Geraldo Hasse
O gaúcho Lourenço Cazarré ganhou mais um prêmio literário, desta vez da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), empresa de economia mista que acaba de lançar os quatro livros escolhidos em concurso nacional de poesia, conto, romance e literatura infantojuvenil, esta a mais recente especialidade do jornalista nascido em 1953 em Pelotas e cuja carreira se consolidou em Brasília, onde foi redator do Senado.
Autor de mais de 50 livros, entre novelas juvenis, coletâneas de contos, romances e livros de reportagem, Cazarré ganhou o concurso pernambucano com a novela “Os Filhos do Deserto Combatem na Solidão” (título nascido de um verso do poeta antiescravagista Castro Alves), superando 208 concorrentes.O livro conta a história de um menino envolvido em peripécias contra seus “donos” num navio negreiro do século XIX.
“A obra se destaca não somente pelo domínio da técnica, mas também pelo tema escolhido: a história dos negros africanos trazidos como escravos para o Brasil e sua luta pela liberdade. (…) Representa um importante aporte para a compreensão da nossa história e identidade”, anotou a comissão julgadora formada pelo escritores Carola Saavedra, Márcia Denser e Antônio Carlos Viana.
711 inscrições
Realizado pela segunda vez, o Prêmio Cepe Nacional de Literatura teve 711 inscrições (146 de São Paulo, 91 de Pernambuco e 86 do Rio de Janeiro; os mineiros, que se destacavam em disputas literárias, parecem fora de forma). Dez inscrições vieram do exterior.
Além de Cazarré, foram premiados, na categoria romance, o paulista Luís Sérgio Krausz, autor de Outro lugar; no conto, o também paulista Milton Morales Filho, com Dancing jeans – Baixo Augusta e outros contos; na poesia, o pernambucano Walther Moreira Santos, com o livro Arquiteturas de vento frio.
Com os R$ 20.000,00 ganhos em Pernambuco, mais a publicação do livro (R$ 35,00, 130 páginas, com belas ilustrações coloridas de Luisa Vasconcelos), Cazarré soma mais de 20 prêmios literários de âmbito nacional. É provavelmente o veterano mais competitivo do Brasil. Ganhou duas vezes o maior certame literário dos anos 80, a Bienal Nestlé, nas categorias romance (1982) e contos (1984). Um de seus livros para jovens, Nadando contra a morte, de 1998, recebeu o Prêmio Jabuti, o maior do país. Sua novela juvenil A espada do general (1988) foi traduzida para o espanhol.
Produzindo pelo menos um livro por ano, Cazarré é reconhecido como um dos principais contistas brasileiros. Nos sebos de Porto Alegre se encontram muitos dos seus livros: apesar de excelentes, poucos foram além da primeira edição. Alguns são recomendados por professores de literatura. Há contos notáveis em “Ilhados” (WS Editor, 2001) e “Exercícios Espirituais para Insônia e Incerteza” (IEL/Corag, 2012). A novela “Estava Nascendo o Dia em que Conheceriam o Mar” (Saraiva, 2011) é uma narrativa extraordinária sobre a saga de um velho e um menino que percorrem uma longa estrada para chegar ao oceano Atlântico.
Quem conhece um pouco da história pessoal de Cazarré intui que em seus escritos, sempre que a ocasião se apresenta, ele coloca seus personagens na geografia de Pelotas e arredores, sem porém denominar os lugares. Trata-se portanto de um criador que, mesmo deslocado para a capital do país, mantém a alma na província em que nasceu e se criou.
Pelotense Lourenço Cazarré ganha mais um prêmio literário
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