Naira Hofmeister
O projeto do empreendimento previsto para a área do antigo Estaleiro Só, na zona Sul de Porto Alegre – cujos contornos serão conhecidos pela população em duas audiências públicas, em 8 e 9 de abril – é bem diferente dos estudos anteriores.
A começar pelo nome, que deixou de ser Pontal do Estaleiro e agora é Parque do Pontal. Mas tem muito mais.
No lugar dos seis, cinco ou quatro edifícios que formariam um paredão entre o Guaíba e avenida Diário de Notícias – nas versões do projeto que circularam desde que foi idealizado pelo arquiteto Jorge Debiagi, em 2003 – a proposta agora é construir apenas duas torres com 80 metros de altura, ou 22 andares e mais o “coroamento”, uma arte no topo dos prédios.
Outra diferença será a orientação da construção. Se antes a intenção era que os ocupantes aproveitassem ao máximo a visão frontal do Guaíba, nesta versão do projeto, as torres tem a frente e os fundos perpendiculares ao lago, o que, segundo a justificativa dos empreendedores que consta no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), foi uma decisão tomada para minimizar a obstrução da vista – tanto a que se tem do Guaíba estando em terra como a dos navegantes que miram o morro localizado atrás da Fundação Iberê Camargo.
Na base das torres haverá um shopping center, mas a intenção dos construtores é desenvolver um conceito diferente – tanto que eles rejeitam essa denominação, preferindo dizer que é um centro comercial “aberto”. Isso porque o térreo do empreendimento será uma espécie de jardim coberto onde estarão as lojas.
O centro da construção, que ficará exatamente embaixo das torres, será uma grande passarela de onde se poderá observar o Guaíba e o parque que será construído na orla. A altura total do shopping será de 19,5 metros e ele contará com um terraço ajardinado e telhado verde.
Parque terá 3,6 hectares
O projeto atende a determinação da emenda proposta pelo vereador Airto Ferronato (PSB), de que houvesse uma faixa de 60 metros, desde a beira do lago, livre de edificações. Tradicionalmente são apenas os 30 metros no entorno de cursos d’água que ficam protegidos, por serem considerados Área de Preservação Permanente (APP).
Graças à emenda, o parque projetado terá uma área total de 3,6 hectares. O JÁ errou ao transformar a medida do terreno, que está em expressa em metros quadrados no projeto, e havia publicado que a área verde será maior que a Redenção, quando na verdade, será cerca de um décimo do Farroupilha, que possui 32 hectares.
A matrícula do terreno dos empreendedores é de 4,1 hectares, porém, a emenda de Ferronatto “come” uma parcela de 1,8 hectares, que somados a uma área de mesmo tamanho pública, às margens do Guaíba, conformam os 3,6 hectares de parque previstos. A área construída será a menor parcela do terreno, 2,3 hectares.
No parque estão previstos recantos contemplativos da natureza: escadarias, praças, fontes e até uma prainha, na parte do terreno que limita com a APP do arroio Sanga da Morte, que desagua no Guaíba.
Referências ao passado do terreno não faltarão: haverá uma praça dos cataventos e uma das birutas, analogias à navegação e à construção de navios. E, ao longo de todo o parque, totens informativos contarão a história do Estaleiro Só, em uma espécie de memorial a céu aberto.
Das 132 árvores catalogadas no terreno, 14 são imunes ao corte, sobressaindo-se entre elas figueiras nativas, corticeiras do banhado, ingás, aroeiras vermelhas e canafístulas. No projeto anexado ao EIA não se notam muitas áreas verdes no parque. A sombra seria garantida por quiosques e pergolados ao longo de sua extensão.
Leroy Merlin se associa AO PROJETO
Outra novidade do projeto é que a BM PAR, empreendedora desde o início, se associou com a rede de lojas da construção civil Leroy Merlin. Agora ambas encabeçam o projeto, cujo custo total será de R$ 155 milhões – sendo R$ 5 milhões para implantação do parque.
Uma grande loja Leroy Merlin ocupará toda a porção à direita das torres na área do shopping (na perspectiva de quem olha do Guaíba para a cidade). O centro comercial terá ainda restaurantes e quatro cinemas, sendo um deles em 3 dimensões.
O projeto apresenta ainda “estudos” para a construção de uma marina e a utilização do trapiche atual para sediar bares e discotecas.
Inauguração será em junho de 2018
Segundo o cronograma anexado no projeto, a inauguração do shopping aconteceria em junho de 2018 e a conclusão completa do empreendimento seria em setembro do mesmo ano.
A tramitação inclui, além das audiência públicas, a aprovação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA) e das unidades de conservação no entorno – o Parque Natural do Morro do Osso e o Parque Estadual do Delta do Jacuí. Só depois destes passos é que a primeira licença seria dada aos empreendedores.
Novo projeto do Pontal reduz impacto ambiental
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Comentários
2 respostas para “Novo projeto do Pontal reduz impacto ambiental”
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“O OVO DA SERPENTE” 
 * estão “dourando a pílula” para TENTAR ENGANAR A OPINIÃO PÚBLICA mudando o nome para “PARQUE”, esta parceira com a Leroy Merlin é para não “centralizar o fóco somente na BM PAR.
 * * OBS; o tamanho do terreno de “propriedade” da BM PAR é de apenas 31 HECTARES, o restante da ÁREA É PÚBLICA E DE APPs, (isto esta bem claro na MATRÍCULA cartorial).
 * * * COMO ESTA ÁREAS PÚBLICAS MIGRARAM PARA A BM PAR COM OBJETIVOS DE “ENGORDAR A PROPOSTA” ? !- 
Eduíno, 
 Segundo os documentos que constam do EIA-RIMA, a matrícula do terreno possui 41.519,22 m², ou 41 hectares. Destes, 18.175,14 m² (ou 18 ha) devem ser transformados em parque, por conta da lei municipal 614/09. Efetivamente, ainda segundo o que está no EIA-RIMA, 17.898,23 m² (17 ha) são de área pública, que, somada à parcela livre de construções privada, configurarão o parque com um total de 36.073,37 m² (36 ha). Mas aguarde pois esse assunto seguirá em pauta no JÁ. Obrigada pela contribuição.
 
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