A pesquisa do Ibope sobre as eleições presidenciais, contratada pela Globo e pelo Estadão, para ser divulgada no Jornal Nacional, desta terça-feira (4), foi “embargada” à última hora.
Em lugar da pesquisa, o Jornal Nacional divulgou uma nota do Ibope explicando, mas o fato não está devidamente esclarecido, dando lugar a muitas especulações e boataria.
A pesquisa foi autorizada no dia 29 de agosto apresentando ao eleitor dois cenários: com Lula e sem Lula, com Haddad no seu lugar.
Na sexta-feira (31), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impugnou a candidatura Lula, com base na Lei da Ficha Limpa.
Com a decisão, a pesquisa feita no sábado, domingo e segunda, excluiu o cenário com Lula.
Como o registro da pesquisa previa os dois cenários, o Ibope recorreu ao TSE para saber ser deve divulgar. Ainda não teve resposta.
“Tão logo o TSE se pronuncie a respeito, o IBOPE informará o público e, consoante com a decisão da Corte, liberará ou não os resultados”, diz a nota Ibope.
A menos que tenha dúvida sobre a decisão que tomou, o TSE deverá liberar a divulgação da pesquisa e, então, o Ibope terá que arcar com o custo político de ter excluido o ex-presidente antes de seus recursos à Justiça se esgotarem.
Se, o STE não liberar, essa pesquisa vai virar lenda e todas as fake news serão possíveis.
Em todo caso fica a pergunta: por que o Ibope decidiu fazer a pesquisa sem Lula e depois foi consultar o TSE?.
Para complicar ainda mais esta já bastante confusa eleição, o Datafolha cancelou a realização de uma pesquisa que faria entre 4 e 6 de setembro porque seu questionário foi aprovado antes e contemplava o cenário com Lula. O Instituto registrou uma nova pesquisa, que será divulgada na próxima semana.
E nesta confusão toda só há uma coisa certa: Lula está no centro da campanha.
A nota do Ibope:
“O IBOPE registrou no TSE, dia 29 de agosto, cinco dias antes da data de divulgação, como prevê a lei, pesquisa eleitoral sobre a intenção de votos nos candidatos à presidência da República, sendo os contratantes a TV Globo e o jornal O Estado de S. Paulo.
Naquela ocasião, o PT havia solicitado o registro de Luiz Inácio Lula da Silva como seu candidato e aguardava definição a respeito do Tribunal Superior Eleitoral. Por esta razão, como fez em pesquisa anterior, o IBOPE registrou no TSE pesquisa com dois cenários.
O primeiro, com o nome de todos os candidatos com registros solicitados ao Tribunal, incluindo Lula. O segundo, com o nome de Fernando Haddad, candidato a vice-presidente na chapa do PT, apontado como eventual substituto de Lula em caso do então provável indeferimento de sua candidatura.
Ocorre que na madrugada de sábado, dia 1° de setembro, o plenário do TSE, sem aviso prévio de que julgaria o feito, indeferiu o registro da candidatura de Lula e proibiu que o ex-presidente participasse, como candidato, de atos de campanha ou da propaganda eleitoral no Rádio e na Televisão.
A Corte determinou também que o nome de Lula fosse retirado da urna eletrônica e concedeu 10 dias para que o PT indicasse novo candidato.
Diante disso, na manhã de sábado, antes da realização da pesquisa, e para estar de acordo com o julgamento e as determinações do TSE, o IBOPE não pesquisou o cenário com Lula, diferentemente do que constava do registro da pesquisa, aplicando apenas o cenário alternativo, tendo Haddad como candidato.
A intenção do instituto é obter o aval do TSE para divulgação do resultado dessa pesquisa, com a mencionada adequação. Foi o que o IBOPE fez hoje. Até o momento, porém, o TSE não se manifestou sobre a questão, razão pela qual, em respeito à lei, o IBOPE não liberou a pesquisa para divulgação.
Tão logo o TSE se pronuncie a respeito, o IBOPE informará o público e, consoante com a decisão da Corte, liberará ou não os resultados.”
Ou seja: o Ibope fez a pesquisa sem Lula, para seguir o que decidira o TSE, barrando sua candidatura. Mas decidiu não divulgar na data para perguntar ao TSE se havia agido certo?
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