Dia do Leitor na Praça da Alfândega: "É hoje o aniversário do Quintana?"

HIGINO BARROS
O casal passou em frente às esculturas dos poetas Mário Quintana e Carlos Drummond de Andrade, na Praça da Alfândega, e a mulher perguntou: “hoje é aniversário do Quintana?”.
A pergunta foi motivada pelo que ela viu no local. Um grupo de pessoas reunido em frente as figuras dos poetas e alguém lendo poesia.
O fato aconteceu no sábado passado, dia sete, data que não tem nenhuma relação com Quintana, mas é o Dia do Leitor, uma efeméride como muitas que existem no País.
Aproveitando a oportunidade, amantes e apreciadores de literatura, de leitura e afins, reuniram-se durante seis horas e meia na Praça da Alfândega e celebraram o livro, declamando poesias, lendo trechos de romances, ensaios e até bula de remédio, já que no convite feito na página do evento na web era permitido ler o que bem entendesse. Inclusive lista telefônica e bula de remédio.
A diretora da Biblioteca Estadual Morganah Marcon, uma das primeiras apoiadoras da iniciativa, levou 50 livros para doação, que foram deixados em alguns bancos da praça e levados por quem passou no local. Os organizadores do evento calculavam que de 30 a 50 pessoas atenderiam ao convite feito no face book.
O jornalista Ayres Cerutti, autor da ideia da celebração, calcula que cerca de 100 pessoas, de alguma forma, se envolveram com o evento, lendo em público, pegando livros ou parando para conversar.
Sofisticação e simplicidade
Na parte da leitura, houve sofisticação, simplicidade, bom humor, emoção e outros pequenos detalhes. O jornalista Júlio Sortica, recém chegado da Espanha, leu a abertura de Metamorfose, de Kafka, de um livro adquirido em Madri. Os versos do poeta regionalista Antônio Ferreira foram declamados por Francisco Fontoura.
Como era véspera do vestibular da UFRGS, muitos estudantes do interior e familiares, hospedados na área central, circularam pela Praça da Alfândega. Três deles, coincidentemente, de Medicina, pararam, pegaram livros e conversaram com participantes do evento. O que levou à seguinte pergunta: e onde estão os estudantes de Letras, Comunicação e outras área de Ciências Humanas?
Já o jornalista Elmar Bones, lembrou do amigo Danilo Ucha, falecido em 2016, um grande amante de livros e leu um poema do russo Maiakovski, leitura incentivada na adolescência por um professor dele e de Ucha, em Santana do Livramento.
Contação de história
A psicanalista Anelore Schumann e sua colega da Escola de Poesia, Cintia Lang, leram obras publicadas na revista Ovo da Ema. A professora da UERGS, Ana Carolina realizou uma contação de história arrebatadora. O museólogo Yuri Victorino deu o tom gaiato ao encontro, ao levar e ler bulas de remédio. Dezenas de outras pessoas, conhecidas ou não, ao longo do sábado, entraram no clima do evento.
Mas quem roubou a cena em matéria de declamação foi a poeta Adélia Eisenfeld. Declamou poesias de sua autoria, cativando todos com sua empolgação e amor pela leitura, em tempos que ações culturais são pouco valorizadas, em nome da economia e gestão.
O Dia do Leitor foi tão gratificante e prazeroso para seus participantes que ficou combinado a realização de outros semelhantes, no primeiro sábado de cada mês. Com tempo mais a reduzido, mas no mesmo Batlocal, como diria leitor de quadrinhos, um jeito de começar a ler. Já que todo tipo de leitura vale a pena. Ainda mais quando realizado em local emblemático de Porto Alegre, como a Praça da Alfândega.
 

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