Elmar Bones
A polêmica da casa da governadora começou com o depoimento do delegado Luiz Fernando Tubino na CPI do Detran.
Tubino afirmou que parte do imóvel de 467 metros quadrados comprado pelo casal Yeda e Carlos Crusius em dezembro de 2006, por R$ 750 mil teria sido paga por um cheque do empresário Lair Ferst, um dos principais envolvidos no desvio de R$ 44 milhões.
Mas o caso não passou dos jornais e dos discursos da oposição até o dia 14 de julho quando três representações, do PSOL, do PV e do PT, foram encaminhadas ao Ministério Público, pedindo investigações sobre a origem dos recursos usados na compra da casa da governadora.
O procurador geral do MP do Tribunal de contas, Geraldo Da Camino abriu um procedimento e notificou a governadora pedindo esclarecimentos sobre o negócio.
Na quarta-feira passada, 23, o advogado de Yeda e Carlos Crusius entregou um documento com 14 páginas detalhando a compra da casa. O imóvel, segundo os esclarecimentos, foi avaliado em R$ 900 mil, mas a venda foi efetivada por R$ 750, sendo R$ 550 mil a vista e os restantes R$ 200 mil correspondiam a uma dívida do antigo proprietário que Yeda assumiu para pagar a prazo.
Os recursos do casal teriam sido obtidos com a venda de um imóvel em Brasília (R$ 380 mil), de um apartamento em Porto Alegre (R$ 180 mil) e de um Passat (R$ 32 mil).
A explicação parecia convincente até que uma minuta de contrato de compra e venda foi obtida por advogados do PSOL e foi parar numa matéria da revista Veja que circulou no último fim de semana, com o título “Casa do Espanto”.
No documento, que não chegou a ser assinado, o engenheiro José Luis Borsatto se compromete a comprar o imóvel do proprietário Eduardo Laranja por R$ 1 milhão. Mas ele não conseguiu obter o dinheiro a tempo e o negócio foi fechado com Yeda, por R$ 750 mil.
Segundo a explicação de Laranja, ele vendeu por menos do que estava em acordado com o engenheiro, porque este não conseguia o dinheiro e ele tinha urgência. Yeda além do mais pagou a maior parte a vista.
O procurador Da Camino agora vai analisar a documentação em seu poder e dar seu parecer em 15 dias. Se acha que há dúvidas e fatos a esclarecer, poderá encaminhar ao Tribunal de Contas, pedindo uma verificação mais detalhada do patrimônio e da renda da governadora para esclarecer a origem dos recursos usados no negócios. Ou se ficar convencido, de que não há irregularidades, pedir o arquivamento.
O estrago político, no entanto, já está feito. Protestos de funcionários contra a falta de segurança em hospitais voltaram a ocupar a rua defronte a casa da governadora.