Os trabalhadores do lixo, tema do novo trabalho do fotógrafo Jorge Aguiar

A fotografia de Jorge Aguiar se caracteriza por se debruçar em um mundo que raramente é olhado. O dos deserdados, da população indigente, dos miseráveis e excluídos que circundam as periferias da capital e suas lutas pela sobrevivência.
A última exposição do fotógrafo está atualmente na cidade mineira de Tiradentes, depois de ter sido recusada em Porto Alegre, e aborda o espaço físico do Presídio Central e do Manicômio Judiciário. A próxima, será aberta no dia 2 de maio, no Solar dos Câmara, e tem como temática os trabalhadores do lixo, gente que ganha a vida catando o que foi posto fora pela sociedade de consumo.
trabalhadores (14)No texto abaixo, o fotógrafo Jorge Aguiar apresenta sua nova exposição:
“Se a fotografia é apenas um recurso a ser utilizado na comunicação da experiência humana, então ela serve para refletir, emocionar, provocar, construir ou destruir. Sua função artística é dizer que não estamos sós, que não estamos alheios, mortos ou prontos.
No pouco que o mundo avançou, o ser humano tem usado a arte para evoluir, compreender e enfrentar melhor o absurdo em que vive. E a fotografia não pode ser usada apenas para decorar uma parede ou um álbum com imagens jogadas em uma gaveta ou armário. A fotografia deve ser vista com os olhos e o coração. Há beleza em todos os lados. 
No circo da pobreza a beleza são os favelados, sem lona ou picadeiro. Não tem arte nem tem atores, mas tem espetáculo. O dramático espetáculo da miséria, do abandono e da indiferença. Fatos que não servem exatamente para mostrar, mas para chocar e sugerir uma mudança.
O olhar desta exposição sobre os trabalhadores da reciclagem é periférico, mostra duas grandes ideologias – capital e trabalho – que dividem o mundo e é capaz de produzir uma grande fronteira no mesmo país, na mesma língua, nas famílias, ruas e dentro de suas próprias casas. A fronteira de uma cidade a torna uma terra de ninguém.
A mostra escancara a vida de pessoas que romperam com a sociedade. O compromisso é apenas com elas e com quem vive do trabalho que a maioria tenta ignorar. A sociedade não se orgulha da periferia ou de quem viu no lixo que ela mesma produz um meio de sobrevivência.
E quanto lixo produzimos… O quanto consumimos e descartamos sem dó… Como somos capitalistas, individualistas e jogamos fora com desdém, como se não tivéssemos responsabilidade com o planeta que implora por socorro.
Somente em Porto Alegre, as 17 unidades de reciclagem conseguem vender até R$ 500 mil por mês do nosso lixo. Muitos recicladores não têm documento de identidade, não existem perante a lei. Suas parcas vidas têm apenas deveres e pesos que a sociedade joga em seus ombros.   
O Fio da Navalha | Trabalhadores é um trabalho documental em uma periferia onde tem seu grande paradoxo. As imagens confirmam a amarga falência de uma civilização, como a falta de emprego, o absurdo e o terror que rodeiam os trabalhadores brasileiros (violência e discriminação), sem os contos de fadas.
 É a lona colorida de um circo real, com 17 fotografias e 19 crachás de rostos descoloridos marcados pelas decepções e fracassos da estrada da vida.”
 Jorge Aguiar- Foto documentarista
 
trabalhadores (7)
Serviço
Exposição “O fio da Navalha/ Trabalhadores”.
Período: de 2  a 31 de maio.
Local: Solar dos Câmara – Assembleia Legislativa
Diagramação Visual: Zezé Carneiro
Colaboração no texto da jornalista Roberta Amaral
Apoio cultural: Coral Brasil e Pablo Alles Rey (Cachaças Artesanais).

Adquira nossas publicações

texto asjjsa akskalsa

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *