Projetos para o carvão gaúcho na bagagem de Sartori no Japão

Elmar Bones
Está na bagagem do governador José Ivo Sartori, no Japão, o projeto que embala as esperanças no carvão no Rio Grande do Sul.
É uma planta de 1,7 bilhão de dólares para produzir gás natural sintético a partir do carvão da mina Guaíba, em Eldorado, abrindo caminho para um polo carboquímico de alto impacto na economia regional.
Envolvendo outras etapas, a partir do gás, o projeto pode demandar até  4,4  bilhões de dólares (R$ 13 bilhões) para produzir diversas matérias-primas estratégicas, que o Estado importa, como metanol, amônia, ureia, entre outros.
Só um exemplo: o Rio Grande Sul poderia deixar de importar 1 milhão de toneladas de ureia por ano para suas lavouras.
A Copelmi tem desde 2014 uma parceria com a coreana Posco, para desenvolver esse projeto de gaseificação do carvão no Rio Grande do Sul.
A Posco (Companhia Aço e Ferro Pohang) é um dos cinco maiores grupos siderúrgicos do mundo e opera uma planta semelhante, para extração de gás de carvão, na Coréia do Sul.
Ela entraria com a tecnologia e equipamentos. Além dela, há grupos japoneses e o próprio banco de fomento do Japão, interessados em financiar o empreendimento, segundo o diretor da Copelmi, Roberto Faria.
Outro projeto, também da Copelmi, está no horizonte desta viagem do governador gaúcho. É uma usina térmica, com o carvão das reservas concedidas à empresa no baixo Jacuí. Prevê investimentos de R$ 2 bilhões e, segundo a empresa  brasileira, conta com financiamento japonês para o estudo de viabilidade.
Estão diretamente interessadas  neste projeto a Tokio Eletric Power Company (Tepco) que opera oito térmicas a carvão no Japão, e a Hiskawagima, fornecedora de equipamentos, que inclusive já desenvolveu uma caldeira para os padrões do carvão brasileiro.
Esses projetos ganham corpo  num momento em que o carvão gaúcho está em baixa.
Fora dos leilões de energia há mais de cinco anos, com usinas fechando, sem uma política para seu aproveitamento, o carvão enfrenta ainda restrições do ponto de vista ambiental. Para completar, a CGTEE, a estatal federal que controla as térmicas a carvão no Estado, está  agonizante. Seu futuro é incerto.
É nesse cenário que a Copelmi, a mais antiga mineradora em atividade no Sul do Brasil, apresenta dois projetos bilionários  que tem como matéria-prima exatamente o carvão gaúcho.
Suas avaliações indicam que o Rio Grande do Sul não vai encontrar alternativa mais barata do que a gerada pelo carvão para suprir sua demanda de energia. O carvão gaúcho, portanto, tem futuro. Precisa vencer os preconceitos.
Neste primeiro semestre de 2017, a Copelmi, segundo seu diretor, está concluindo a seleção dos fornecedores dos equipamentos  para a usina de gaseificação. Com o orçamento fechado, poderá então iniciar o projeto de engenharia básica, detalhada em 14 meses, para poder iniciar a construção final de 2018.
O desenvolvimento do projeto está orçado em R$ 80 milhões. Segundo Faria, a Posco está disposta a bancar parte desse investimento. Para o restante a Copelmi já tem financiamento garantido da FINEP.
“Hoje precisamos definição da compra do gás”, diz Faria.  A intenção da Copelmi é assegurar um contrato para fornecimento à Sulgás, que hoje tem sua expansão contida pela limitação da matéria-prima, o gás que vem da Bolívia.
“O que precisamos é dar garantias aos nossos parceiros, daí a importância das negociações que estão acontecendo”, diz o diretor.
O fato de a estatal Sulgás estar numa lista de empresas que o governo do Estado quer privatizar não é complicador, segundo Faria.
A  Copelmi, segundo ele, não tem capacidade financeira para comprar a Sulgás, se ela for realmente à venda. “Queremos o comprador do gás. Seja quem for o acionista da Sulgás ela vai continuar precisando de gás para entregar aos seus clientes. Uma troca de controle pode até acelerar o processo.”
O que mais atrapalha é a falta de uma política definida para o carvão. “Há uma campanha permanente contra o carvão, o governo tem que demonstrar claramente que o Estado quer um uso do carvão sustentável e de longo prazo”, diz o diretor.
A apresentação do projeto em um seminário da Fiergs, em abril, teve amplo apoio do governo do Estado, de todos os setores industriais, de lideranças políticas e de representantes das comunidades da região carbonífera. O secretário de Minas e Energia, presente ao seminário, garantiu que o projeto é prioritário para o governo estadual.
Na esteira desta viagem do governador ao Japão, está previsto para  o segundo semestre um seminário internacional para mostrar as oportunidades a investidores estrangeiros. “Na hora em que houver uma política definida, investidores e fornecedores se entendem”, diz Faria.
A Copelmi tem a concessão por 30 anos da Mina do Guaíba, na região do Baixo Jacuí, entre os municípios de  Eldorado e Charqueadas.
É uma jazida de 200 milhões toneladas, que poderia produzir por 70 anos,  estimando-se um consumo em torno de  2 ou  3 milhões de toneladas de carvão por ano.

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