os 11 armazéns tombados pelo patrimônio histórico restaurados – os ativistas criticam o modelo de projeto imposto pelo consórcio e cobram da prefeitura da Capital um debate mais amplo.
Eles também estão desgostosos com a demolição de um dos armazéns, cujas características “não são as mesmas do conjunto”, segundo consta na página do empreendimento.
Ativistas não querem a derrubada de nenhum armazém | Tânia Meinerz/JÁ
Ativistas não querem a derrubada de nenhum armazém | Tânia Meinerz/JÁ

“É inaceitável que em troca da revitalização dos armazéns, haja a imposição da construção de três espigões de 100 metros (a torre do Gasômetro tem 105 metros), um hotel, um shopping center e 5 mil vagas de estacionamento”, aponta um manifesto assinado pelo grupo.
O EIA-RIMA do projeto deve estar concluído ainda antes do fim do mês. Os empreendedores calculam que as contrapartidas exigidas pela prefeitura para que o projeto se consolide devam chegar à cifra de R$ 60 milhões.

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