Naira Hofmeister
Uma reunião na noite dessa segunda-feira (06) deflagrou a união dos movimentos contrários à construção do Parque do Pontal, que se preparam para as audiências públicas sobre o projeto, quarta e quinta-feira desta semana.
Diante de um estandarte cujos dizeres eram “A orla é pública e não está à venda”, ativistas da reforma urbana, ambientalistas e integrantes dos movimentos comunitários de Porto Alegre se encontraram na sede gaúcha do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RS).
A intenção era construir em conjunto uma estratégia que amplifique as críticas ao empreendimento, que pretende erguer em uma área de 6 hectares à beira do Guaíba um shopping center, duas torres comerciais e uma praça pública.
“É um projeto que ameaça a zona Sul. Se deixarem construir ali, em pouco tempo, os moradores não terão alternativas a não ser vender suas casas para construtoras erguerem espigões. Onde passa um boi, passa uma boiada!”, alertou a integrante do Conselho Municipal do Plano Diretor, Anadir Alba.
A preocupação principal do grupo, que contava com cerca de 20 pessoas, é com o aparelhamento das audiências públicas. “Os locais escolhidos são estratégicos para contar com amplo número de apoiadores do projeto”, observou o presidente da Associação Comunitária do Centro Histórico, Paulo Guarnieri.
O ativista sublinhou que o local do primeiro encontro, no dia 8 de abril (quarta-feira) – o Salão Amarelo do Jockey Club do Rio Grande do Sul (Av. Diário de Notícias, 750) – é compreensível por ser justamente em frente à área pretendida para o empreendimento.
Entretanto, a segunda audiência, no dia 9 de abril (quinta-feira) – que foi solicitada por moradores da área central que também serão impactados pela construção – ocorrerá na Paróquia Sagrada Família (Rua José do Patrocínio, 954). “É onde tradicionalmente se reúnem movimentos conservadores, críticos do carnaval de rua e do funcionamento de bares na Cidade Baixa”, sublinhou.
Vilas farão falta
Mesmo sobre o encontro no Jockey Club paira certa desconfiança dos movimentos porque o espaço é utilizado pelo Clube de Mães do Cristal, entidade que defendeu o projeto durante sua tramitação na Câmara Municipal.
O movimento também não conta com a União das Vilas do Cristal, desfeita com a desapropriação de áreas próximas ao futuro Parque do Pontal, que deram lugar a outros empreendimentos – como o Barra Shopping – ou a contrapartidas de melhorias urbanas feitas por eles.
Para suprir essa falta, os ativistas estudam convocar moradores do Morro Santa Teresa, da vila Tronco e aqueles desalojados pelas obras do Programa Socioambiental (Pisa). “São pessoas que entendem que se trata de um processo de expulsão popular de locais onde classes mais altas querem se estabelecer”, justificou o representante do Núcleo Amigos da Terra (NAT), Fernando Campos Costa.
Os participantes também salientaram a importância de que o movimento chegue cedo aos locais das audiências, para garantir as falas de seus representantes. “Eles distribuem um número limitado de senhas”, esclareceu Anadir.
Mas para o integrante do Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente (Mogdema), José Fonseca, é preciso, sobretudo, denunciar o sistema das audiências. “Quando é que foi possível influenciar realmente um projeto depois de uma audiência? Isso é mera burocracia!”, bradou.
Vitória do “não” será lembrada
Essa não será a primeira iniciativa conjunta dos movimentos na discussão do tema. Em 2009 eles conseguiram mobilizar a cidade e venceram a consulta popular proposta pela prefeitura municipal sobre o uso da área.
Embora a pergunta feita nas urnas tenha sido se a população concordaria com a construção de residências no terreno – o que foi barrado pela maioria dos porto-alegrenses que votaram – os ativistas sempre entenderam que o “não” era uma resposta mais ampla.
“Foi um não da cidade à especulação imobiliária na orla, à exploração comercial de locais que poderiam ser amplamente utilizados por todos os cidadãos”, explicou a vereadora Sofia Cavedon (PT), única representante da Câmara a estar na reunião.
Os participantes pretendem resgatar essa votação que consideram histórica, levando inclusive, materiais como faixas e cartazes elaborados na época para reavivar o sentimento na população.
O grupo possui uma página no facebook onde a mobilização permanece de forma constante.
Movimentos se organizam para audiências públicas do Pontal
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Comentários
2 respostas para “Movimentos se organizam para audiências públicas do Pontal”
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Como é possível essa gente ser tão cega e não perceber que se esse projeto não seguir em frente aquele lugar vai continuar o lixo que está, são esses tipos de pessoas que fazem de Porto Alegre o que ela é, uma cidade atrasada, suja e sem inovação. Como querem que haja investimento para um lugar totalmente publico, com que dinheiro? A prefeitura está mais quebrada que o Estado, nada será feito se pelo menos uma parte do espaço não for destinada ao uso privado.
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Prefiro lixo do que especulação imobiliária. O lixo é bode expiatório. A constatação disso é política. Jogar lixo para justificar a entrega aos especuladores imobiliários. É a copabanização da orla, que privatiza. Estão querendo jogar o público na privada. SIMPLES ASSIM!
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