Polícia Federal confirma versão da CGTEE

Elmar Bones

O delegado Alexandre Isbarrola, chefe da operação Curto Circuito, que investiga a falsificação de  assinaturas de diretores da CGTEE (Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica) em contratos na Alemanha, disse nesta quinta-feira, 22 de novembro, que “há fortes indícios nos autos de que a diretoria e o conselho da estatal não sabiam das garantias dadas em nome da empresa em contratos com o banco alemão KfW”.

O diretor técnico e de meio ambiente, Carlos Marcelo Cecin, que assinou quatro contratos, teria agido sem o conhecimento dos demais integrantes da diretoria. “Há inclusive carta das empresas para o banco, justificando o atraso e pedindo para que a CGTEE não fosse avisada”, relatou o delegado da PF.

Isbarrola concedeu entrevista coletiva na sede da Polícia Federal, em Porto Alegre, e fez questão também de dizer que foi a diretoria da CGTEE que levou o caso à Polícia Federal em junho deste ano. A informação foi dada quando a entrevista já havia se encerrado. Os repórteres se dispersavam quando o delegado, que saía apressado, retornou para dar a “informação importante”, de que a iniciativa das investigações havia partido da empresa.

Segundo Isbarrola, o banco alemão também colaborou  apresentando os originais dos contratos, que foram periciados  e que “não existem dúvidas” quanto as assinaturas. Em quatro contratos, nos quais a CGTEE figura como avalista  da Usina Termelétrica Winimport junto ao banco alemão, as assinaturas  de Carlos Marcelo Cecin são verdadeiras.

Nos outros oito contratos, em que os avais são dados à Hamburgo Energia e que estão assinados por Cecin e pelo diretor financeiro Clóvis Ilgenfritz, o delegado disse que as assinaturas “são todas inequivocamente falsas”. O caminho do dinheiro e o tamanho da fraude, no entanto, ainda não são conhecidos. “Essa é a próxima etapa da investigação”, afirmou o delegado.

Três empresas envolvidas

Segundo Isbarrola, três empresas estão envolvidas na fraude dos avais da CGTEE: a Usina Termoelétrica Winimport S.A, do Paraná, a Hamburgo Energia e Participações  e a Elétrica Jacuí, ambas do Rio Grande do Sul.

As duas primeiras obtiveram financiamentos do banco alemão num total de 157 milhões de euros (cerca de R$ 410 milhões) para construir 12 usinas de biomassa, quatro no Paraná e oito no Rio Grande do Sul. Cerca de 80% desse valor foi liberado pelo banco, mas não se sabe quanto entrou no Brasil. É provável que todo ou quase todo o dinheiro tenha ido direto para a CCC Machinery, também alemã, que seria a fornecedora dos equipamentos para as usinas.

A Elétrica Jacuí, que constrói a usina de Charqueadas, obteve empréstimos de 5 milhões de euros (cerca de R$ 12 milhões) diretos com a CCC Machinery, dando como garantia notas promissórias com avais falsos da CGTEE. Entre elas todas há vínculos que levam a crer numa operação planejada. “Entre a Hamburgo e a CCC Machinery há uma simbiose”, disse o delegado.
Desta vez, ao contrario de casos recentes, a Polícia Federal não quis divulgar os nomes das sete pessoas que continuam presas, desde a manhã de quarta-feira.

O delegado Alexandre Isbarrola disse que eles já foram todos ouvidos, mas serão reinqueridos e que seus nomes serão divulgados ao final do inquérito. Mas também não desmentiu os nomes publicados na imprensa, que além de Carlos Marcelo Cecin e do ex-assessor jurídico da CGTEE, Joceles Moreira, cita Alan Barbosa e Iorque Barbosa Cardoso (ambos da Cooperativa Riograndense de Eletricidade), Julio Cesar Magalhães (presidente da Elétrica Jacuí), Luciano Prozillo (Winimport) Celso Antônio Barreto Nascimento e Felipe Parisotto. Um oitavo envolvido, Erwin Alejandro Jaeger, não foi encontrado.

O delegado disse que já está provado, pela quebra de sigilo bancário, que algumas dessas pessoas receberam dinheiro para fazer aproximação entre as empresas com a CGTEE. Cecin teria recebido R$ 2 milhões, mas o delegado não confirmou o número.

Adquira nossas publicações

texto asjjsa akskalsa

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *