Mulheres vão às ruas contra a PEC que proíbe todas as formas de aborto

Mais de 500 pessoas, a maioria mulheres – de todas as idades, jovens, mães com seus filhos e avós, se encontraram no final da tarde desta segunda-feira, 14//11, na esquina democrática, no Centro de Porto Alegre, para protestarem contra a PEC 181, votada na última quarta-feira em comissão especial na Câmara dos Deputados, e que criminaliza o aborto em casos de estupro, risco de vida para a mulher e feto anencéfalo.

Mães com crianças também participaram do ato / Ricardo Stricher / JÁ

O grupo feminista se reuniu na esquina democrática e de lá percorreu, por cerca de uma hora e meia, ruas do Centro até a Cidade Baixa. “Só posso dizer que ser mãe é simplesmente uma escolha da mulher. E não é humano querer que alguém carregue um feto fruto de uma violência tão grande como um estupro. A maternidade não é compulsória”, disse Marina costa, estudante de direito.
Entoando cantos como “Legaliza! O corpo é nosso! É nossa escolha! É pela vida das mulheres!”, as ativistas carregavam cartazes e faixas contra a PEC e a favor do direito de escolha da mulher. “É importante que ocupemos as ruas, tenho 55 anos, e fico feliz vendo tantas jovens lutando por isso. Mas também é uma pena que tenhamos que revindicar algo que já está garantido desde o tempo da minha vó”, falou a professora Janice Quadros, que participou do ato. “O feminismo pode esclarecer as futuras gerações. Eu não tenho mais idade para gerar um filho, mas há as meninas e mulheres que sofrem violência, dentro de uma sociedade que parece regredir, temos que protegê-las. Poderia ser minha filha, poderia ser minha neta”, afirmou.
“É pelo direito de escolha e pela vida das mulheres”
Marcha percorreu  o Centro de Porto Alegre por cerca de uma hora e meia / Ricardo Stricher / JÁ

“É pelo direito de escolha e pela vida das mulheres. As pessoas ignoram os números de abortos clandestinos – para mulheres pobres, então, são feitos nas piores condições, e em vez de avançar pra discutirmos esses problemas, querem retroceder, temos que lutar”, completou a jovem Fernanda Souza, que é mãe de uma menina de sete meses – “Eu quis ser mãe, foi uma escolha, não algo imposto ou fruto de uma violência”.
Em pelo menos outras 30 cidades do país houve manifestações semelhantes, as maiores reuniram milhares de ativistas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A PEC 181, originalmente, previa a ampliação de direitos trabalhistas às mães de bebês prematuros, concedendo maior tempo de licença maternidade nesses casos. No entanto, a novidade aprovada em comissão especial formada para analisar o texto incluiu a proibição do aborto em casos de estupro e risco de vida para a mulher. O direito ao aborto legal nessas circunstâncias é assegurado desde 1940 pelo Código Penal Brasileiro. Na comissão, houve apenas um voto contra, da deputada Érica Kokay (PT-DF), única mulher presente na votação. A proposta irá agora para análise no plenário da Câmara dos Deputados.
Dados
A Pesquisa Nacional de Aborto 2016, realizada pela Universidade de Brasília (UnB), aponta que uma em cada cinco mulheres aos 40 anos terá abortado ao menos uma vez. A maior incidência foi observada entre aquelas com menor escolaridade, pretas, pardas e indígenas, moradoras das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgados no final de setembro, em todo o mundo foram registrados 55,7 milhões de abortos de 2010 a 2014. Os países em desenvolvimento, conforme o levantamento, concentraram 97% (24,3 milhões) dos 25,1 milhões de abortos inseguros.
Na América Latina, somente quatro dos 21 países permitem o aborto na rede pública de saúde: Chile, Uruguai, Guiana e México.
Jovem representou um ‘aborto clandestino’. para denunciar as agressões que sofrem quem se submete ao ato de forma inadequada / Ricardo Stricher / JÁ


 
 
 
 
 
 
 
 
 

Adquira nossas publicações

texto asjjsa akskalsa

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *