Nove ex-presidentes da FEE entregam carta contra a extinção ao atual gestor

Na manhã desta terça-feira, 31/10, ocorreu um novo movimento contra a extinção da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Nove ex-presidentes entregaram, na sede da instituição, uma carta ao atual gestor, Miguel Ângelo Gomes de Oliveira, manifestando a contrariedade do grupo com a possível extinção das atividades da FEE.
Os ex-presidentes se dizem preocupados com a integridade da instituição, de seus servidores e com a continuidade dos trabalhos desenvolvidos, que eles consideram essenciais para o planejamento do Estado, especialmente em momentos de crise.
“A FEE preserva o maior acervo de informações estatísticas, sociais e econômicas sobre o Rio Grande do Sul”, diz parte da carta aberta, que também coloca. “É impossível conhecer o Estado, compreender suas especificidades, grandezas e desafios abrindo mão de conhecimento, análise e informação produzidos no casarão amarelo da Duque (patrimônio cultural que abriga patrimônio científico e humano). Esta instituição conta com um corpo técnico selecionado por concurso, sem interferência política, com metas sustentadas em critérios meritocráticos de produção. Trata-se de conhecimento técnico e científico de pesquisadores líderes nas suas disciplinas, somando 38 títulos de doutorado e 94 de mestrado. Aí está a grande riqueza da FEE: sua inteligência, até hoje respeitada. É essa inteligência que produz e preserva 993 variáveis sociais e econômicas, com dados desde 1970, de acesso aberto e gratuito — ferramenta que é base fundamental para diversos setores da sociedade: governo, empresas, universidades e empreendedores”.
Atual presidente diz que processo de extinção está em curso e não será freado
O presidente Miguel Ângelo Gomes de Oliveira falou com o grupo de ex-presidentes por cerca de uma hora e reiterou a posição do governo de extinguir a FEE, o que deve ser finalizado no primeiro trimestre de 2018.
Com decisões liminares que impedem a demissão de funcionários com mais de três anos de casa, o processo de desmonte deve começar com a dispensa de servidores com menos de três anos.
Veja abaixo a íntegra do documento entre pelos ex-presidentes:
CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA
A defesa da FEE é a defesa do interesse público
Compreendendo que o compromisso e a missão pública se revelam no respeito à integridade das instituições, de seus acervos e de seus servidores, nos reunimos com o único propósito de zelar por um patrimônio de conhecimento socioeconômico que remonta mais de um século de história. Em momentos distintos, vinculados a diferentes projetos ideológicos, tivemos a oportunidade de comandar esta Fundação de reputação irretocável, capacidade técnica reconhecida nacional e internacionalmente e contribuição estratégica para a tomada de decisão e o planejamento público.
A FEE preserva o maior acervo de informações estatísticas, sociais e econômicas sobre o Rio Grande do Sul. No momento em que o Governo dá curso à possibilidade de sua extinção, manifestamos nossa preocupação com o destino que será dado ao acervo da instituição e com a continuidade das atividades. É impossível conhecer o Estado, compreender suas especificidades, grandezas e desafios abrindo mão de conhecimento, análise e informação produzidos no casarão amarelo da Duque (patrimônio cultural que abriga patrimônio científico e humano). Esta instituição conta com um corpo técnico selecionado por concurso, sem interferência política, com metas sustentadas em critérios meritocráticos de produção. Trata-se de conhecimento técnico e científico de pesquisadores líderes nas suas disciplinas, somando 38 títulos de doutorado e 94 de mestrado. Aí está a grande riqueza da FEE: sua inteligência, até hoje respeitada. É essa inteligência que produz e preserva 993 variáveis sociais e econômicas, com dados desde 1970, de acesso aberto e gratuito — ferramenta que é base fundamental para diversos setores da sociedade: governo, empresas, universidades e empreendedores.
As assessorias da FEE para o Governo atendem áreas estratégicas e geram economia aos cofres públicos.
Na gestão de cada um que subscreve esta carta pública, necessidade de superação, insolvência financeira, demandas por mudanças estruturais se apresentaram em maior ou menor medida. Nunca houve, no entanto, desconsideração com a inteligência e as ferramentas necessárias para planejar. Porque situações complexas requerem planejamento e não soluções simples ou voluntariosas.
A FEE, ninguém poderá afirmar o contrário, é relevante para o interesse público do Rio Grande do Sul. Seu estoque de conhecimento acumulado por décadas é ainda mais decisivo neste momento crítico, e não o contrário. Ao invés de serem perseguidos, os técnicos desta instituição deveriam ser consultados. E, na verdade, o são. A cada duas horas, as informações e as análises produzidas pelos pesquisadores da FEE são fontes nas imprensas gaúcha e nacional. Além do portal da FEE, que se consolida como a maior fonte de informações socioeconômicas sobre o RS, ultrapassando dois milhões de visualizações em 2016, a inserção da FEE na imprensa ultrapassou a marca de 4.500 menções. De 1973 até este ano, foram mais de 2.000 publicações impressas, incluindo revistas, ensaios e livros, entre muitos outros tipos de trabalho. Essas informações são insumo no desenvolvimento dos tantos projetos, assessorias e consultorias que a FEE realiza para atender a demandas estratégicas do Governo estadual.
O reconhecimento sobre a relevância desse trabalho é dado pela imprensa, por lideranças de entidades e instituições da área de atuação da FEE, por autoridades, pesquisadores e acadêmicos dos mais diferentes matizes políticos. Tais posições estão presentes no manifesto em defesa da instituição, que recebeu a assinatura de centenas de pessoas e de entidades muito representativas para os interesses e desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul.
Cientes da contribuição desta instituição e de seus técnicos para superar os desafios do Estado, nos colocamos à disposição para estabelecer o diálogo, auxiliar na compreensão da relevância desta Fundação e na valorização de seu excepcional corpo técnico. Encerramos com um trecho do manifesto que pode ser acessado e assinado aqui.
“Por se tratar de uma instituição de pesquisa aplicada, com tarefas que abrangem o cálculo e a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e dos municípios, o acompanhamento do mercado de trabalho e a avaliação das políticas públicas, sua autonomia, tanto em termos teórico-metodológicos quanto em relação à sua administração, é um aspecto fundamental para a credibilidade dos trabalhos realizados, como ocorre nas mais renomadas instituições mundiais.”
Assinam esta carta os ex-presidentes da Fundação de Economia e Estatística
Antonio Carlos Fraquelli (1975/1993-1995/2006)
Joal de Azambuja Rosa (20/01/1981-1985)
Mario Baiocchi (1985-1987)
Wrana Maria Panizzi (1989-1991)
Rubens Soares de Lima (1995-1998)
José Antonio Fialho Alonso (1999-2003)
Aod Cunha (2003-2006)
Adelar Fochezatto (2007-2011)
Adalmir Antonio Marquetti (2011-2014)

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