Porto Alegre ocupa o segundo lugar no ranking de seis capitais do País em poluição atmosférica com uma média de partículas poluentes pequenas de 22,10 microgramas por metro cúbico. É o que aponta um estudo que o Instituto Saúde e Sustentabilidade, instituição especializada em pesquisas de impacto ambiental e de saúde, acaba de concluir com apoio da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (APROBIO).
Com base numa retrospectiva a partir de 2012, quando a mistura do biodiesel ao diesel era de 5% no país, o Rio de Janeiro lidera o ranking, com 24,80 microgramas p/m³. Em seguida está Porto Alegre; São Paulo fica em terceiro, com 21,60; Belo Horizonte, 19,20; Curitiba, 18,60; e Recife, 10,25 microgramas p/m³.
Os especialistas se debruçaram sobre a quantidade de material particulado (MP) inalável – a poluição atmosférica nas capitais estudadas –, causada em grande parte pela emissão de gases na combustão do diesel fóssil. O critério é da Organização Mundial da Saúde, das Nações Unidas, de 2,5 MP por metro cúbico (m³).
Uso do Biodiesel reduz poluição, internações e mortes
O estudo também simulou cenários de evolução gradual do biocombustível na matriz veicular brasileira, chegando a 10% (B10) por litro de diesel em 2018, 15% (B15) em 2022, e finalmente 20% (B20), abaixo do que o Brasil já mistura de etanol na gasolina hoje, em 2025 e apontou que isso reduz gradualmente o número de internações e mortes.
Este ano seriam contabilizadas na região metropolitana de Porto Alegre 1.863 internações e 1.195 mortes se ainda se estivesse usando a mistura de 5% de biodiesel por litro de diesel fóssil, a chamada B5. Mas como a mistura já está em 7% (B7), 34 deixarão de ir para o hospital e 23 pessoas deixarão de morrer por doenças relacionadas à poluição do ar, com uma economia de R$ 4 milhões.
Até 2025 estima-se uma redução de 47 internações com a adição do B7; 104 com a de B10; 207 com o B15 e 308 com B20. No mesmo período, a economia seria de R$ 221 mil com o uso de B7 e R$ 1,5 milhão com B20.
Apesar dos dados preocupantes, o estudo mostra que, se a mistura do biodiesel ao diesel fosse aumentada para 20%, teríamos menos poluição, internações e mortes, com uma economia de mais de R$ 2 bilhões para os sistemas de saúde dessas capitais até 2025. Só em São Paulo e no Rio de Janeiro, a adoção de 20% de biodiesel por litro de diesel mineral, hoje limitada por lei em 7%, pode evitar 13.031 mortes por doenças respiratórias, ou mesmo o câncer, no mesmo período.
“Este estudo comprova os inúmeros benefícios do biodiesel na matriz energética brasileira”, afirma o presidente da APROBIO, Erasmo Carlos Battistella. Para ele, no ano da Conferência do Clima da ONU, a COP 21 em Paris; quando até o Papa divulga uma encíclica sobre o meio ambiente, e cidades como Santiago do Chile decretam estado de calamidade pública por causa da poluição do ar, “o Brasil não pode se furtar do emprego de um ativo importante para reduzir a mortalidade e realocar recursos nas políticas de saúde pública.” finalizou.