Nova direção da Agapan quer vencer guerra de informação nas redes sociais

Higino Barros
“A Agapan é um milagre constante!”. Assim, em tom entusiasmado, que o novo presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, Francisco Milanez, eleito no final de junho, define a entidade. Novo? é a pergunta que se faz no caso, já que é a quinta vez que Milanez, arquiteto, biólogo e doutorando em Química da Vida e Saúde (UFRGS), assume o cargo. Pois é sua experiência de 45 anos de militância na Agapan que o autoriza a ser conduzido mais uma vez à função, pelo triênio 2017-2020.  Sua prioridade de gestão vai ser ganhar a guerra de informação que, na atualidade, é travada nas redes sociais contra os inimigos da causa ambiental. Vencida por enquanto, segundo ele, pelos agressores ao meio ambiente.
“A Agapan está sempre se renovando, através de seus colaboradores, associados e simpatizantes. É essa massa crítica que nos dá sustentação. Compramos brigas sérias e vencemos contra grupos muito poderosos internacionais. Mas nos últimos dez anos fomos ficando para trás, já que demoramos um pouco a entrar no mundo digital, onde houve uma grande disseminação de sites falsos e organizações criadas para distorcer os fatos. Exemplo é que em Tupacirentã tem um grupo denominado Clube Amigos da Terra de Tupanciretã, aliado e defensor de práticas mais danosas ao meio ambiente. Um dos seus financiadores é a Monsanto. Esse pessoal é ativo nas redes sociais. Costumam espalhar notícias falsas, divulgar pesquisas mentirosas e atacar ambientalistas”, explica o presidente da Agapan.
Bancada BBB
Com o surgimento e a atuação agressiva da bancada BBB (Bala, Boi e Bíblia) no Congresso Nacional, formada por defensores do porte de arma, do agronegócio e dos parlamentares evangélicos, os danos ao meio ambiente se ampliaram muito. “A combinação de interesses de grupos conservadores vem destruindo conquistas populares que demoraram anos para ser obtidas. Em todos os setores da sociedade. Estamos sendo pautados pela destruição. Precisamos voltar a pautar as questões ambientais. Passar da postura de resistência para sermos mais protagonistas”, assegura Milanez.
Para o presidente da Agapan uma forma de assegurar uma atuação mais pro ativa da entidade é ampliar as parcerias e contatos com as instituições de ensino, principalmente as Universidades. “Tanto o corpo docente como o discente são nossos interlocutores prioritários. E não é só na área ambiental, mas em setores como a Filosofia, as Artes, havendo campos transdisciplinares de atuação. Todas as experiências feitas nesse sentido deram ótimos resultados. Ampliamos muito o alcance e a interlocução com a sociedade”. Como resultado dessa prática, até o final do ano deverá ser feito um leilão de Artes Plásticas, com o tema da natureza, com obras que foram doadas para a Agapan. “Temos um acervo expressivo”, diz Milanez.
Segundo ele, há dois movimentos paralelos na sociedade atual. Um de maior consciência com a necessidade de preservação ao meio ambiente e o outro de ataque à essa posição. A eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, financiado pela indústria bélica e pela de petróleo, é um sinal que a luta para os defensores da natureza enfrenta adversários poderosos.
“Lógica dos governantes”
De qualquer maneira, a causa ambiental sempre foi assim. De grande interesse e grandes grupos financeiros contra um punhado de idealistas e sonhadores, com os pés no chão.  Em nível mundial, nacional e regional. Aqui no nosso Estado, por exemplo, o governador Sartori foi recentemente ao Japão oferecer vantagens para atuação de multinacionais da indústria carbonífera. Desprezando a exploração da energia eólica, onde já temos experiência e um dos parques mais bem sucedidos do Brasil e a solar, que se tornou novamente competiva. São coisas assim, inexplicáveis, que move a lógica dos governantes. Mas vamos continuar atentos, críticos e ativos contra essa lógica de gestão que beneficia os interesses econômicos em detrimento do meio ambiente ”, conclui Francisco Milanez.
Com 46 anos de atividades, a Agapan é a mais antiga organização de defesa ambiental do País. Foi fundada em Porto Alegre por um grupo de pioneiros aglutinados por José Lutzenberger e se tornou uma referência para o movimento ambientalista internacional.
 
 

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