Polícia Federal evita roubo milionário em Porto Alegre


O túnel de 70 cm de largura e altura já estava com 80 metros (Fotos:Carla Ruas/JÁ)

Carla Ruas

Nesta sexta-feira, 1° setembro, Porto Alegre foi palco de cenas cinematográficas. Às 7h15, a Polícia Federal prendeu em flagrante 22 criminosos que cavavam um túnel de 80 metros para chegar aos cofres do Banrisul e da Caixa Econômica Federal, na Praça da Alfândega.

No mesmo horário, outros quatro foram pegos numa casa no bairro Partenon, que servia como “quartel general” do grupo. A quadrilha especializada neste tipo de ação, já havia realizado o assalto ao Banco Central do Brasil, no ano passado, em Fortaleza. A PF diz que o grupo tem ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Se fosse bem sucedido, o crime seria o mais audacioso da história da cidade – os bandidos estavam trabalhando há dois meses e meio para realizar o assalto. Eles compraram um edifício na esquina da avenida Mauá com a rua Caldas júnior, que custou R$ 1,2 milhão. Segundo o contrato, R$ 300 mil foram dados de entrada e o restante seria parcelado mensalmente até dezembro. O responsável pela compra, Fabrisio O. S., preso hoje em São Paulo.

Na operação realizada pela polícia, foram apreendidos equipamentos usados na escavação e R$ 20,5 mil em dinheiro, que serão encaminhados à perícia para verificar se a numeração coincide com a do dinheiro roubado do Banco Central em Fortaleza.

Dez dos assaltantes presos em Porto Alegre já tinham o mandado de prisão solicitado pela Justiça Federal do Ceará por ter participado deste assalto no ano passado. Conforme a PF, o dinheiro roubado, cerca de R$ 160 milhões, serviu para financiar os ataques do PCC em São Paulo.

Foi no Ceará que a polícia obteve a primeira pista de que uma ação semelhante ocorreria em Porto Alegre. Os policiais acharam um cartão telefônico com um número que levou ao criminoso João das Couves, gaúcho que pertencia ao bando de Seco e que estava envolvido com a escavação do túnel. A partir deste momento a polícia passou a fiscalizar a quadrilha na cidade, filmando a movimentação do grupo.

Segundo o superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, José Francisco Mallmann, os 22 homens presos no local eram os “peões do grupo”. Eles se revezavam durante a obra e as vezes passavam alguns dias em São Paulo.

“Nenhuma das reuniões foi realizada em Porto Alegre”, afirma. Os líderes da operação ficavam no QG da quadrilha, localizado numa casa na rua Tobias Pereira, n° 145, no bairro Partenon.

Para despistar, os peões vestiam roupas de obreiros semelhantes às de uma empresa de reforma. “Eles foram treinados, sabiam o que estavam fazendo”, afirma o superintendente. A areia retirada do túnel estava sendo guardada, possivelmente para cobrir o buraco após a ação e vender o prédio, “para não deixar pistas”.


O prédio na esquina da rua Caldas Júnior com a avenida Mauá foi comprado pela quadrilha

No primeiro piso, na sala mais próxima à rua Siqueira Campos, o grupo cavava um túnel quadrado em direção ao Banrisul, que media 70cm de largura e já tinha 80 metros. O superintendente diz que a escavação chegaria no cofre do Banrisul em duas semanas. A polícia acredita que o grupo continuaria cavando até a Caixa Econômica Federal, que fica em frente, também na rua Caldas Júnior.

Mallmann diz que a quadrilha possivelmente tinha informantes dentro dos bancos, para conseguir entrar dentro dos cofres. Além disso, eles teriam que ter acesso a mapas da rede de água e esgoto da cidade, para não atingir um cano. “Este mesmo grupo tentou uma ação semelhante em Assunción, no Paraguai, mas tiveram que abolir os planos porque enfrentaram uma inundação”, lembra o superintendente.

Os escavadores moravam no prédio, utilizando o sétimo andar como dormitório e o terceiro como cozinha. Entre os pertences, a polícia achou bebidas alcoólicas, restos de comida, panelas, temperos, roupas, cds, colchões e toalhas.

Entre os itens curiosos encontrados estavam cartas de jogos, revistas masculinas, camisinhas, remédios, um carregador de celular artesanal e a imagem de Nossa Senhora Aparecida, fixada ao alto no meio do quarto.


No prédio, a polícia encontrou panelas, roupas, bebidas e Nossa Senhora Aparecida

Operação Toupeira

A Polícia Federal se reuniu ontem das 23h até as 2h da manhã para planejar a ação, que foi realizada em conjunto com o Comando de Operações Táticas de Brasília, que veio especialmente para a apreensão. Segundo o delegado Ildo Gaspareto, a operação teve o estilo Cavalo de Tróia, porque um caminhão da polícia estacionou na rua Caldas Júnior de onde saíram cerca de 40 agentes que entraram de surpresa no prédio, armados com metralhadoras, fuzis e granadas.

“Mas realizamos toda a apreensão sem dar um tiro”, orgulha-se o superintendente. Entre os presos estava um dos líderes da quadrilha, Carlos A.S., o “Balengo”. No total, 100 agentes da Polícia Federal foram envolvidos na operação.

O superintendente diz que a polícia esperou o momento certo para agir: “Quando todos os criminosos estavam reunidos no prédio e antes que eles chegassem aos cofres, para não deixar os bancos sofrerem prejuízos”. Com as filmagens realizadas, os criminosos serão indiciados por formação de quadrilha, tentativa de furto qualificado e documentos falsos.

Numa ação simultânea, foram presos quatro integrantes da cúpula da quadrilha no bairro Partenon, onde funcionava o comando do grupo. A polícia prendeu uma mulher e três homens, entre eles Lucivaldo L. Segundo os vizinhos, a casa de 3 andares foi alugada há 3 meses por R$ 1.300 mensais. “Eles pagaram cinco meses adiantado e queriam negociar mais 6 meses”, afirma o vizinho da frente, Wagner Sain.


A casa que servia de QG ficava no bairro Partenon

Sain lembra da casa sempre movimentada durante o dia e com a presença de carros importados. “Eles faziam churrasco durante a semana e eram muito simpáticos”, diz. Os vizinhos ainda contam que os inquilinos pareciam pertencer a uma família. “Tinha sempre duas crianças brincando no pátio, uma de 3 e uma de 12 anos”. Mas a polícia diz não ter conhecimento de crianças.

A polícia encontrou a casa bem equipada com TV de 20 polegadas, roupas, brinquedos infantis, bolsas femininas, caixas de celulares recém comprados, bebidas alcoólicas e até roupa de surf. A geladeira estava lotada com iogurtes, carnes, verduras e refrigerante. Na hora da apreensão, os policiais atiraram num cachorro da raça Rotweiler que guardava a casa, mas ele passa bem no veterinário.

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Comentários

  1. Avatar de Fabio
    Fabio

    Gostaria de cavar um túnel também para poder viajar para honolulu no havai cheio da grana mas não tenho coragem,além disso só tenho uma pá,uma colher de pedreiro e uma vassoura.Com isso eu não posso cavar um túnel, portanto aceito doações voluntárias para comprar uma perfuratriz para alcançar o cofre da caixa econômica e faturar uns 500 milhões abraço beijos Fabinho

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