Lá se vão mais de 17 anos da lei que permitiu a venda do terreno do antigo Estaleiro Só, na zona sul de Porto Alegre, para um empreendimento imobiliário. Nesta terça-feira, 12/06, após 14 versões, e inúmeras adaptações, o projeto para o espaço entre a Fundação Iberê Camargo e o Barra Shopping Sul foi apresentado: em uma área de 50 mil m² e com investimento de R$ 300 milhões serão levantados um novo shopping center, com 163 espaços, e uma torre comercial – com hotel, centro de eventos, hub da saúde (consultórios e clínicas médicas), e escritórios. Num total de 114 mil m² de área construída.
Em um evento com cerca de 1500 pessoas, incluindo o prefeito Nelson Marchezan Júnior e secretários e com apresentação do jornalista Tulio Milman, os responsáveis pelo empreendimento lançaram o projeto e confirmaram o início das obras nos próximos seis meses e previsão de entrega em 40 meses, final de 2021.
Leandro Melnick, presidente da Melnick Even, ressaltou que o empreendimento visa além do aspecto comercial, uma nova valorização e relacionamento de Porto Alegre com o Guaíba: “O Pontal vai mudar o conceito de Porto Alegre. Vai trazer lazer e alegria para a cidade, nos conectando ao Guaíba, como sempre deveria ter acontecido”.
Já Ricardo Jornada, diretor Corporativo da BMPar, parceira da Melnick no complexo, falou que o empreendimento é o “mais relevante nos últimos 20 anos na cidade”, e ressaltou ainda: “Nossa principal contrapartida para o Município é a doação e execução do Parque Pontal, algo que vai ficar aos porto-alegrenses”.

O prefeito Nelson Marchezan Júnior, em discurso aos presentes, falou em quebra de paradigma – “Como dói em Porto Alegre mudar, foram mais de 15 anos de discussão, com espaço para a vanguarda do atraso falar os mais absurdos argumentos contrários à obra, mas ela vai sair e Porto Alegre cresce com isso”. Novamente Marchezan ressaltou a importância de parceiras privadas para gerenciamento de espaços que, segundo o prefeito, a prefeitura não possui recursos para gerir. “Temos 74 quilômetros de orla, e só com parceiras como essa é que vamos construir uma Porto Alegre do futuro”.
Para iniciar as obras, as empresas responsáveis esperam da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams) a licença de instalação do empreendimento, o que pode ocorrer já nas próximas semanas. A Smams concedeu a licença prévia em julho de 2017 e desde o começo de abril analisa a concessão da licença de instalação. “Foi um licenciamento traumático, ao longo de vários anos, mas vencemos todas as etapas, já temos todas as garantias e essa parte está vencida, falta apenas a licença final para início das obras, como o projeto já foi aprovado, com audiência pública e tudo, não deve haver empecilhos”, disse Leandro Melnick.

O Estaleiro Só, empresa construtora de navios fundada em 1850, faliu em 1995 e a área foi arrematada em um leilão judicial por R$ 7,2 milhões, dez anos depois, pela BM Par Empreendimentos. No ano de 2009 houve plebiscito para decidir sobre a construção, ou não, de torres residenciais na área. Cerca de 30 mil porto-alegrenses votaram e negaram o caráter residencial da obra. Em 2013, a BMPar e a Melnick firmaram acordo para elaborar o complexo.
Protótipo do Parque do Pontal abre em julho
Como uma das contrapartidas está previsto no local uma área verde pública, chamada de Parque do Pontal, que não chega a ser um parque, já que o tamanho é de uma praça grande. O local terá 29 mil metros quadrados, com 700 metros de orla.
Em uma tentativa de aproximar a população do empreendimento e vencer as antigas barreiras, uma área de 10 mil m² será entregue antecipadamente e aberta ao público a partir do dia 7 de julho. O investimento somente neste protótipo do Parque é de aproximadamente R$ 2,3 milhões.
O projeto urbanístico está sendo executado pelo arquiteto e urbanista Guilherme Takeda. Quando finalizado, conterá áreas com gramados, arquibancadas, mirantes para apreciação do pôr do sol, dois píeres construídos para uso do antigo Estaleiro Só, pistas de caminhadas, playground temático, bem como um Memorial do Estaleiro Só.
O espaço que será aberto ao público nas próximas semanas terá um showroom com maquete do complexo e cerca de 600 metros de orla disponíveis para caminhada, com espaços para food trucks e bicicletário.

