Restauração provoca descoberta de artista

Naira Hofmeister

Já começa a repercutir a recuperação das três grandes pinturas expostas no saguão do IE. Lançado em janeiro, Artes plásticas no Rio Grande do Sul: uma panorâmica traz um artigo assinado por Suzana Gastal que narra brevemente a trajetória de Augusto Luiz de Freitas, criador de A Chegada dos Açorianos e A Tomada da Ponte da Azenha. “É a primeira vez que seu nome consta em um livro sobre história da arte gaúcha”, comemora a executiva do projeto e ex-aluna do IE Amélia Bulhões.

O livro registra Freitas como um dos primeiros artistas nascidos em solo gaúcho e coloca seu nome ao lado de Pedro Weingartner, Leopoldo Gotuzzo e João Fahrion. O artista era natural de Rio Grande, onde nasceu em 1868. Filho de português, viveu a maior parte da sua vida na Europa e morreu na Itália, aos 94 anos.

As razões para o exílio

O livro narra uma das prováveis razões para o exílio voluntário de Augusto Luiz de Freitas. Em 1917, professor da Escola de Artes, ele cria as exposições anuais dos alunos e propõe o uso de modelos vivos nas aulas. “Essas propostas o levaram a indispor-se com o diretor Libindo Ferrás e a se demitir, retornando à Itália”. Depois disso, só volta ao Brasil justamente para colher elementos que dariam origem às duas pinturas gigantes encomendadas por Borges de Medeiros. Em uma carta doada pela neta do artista, Laura Alhaique, que vive na Itália, Freitas faz um balanço de sua trajetória, aos 90 anos, destacando o trabalho que está no Instituto.

“Minha produção, durante toda a minha vida, é de cerca de dois mil quadros. As telas de maior vulto são: a grande cúpula do Pavilhão do Brasil, na exposição de Turim, em 1911, e os dois grandes quadros históricos representando o combate na ponte de Azenha em 1835 em Porto Alegre, célebre episódio da Guerra dos Farrapos; e os açorianos chegando ao Rio Grande do Sul”. Mas como também se lê em seu texto, as notícias do Brasil foram tão escassas que ele morreu sem saber que as telas não foram para o Palácio do Governo do Estado.

Biografia a ser escrita

Apesar de significantes, ainda são escassos os dados sobre a vida e a obra de Augusto Luiz de Freitas, lacuna que a Associação de Ex-alunos que preencher. “Estamos pesquisando sua biografia para dar-lhe o reconhecimento merecido”, relata Amélia.

Admiradora do cuidado com que Freitas executou as obras, a restauradora Leila Sudbrack não poupa elogios ao trabalho do artista. “Graças aos seus conhecimentos técnicos, seriedade e competência, A Tomada da Ponte da Azenha sobreviveu aos maus tratos”.

Exposição pelo mundo

Uma mostra itinerante com o relato do restauro feito através de fotografias vai percorrer as escolas do Rio Grande do Sul em 2008. “A neta de Augusto Luiz de Freitas também se comprometeu a levar a mostra para a Itália”, anuncia Amélia. Um livro também será editado para contar a odisséia do projeto.

Falta verba

A mostra itinerante e o livro, assim como os retoques de A Chegada dos Casais Açorianos – a maior e última tela a ser restaurada – deveriam estar concluídos no início de março, mas os repasses dos patrocinadores estão atrasados.

A iluminação especial de museu e as novas molduras também não foram adquiridas e nem mesmo os técnicos da equipe de Leila receberam todo o dinheiro prometido. “Faltam pelo menos R$ 150 mil”, informa Amélia. Com isso, a festa da conclusão das obras só deve acontecer em abril.

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