Precatórios: Pensionistas retomam mobilização em frente ao Palácio Piratini

Guilherme Kolling

Um grupo de senhoras associadas ao Sinapers (Sindicato dos Servidores Públicos Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio Grande do Sul) voltou a se reunir em frente ao Palácio Piratini, na tarde desta segunda-feira, 13 de fevereiro. Na semana passada, cerca de 20 integrantes marcaram presença de segunda a quinta na Praça da Matriz.

Desta vez, elas ficaram quase duas horas fazendo tricô. “É um protesto silencioso, que foi inspirado na personagem Penélope, mulher de Ulisses, que espera por anos o retorno do marido da guerra. Enquanto isso ela fica tecendo”, explica a presidente Júlia de Oliveira Camargo.

Assim como a esposa, na lenda grega, não sabia quando o guerreiro voltaria para o lar, as pensionistas não sabem quando o Governo irá pagar os precatórios. Por isso, prometem ficar em frente ao Palácio por tempo indeterminado, reunindo-se todas as segundas e quartas.

A série de atos públicos começou em 6 de fevereiro e seguiu todos os dias até a quinta-feira 9. O movimento diminuiu um pouco – não fossem as faixas e os cartazes afixados na cerca atrás dos bancos da Praça, a movimentação poderia parecer apenas um passatempo de senhoras pacatas numa tarde no Centro de Porto Alegre. Mas as ativistas, pelo contrário, são muito dinâmicas. Já conseguiram diversas audiências com o governador Germano Riogotto – que justifica para elas o problema financeiro do Estado e que não tem como fazer o pagamento –, e até a criação de uma subcomissão para tratar do tema na Assembléia Legislativa.

No primeiro dia do “tricô dos precatórios”, a presidente do Sinapers Júlia de Oliveira Camargo entregou ao Governo um documento comas reivindicações da categoria. O texto fala do movimento silencioso que elas iniciaram e sugere medidas para o pagamento, como a prioridade para as pessoas mais velhas e doentes, e o uso dos precatórios como moeda de troca, isto é, usá-lo como compensação de dívidas imobiliárias.

“As pessoas jovens ainda podem esperar, mas as mais velhas estão morrendo a cada dia sem receber o benefício”, relata a líder Júlia de Oliveira. A assistente social do Sindicato, Suzana Brignol conta que “muitos pensionistas estão passando dificuldades, alguns sendo até despejados, gente doente que não consegue pagar o tratamento, comprar remédios”.

“O governo tem que começar a pagar”, desabafa a presidente do Sinapers. O grupo já prepara um processo contra o governo por crime de responsabilidade. Foi através da Justiça que cerca de 20 mil dos 54 mil pensionistas do Estado garantiram o pagamento para do salário integral que era recebido pelo marido ou pai falecido (as beneficiárias são viúvas ou filhas solteiras). “Quem não entrou com ação não levou. Mas a Constituição nos garante os 100% da pensão”, observa Júlia.

Além de manter a mobilização e divulgar ações na imprensa, o Sinapers prepara um ato para sair em capas de jornais e nos noticiários televisivos. O Palácio Piratini será envolvido por uma grande peça de tecido, resultado do tricô dos precatórios. As organizadoras acreditam que sejam necessários de 70 a 80 metros. Pela velocidade com que elas estão trabalhando nas segundas e quartas, esse novo protesto não vai demorar.

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