Mais um shopping na Zona Sul
O complexo do Pontal abrigará um shopping com 163 lojas, incluindo uma megastore da Leroy Merlin, e no mínimo mais 4 lojas âncoras. Além de restaurantes, praça de alimentação e cinema de última geração. O conceito, segundo os empreendedores, é de um Life Center – espaço que une compras, conveniência e entretenimento em um local sustentável.
Hub de saúde é aposta para viabilizar torre comercial
Os 237 espaços da torre comercial vão abrigar em sua maioria consultórios médicos, em uma parceira com o Hospital Moinho de Vento, que será âncora da operação de saúde do complexo. O Moinhos prevê uma área para atendimento com clínicas pediátricas e está em análise outros segmentos a serem implantados no local.
Os escritórios e consultórios possuem entre 28 m² e 125 m² e a área estará conectada ao Shopping. Somente a torre custará cerca de R$ 160 milhões, com 20 andares, em uma altura de 83 metros, semelhante aos prédios do Barra Shopping.
As vendas dos espaços comerciais devem iniciar já no próximo semestre.
Hotel para turistas curtirem Porto Alegre
Nos primeiros andares da torre funcionará um hotel, voltado ao entretenimento e com vocação para atrair turistas. “Queremos que as pessoas fiquem na Capital, curtam o espaço. Hoje, os turistas chegam no aeroporto e vão direto pra Serra. O hotel pretende fisgar esse público”, diz Leandro Melnick.
O hotel terá 141 quartos a partir de 27 m², com restaurante panorâmico, piscina com borda infinita, além de centro de eventos para 800 pessoas de frente para o Guaíba.

Dados Gerais do Complexo Multiuso Pontal:
Área do Terreno do empreendimento: 19.761 m²
Área do Parque: 29.000 m²
Área de intervenções viárias: mais de 10.000 m²
Área total do complexo: aproximadamente 59.000 m²
Área total construída: 114.000 m²
Área para estacionamentos: 42.000 m² (com 1600 vagas cobertas)
Parceiros: BM Par, Leroy Merlin e Melnick Even
Dados do Parque Pontal:
Área do Parque: 29.000 m²
Revitalização: 700 metros de orla do Guaíba
Vagas de estacionamento de uso público: 52
Dados do Parque Pontal Shopping:
Área Construída: 91.126,05 m²
Área Bruta Locável (ABL): 25.549,34 m²
Lojas: 163 – com 5 lojas âncoras, sendo uma megaloja Leroy Merlin
Praça de Alimentação e restaurantes
Cinema: 5 salas com tecnologia de última geração, Stadium
Pisos: Três
Vagas de Estacionamento: 1.558
Previsão de entrega da obra: 2021
Geração de empregos: 1,5 mil diretos e indiretos
Empreendedores do Shopping: BM PAR
Arquiteto responsável/autoria do Shopping: Manoel Dória (Dória Lopes Fiuza)
Arquitetos Colaboradores: Jorge Debiagi e Fractal
Dados da Torre Pontal:
Área construída da torre: 23.263,67 m²
20 andares, 237 unidades de consultório e salas, 141 unidades hoteleiras
Empreendedores da Torre: Melnick Even
Arquiteto responsável: Roseli Melnick arquitetura e interiores
Arquitetos Colaboradores: Jorge Debiagi e Fractal
Principais contrapartidas (dados da prefeitura):
Executar obra de proteção contra cheias;
Implantar plataforma para estação de transporte coletivo próxima ao Museu Iberê Camargo;
Implantar plataforma para estação de transporte coletivo junto ao Parque do Pontal;
Implantar uma via local entre o empreendimento e o Parque da Orla com bolsões para estacionamento público e paraciclos;
Implantar rua local entre a avenida Padre Cacique e o empreendimento para evitar interferência no trânsito para a zona Sul;
Reformulação geométrica e funcional para ganho de segurança e capacidade viária na rotatória da avenida Diário de Notícias para acesso ao Jockey Club e na avernida Wenceslau Escobar com a Pereira Passos;
Implantar uma faixa de tráfego na Padre Cacique com Edvaldo Pereira Passos e rua Taquari com extensão de 100 metros;
Implantação de projeto geral para adequação da sinalização viária;
Implantar ciclovia;
Doar equipamentos e instalações para integrarem a Central de Controle e Monitoramento de Mobilidade (Cecomm);
Doar ao Município área de quase 22 mil metros quadrados junto à orla, que será destinada a novas vias, alargamentos viários e parque;
Projetar e executar readequações na Estação de Bombeamento de Esgoto C1.
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