Naira Hofmeister
Já aconteceram três encontros do Conselho de Segurança do Bom Fim em 2008 sem que nenhum encaminhamento prático fosse realizado. O problema continua sendo a falta de assiduidade nas reuniões, que acontecem sempre na segunda terça-feira de cada mês.
À exceção do presidente, Alexandre Schüler, nenhum outro participante compareceu a mais de um encontro. “Não desanimo. O importante é que as pessoas saibam que podem me encontrar aqui”, acredita, otimista. Os órgãos de polícia, que deveriam mandar representantes, também não aparecem apesar dos comunicados regulares. “Vamos ver se eles respondem em abril”, torce Alexandre.
Tampouco as urnas espalhadas pelo bairro e o e-mail do conselho recebem adesão dos moradores. “O proprietário da Cronk’s, Bernardo Arenzon, brinca comigo dizendo que, a julgar pelas urnas, tudo vai muito bem pelo bairro”, relata Alexandre Schüler.
A ausência das associações de moradores é criticada. “Onde estão nossos representantes?”, questionavam duas senhoras na reunião de março. “De fato nem eu nem meu vice estamos comparecendo às reuniões”, admite Jairo Werba, presidente da Associação de Amigos do Bom Fim. A sede da entidade, no Mercado Bom Fim está fechada desde a morte de Isaac Ainhorn, em 2006.
O presidente desconhece o estatuto da entidade e não sabe quando serão convocadas as próximas eleições. “Tudo o que eu quero é entregar o cargo, já que nem moro mais no bairro”, confessa Werba. Enquanto não se define a sucessão de Werba, quem responde pela entidade é o jornalista Milton Gerson. “Vamos retomar as atividades no Mercado Bom Fim em breve e a primeira providência será eleger um novo presidente”, prometeu. Milton confirmou presença na reunião de abril.
A mais recente representação do bairro, o Bom Fim Vive, criado em 2007, limitou sua atuação na defesa de uma suposta fonte na Felipe Camarão. “Concordo que estamos sem liderança e me candidato à isso”, entusiasma-se Renato Lopes, criador do movimento. Ele garante que vai estar na próxima reunião e que levará todos os vizinhos. “A coisa aqui está séria, ninguém toma a iniciativa e o bairro está abandonado”, critica.
Sem nenhum outro fórum para debater questões comunitárias, problemas com o comércio no bairro, lixo nas calçadas, permissão para criar cachorros em prédios ou o trânsito cada vez maior nas ruas do Bom Fim mobilizam as duas horas de reunião do Conselho de Segurança. “No caso das questões que fogem ao nosso alcance, procuro sempre orientar as pela minha experiência de cidadão. Mais que isso, não dá”, lamenta Alexandre.
Exemplos de temas a serem debatidos nas reuniões não faltam. Batata quente que passa das mãos do poder municipal para a iniciativa privada, o entorno do Araújo Viana virou ponto de comércio de drogas. “Acabou a paz que tínhamos nos passeios com os cachorros”, alertam alguns freqüentadores, que para se protegerem, só andam em grupos.
“Só podemos fazer alguma coisa se houver maior interesse dos moradores do bairro”, clama o presidente. A próxima reunião é dia 8 de abril, às 20h, na Sociedade Hebraica, na João Telles, 508.

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