Reencontro histórico

Naira Hofmeister

A alcunha de Redenção, do Parque Farroupilha, tem origem na comunidade negra que ocupou o Bom Fim no século XIX. Escravos recém libertos, sem ter onde viver, se instalavam nos campos em frente ao Casarão da Várzea, no prédio onde hoje funciona o Colégio Militar. “Redenção faz menção à liberdade, à alforria do povo africano”, aponta Guto Obáfeni, militante do movimento negro e um dos responsáveis pelo resgate dessa relação territorial entre o povo negro e o Bom Fim.

Guto (foto) é o presidente da Áfricanamente, ONG com cinco anos de atuação na periferia da cidade, que desde dezembro de 2006, ocupa o número 68 da Protásio Alves. “Foi uma comoção quando achamos esse espaço, tem tudo a ver com o trabalho de resgate da identidade negra”. Na sede da Áfricanamente, as noites são embaladas pelo som do berimbau e do atabaque.

A capoeira angola – que conserva as características do tempo da escravidão – só é praticada por oito grupos em Porto Alegre. Nas aulas são abordados música, ritmo e história da capoeira. A Áfricanamente também trabalha outros aspectos da cultura africana, igualmente distorcidos pela sociedade contemporânea. “As pessoas acham que samba é na boquinha da garrafa”, critica. A tradição dos Orixás, por exemplo. “O elemento que dava uma certa humanidade aos escravos foi, sem dúvida, a religião”, acredita Guto.

Mais que resgatar aspectos da negritude, o trabalho da ONG é tornar possível à experimentação da matriz africana na sociedade atual. O Brasil é o segundo país no mundo em população negra, atrás apenas da Nigéria. O dado só não surpreende mais do que a revelação de que o Rio Grande do Sul foi o estado brasileiro com mais praticantes assumidos do Candomblé. “Esses números não estão representados na nossa cultura”.

Centro de Cultura Negra não vinga

Dezoito meses depois da assinatura do convênio entre Governo do Estado e Associação Cultural de Mulheres Negras (ACMUN), o Centro de Cultura Negra, previsto para funcionar na esquina da Venâncio Aires com a João Pessoa, realiza suas atividades em salas emprestadas ou alugadas.

“Por onde é que eu começo”, se pergunta Elaine Oliveira, uma das encarregadas da ONG, tamanhas as dificuldades que enfrenta para oficializar a instituição. “Estamos tentando um horário na agenda da governadora, que garantiu apoio antes da eleição”.

A primeira providência a ser tomada é a publicação no Diário Oficial da concessão do prédio – há cinco anos desocupado. “Sem essa ação, não podemos pedir ligação da rede elétrica”, expõe. O prédio ainda precisa de pintura interna, instalação de forro e reparos nos banheiros.

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