Cleber Dioni
O advogado Christopher Goulart, neto do ex-presidente da República, João Goulart, foi o primeiro a falar ontem no final da tarde aos deputados da subcomissão da Assembléia Legislativa que acompanha as investigações sobre a morte de Jango.
Christopher, que é diretor jurídico do Instituto João Goulart, com sede em Brasília, disse que recebeu da ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff os documentos relativos ao avô que estavam nos arquivos do Serviço Nacional de Informações. Também informou que a família já se prontificou a ajudar Ministério Público Federal de Porto Alegre, que investiga o caso, com os documentos que possam auxiliar a Justiça a esclarecer as circunstâncias em que morreu o ex-presidente.
Também compareceu à reunião o conselheiro do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, que falou das relações de Barreiro com os esquemas clandestinos de repressão política da época.
A morte do ex-presidente da República, João Goulart, em dezembro de 1976, em sua fazenda em Mercedes, na Argentina, está sendo investigada pela Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República e Congresso Nacional, a partir de depoimentos à imprensa, no início deste ano, do ex-policial uruguaio Mário Neira Barreiro, que disse ter participado dos planos para matar Jango. Barreiro está preso na penitenciária de Charqueadas, acusado de tráfico de armas e assaltos a carros-fortes.
O coordenador da subcomissão, deputado Adroaldo Loureiro (PDT), informou que solicitou cópia do depoimento que a Polícia Federal colheu de Barreiro e que de acordo com o superintendente-adjunto da PF, delegado Ademar Stocker, o documento deve ser enviado à subcomissão ainda nesta semana.
“Existe, desde aquela época, uma forte suspeita de que Jango não morreu de ataque cardíaco, mas que foi envenenado. A nossa missão aqui não é investigar, mas ajudar os órgãos competentes no que estiver ao nosso alcance para que se esclareça em definitivo o que ocorreu”, explica Loureiro.
Integram a subcomissão, além de Loureiro, os deputados Paulo Brum (PSDB), Marco Peixoto (PP) e Dionilson Marcon (PT). Os parlamentares têm menos de 120 dias para apresentar um relatório final dos trabalhos.

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