O que querem os estudantes com as ocupações

As ocupações escolares são um fenômeno novo na política gaúcha. Inspirados em movimentos semelhantes de outros estados, principalmente de São Paulo, estudantes ocuparam mais de 150 escolas estaduais no Rio Grande do Sul.
O processo iniciou pelo colégio Emílio Massot, no bairro Azenha. Os estudantes ocuparam a escola no dia 11 de maio e a partir daí o movimento cresceu rapidamente. Em um semana, já eram mais de 80 instituições de ensino ocupadas em todo o estado. Os estudantes criticam o atual modelo educacional e exigem maior espaço de participação.
As principais reivindicações comuns às ocupações são contra o PL 44, que cria as Organizações Sociais (OS), possibilitando que entidades privadas assumam o controle de serviços públicos como saúde e educação, e o projeto chamado de Escola sem Partido. Além destes, cada instituição tem suas pautas específicas, como falta de professores, de repasse de verbas, problemas estruturais e mais segurança no entorno das escolas.
O Instituto de Educação General Flores da Cunha, na avenida Osvaldo Aranha, é uma das escolas ocupadas. No dia 18 de maio, um grupo de cerca de 30 estudantes acampou na escola. Os estudantes desenvolvem atividades como oficinas, debates e sessões de cinema. No dia 29, os alunos organizaram um festival cultural, com diversas apresentações musicais e o lançamento de um livro, produzido artesanalmente pelos próprios estudantes dentro da ocupação.
A reportagem do Jornal JÁ esteve foi até o IE local para saber dos estudantes como eles gostariam que a escola fosse.
Frederico: A escola não ensina a pensar
“Eu sempre me incomodei com a escola, porque ela fazia de tudo para eu não ter vontade de estar aqui dentro. As vontades não são respeitadas, tudo é obrigado. A forma de ensino que a gente tem nos ensina a obedecer, não ensina a pensar.”

Frederico é profissional do teatro, atua desde os oito no grupo Falos e Stercus. Para um aluno que já descobriu seu rumo profissional, a escola acaba sendo mais empecilho do que aprendizado / Ramiro Furquim/Jornal Já32
Frederico é profissional do teatro, atua desde os oito no grupo Falos e Stercus. Para um aluno que já descobriu seu rumo profissional, a escola acaba sendo mais empecilho do que aprendizado / Ramiro Furquim/Jornal Já

Marcyelle: aulas mais práticas
“Se as aulas fossem mais práticas, a gente aprenderia bem mais. Ter aula em museu, no parque, não só vir pra cá e ficar escrevendo. O jeito como as coisas funcionam hoje não estimula o aluno a estudar.
Marcyelle Araújo tem 19 anos e é estudante do segundo ano. Quer cursar a faculdade de música e ser professora, toca violão e percussão desde os quatro anos, mas tem dificuldade com a matemática / Ramiro Furquim/Jornal Já
Marcyelle Araújo tem 19 anos e é estudante do segundo ano. Quer cursar a faculdade de música e ser professora, toca violão e percussão desde os quatro anos, mas tem dificuldade com a matemática / Ramiro Furquim/Jornal Já

Marcos: “Queremos direitos iguais”
“Uma das pautas da reivindicação é maneiras diferentes de ensinar. Tem professores novos, estagiários, que querem dar aulas diferentes, com uma música, ou alguma brincadeira, mas o professores antigos não apoiam. Nós queremos direitos iguais para todo mundo. O que os alunos falam os diretores e professores não levam em consideração.”
Marcos Felype Cruz, tem 14 anos, está na sétima série e já repetiu de ano duas vezes. Sua única dificuldade é em Língua Portuguesa. O que mais gosta no colégio é a união entre os alunos / Ramiro Furquim / Jornal Já
Marcos Felype Cruz, tem 14 anos, está na sétima série e já repetiu de ano duas vezes. Sua única dificuldade é em Língua Portuguesa. O que mais gosta no colégio é a união entre os alunos / Ramiro Furquim / Jornal Já

João: alunos não têm voz
“Além de a escola estar caindo aos pedaços, nós alunos não temos muita voz. A gente participa do conselho, mas parece que quando a gente fala eles tentam nos pular, pedem para acelerar. Isso que está faltando um pouco: a voz dos alunos.”
João Marcon é aluno da sétima série, se diz insatisfeito com a escola como ela é. Considera que o ensino não prepara bem para o Enem.
Isabela: o aluno como indivíduo, não como massa
“Estou insatisfeita com a forma como a educação funciona. Aquela coisa ainda do tempo da ditadura: o aluno sentado, olhando para a nuca do colega da frente e tentando decorar um conteúdo que vai cair no vestibular. Minha escola ideal trabalharia o aluno como indivíduo, não como massa.”
Isabela Marcon estuda no IE há 11 anos. Desde criança tem o hábito de escrever, mas, sem apoio na escola, escondia seus textos. O livro lançado pelos estudantes traz um poema seu / Ramiro Furquim/Jornal Já
Isabela Marcon estuda no IE há 11 anos. Desde criança tem o hábito de escrever, mas, sem apoio na escola, escondia seus textos. O livro lançado pelos estudantes traz um poema seu / Ramiro Furquim/Jornal Já

 

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